quinta-feira, setembro 29, 2005

ACABOU

Conseguiram até me deixar doente.

Para não dizer que eu simplesmente fechei as portas sem maiores explicações, está aqui o registro para os próximos sete dias.

Da minha vida só eu sei, e alguns poucos amigos também.

Não preciso deste tipo de baixaria comigo, simplesmente me recolho no meu canto.

Aos que participaram (todos, sem distinção) disso aqui, os meus sinceros agradecimentos.

Simplesmente aboli a internet com este fim para a minha vida.

Não esperem mais respostas de minha parte.

Quem me conhece de verdade sabe onde me encontrar, simplesmente pelos meios de comunicação mais convencionais.

Adeus.

Sem dramas.

terça-feira, setembro 27, 2005

A Indústria Não Pára – II



Somente um festival de médio para grande porte poderia trazer o Nine Inch Nails para o Brasil. A banda de Trent Reznor nunca foi devidamente assessorada por essas plagas, visto que, dos seus cinco álbuns (sem contar Eps e discos de remixes), apenas o deste ano foi realmente lançado por aqui – “Fragile” (1999) saiu em edições importadas (o olho da cara) pela gravadora, “Broken” (1992) recebeu versões em CD e vinil tão difíceis de achar que parecem ter sido importadas também, e “Pretty Hate Machine” (1989) e “Downward Spiral” (1995) simplesmente passaram batidos. Ser fã brasileiro do NIN requer suados dólares convertidos em real. Mas você pode disponível relativamente fácil um DVD (em versão nacional - o fominha aqui não esperou e comprou o grindo antes de sair por aqui) deles e ter uma prévia do tal show a ser realizado no final de novembro.

“And All That Could Have Been” registra o NIN no auge de sua popularidade nos EUA, durante a turnê de “Fragile”. E, pela lotação do lugar (a média foi de 10 a 25 mil pessoas a cada data), fica difícil saber como que bandas como eles e o Tool (que também é mega por lá) sejam tão populares. Para o gênero industrial, o NIN bem que injetou letras mais consistentes e canções assobiáveis, mas o tom geral é sombrio e sem parentesco com nada que se resvale em algum padrão de “top 40”. O espetáculo visual apresentado neste DVD por si só é de encher os olhos, mas as figuras pouco simpáticas de Trent Reznor, Robin Finch, Danny Lohner e cia. não contribuem muito para uma identificação mais popular. Portanto, fica apenas, para tentar deduzir algo, o excelente registro audiovisual de vocação “search & destroy” cuidadosamente ensaiada que o NIN sabe muito bem fazer. O grupo executa suas canções de maneira muito mais energética que no estúdio, transpondo a própria eletrônica massiva para uma espécie de de/re-construção ao vivo, com direito a muitos sintetizadores sendo tocados com a intensidade de um guitarrista batendo cabeça. Reznor dá seu showzinho particular jogando ao chão alguns teclados de milhares de dólares, como que se quisesse enfiar o dedo na cara daqueles que acreditam que show de música eletrônica é só alguns caras apertando botões devidamente pré-programados (a maioria é isso mesmo, diga-se...). O Brasil vai ver um ótimo show. Será que vai ter público aqui para eles virem sozinhos algum dia?

Se Sin City tivesse gerado uma banda, esta teria o nome de My Life With The Thrill Kill Kult. O que, a princípio, era para ser a trilha de um filme que misturava trash B e noir, acabou se transformado numa banda que carregava o nome do próprio filme, que nunca fora lançado (era para ter sido em 1985)! O que ficou foi aquele clima de cabaré anos 40, vozes masculinas roucas e sussurradas, vocais femininos lascivos, metais nonsense, guitarrinhas safadas e um maquinário electro/industrial eficiente para dar coesão nesta mistura. O Kill Kult evoca imagens de carrões de mafiosos e de pin ups provocantes, que se encaixariam como uma luva para a já clássica filmagem dos HQs de Frank Miller. Ouça sem contra-indicações os álbuns “Sexplosion”, “Hit, Run & Hollyday” e “Reincarnation of Luna” e entre neste clima.

Os momentos mais sangrentos de Sin City bem que poderiam ter sido acompanhados pelos retardados/industrialistas/metaleiros do KMFDM. Trafegando numa linha bem estreita que os separa do som praticado pelo Kill Kult (surgido praticamente na mesma época), este agrupamento alemão multirracial também aposta em climas de noir e terror B acompanhados por vozes femininas, mas investe numa versão heavy metal disso tudo, com direito até a solos de guitarras típicos dos headbangers da terra do chucrute. “WWIII”, seu mais recente petardo, pouco acrescenta à sua extensa discografia (desde 1985 é um - ou mais - álbum por ano), mas mantém a tradição de refrões divertidos, porradarias de guitarras aqui e ali, batidas dançantes a rodo, e muita diversão movida a HQs – vide as suas capas. Aliás, algumas definições sobre o significado da sigla “KMFDM”, segundo eles próprios, podem ser “Kill Mother Fuckin’ Depeche Mode”, ou “Kylie Minogue Fans Don’t Masturbate”. Nem sempre o som industrial é sinônimo de postura séria e sisuda para com o mundo.

*Sin City também poderia ter Stray Cats, Social Distortion, Revolting Cocks, Autoramas, Anal Cunt... Realmente faltou apenas aquela trilha bombástica para o filme, mas mesmo os temas incidentais são perfeitos. Alguns sons são “trilhas sonoras” não-filmadas. Isso rende outro post...

segunda-feira, setembro 26, 2005

Os Ícones do Funk Carioca


A Cavalera assina o figurino de Tati Quebra Barraco! Será que ela conseguirá se manter como artista do pancadão por mais uma temporada?
Foto e notícia neste site


Não existem ícones no funk carioca. Desde que eu freqüentava as noites dance da extinta boate Zoom, por volta de 1991, que vejo indo e voltando alguma “onda do funk carioca”, algumas mais intensas, outras menos bombásticas. Atualmente o tal gênero musical ocupa um destaque nunca antes visto, com os gringos postos a balançar suas bundinhas e com direito até mesmo a uma musa estrangeira chamada M.I.A. - cotada com “grande atração” para o próximo Tim Festival. O funk carioca virou “símbolo da cultura brasileira” lá fora, com alguns MCs cantando em noites cult dos gringos e sempre assessorados pelo onipresente DJ Malboro. E aí que a porca torce o rabo. Não adianta assoprar, vai arder mas não vai gozar dentro: o funk carioca é das equipes de som de bailes e dos DJs/produtores. Ou você vai conseguir enxergar algum destes/destas MCs 12 meses depois produzindo discos próprios e dando continuidade em suas, digamos, carreiras?

Uma excelente reportagem publicada em 1995 no Jornal do Brasil já dava pista: os MCs vão, e os donos de bailes e produtores (os “DJs”) ficam... com toda a grana! Dez anos se passaram desde então e você se lembra de algum MC daquela época? Claudinho & Bochecha, honrosa exceção, chegaram a optar por mais consistência musical, investiram também no charm (versão r&b do pancadão) e poderiam estar aí na mídia até hoje, não fosse a morte de um deles. Atualmente o nome de Tati Quebra Barraco perdura por árduos dois anos. Ela virou a popstar do funk, presença garantida em “noites culturais brasileiras” na gringolândia. Carisma e irreverência a Tati possui de sobra para reinar neste segmento – os gringos descolados até a chamam de Peaches tupiniquim! Será que ela vai perdurar? Ou será que ela seguirá o fim comum de tantos(as) MCs do pancadão, que venderam suas almas em contratos assinados com os tais donos de bailes e DJs-produtores? A mesma reportagem do JB alertava para esta situação. E, hoje, parece que nada mudou.

Há alguns posts atrás, eu havia dado um braço a torcer e passei a respeitar o funk carioca na sua autenticidade como “música eletrônica brasileira”, apontando o meu interesse num gênero musical novo (o minimal techno) como uma justificativa para tal cessão de barreiras de minha parte. Tal respeito neste ponto ainda prevalece. Mas não consigo ainda enxergar alguma marca definitiva, algum nome forte que possa, enfim, fazer do funk carioca algo mais consistente do que mais uma onda passageira e que só enche os bolsos das mesmas cartas marcadas. Tomo como referência a música brega produzida no Norte e no Nordeste do nosso país. Grupos que misturam forró, Caribe, house, funk e Jamaica tudo no mesmo caldeirão, que lançam discos de sucesso a cada 12 meses, e que são adorados por uma parcela da população que o resto do Brasil prefere desprezar com o já citado rótulo de brega - o mesmo que tais artistas ostentam com o maior orgulho. Estes criaram - e continuam criando – suas marcas e seguem firmes e fortes tocando até para aldeias indígenas. É isso que falta aos MCs de funk carioca.

Os tais MCs são marionetes de produtores de bailes e de estúdio que lançam coletâneas com os “sucessos da hora”. Dificilmente você verá nas lojas algum álbum inteiro de um único artista de pancadão. Os tais antropólogos-de-plantão, que adoram filosofar em torno do tema, poderiam instruir suas fontes de pesquisa a tomarem partido de uma carreira mais consistente, de optarem por seguir um caminho que chegue a pelo menos num álbum inteiro. Aos produtores de bailes e de estúdio só lhes interessam o rodízio interminável de MCs desbocados - e também desafinados e desinformados. Ganham-se rios de dinheiro com a ignorância alheia, pois é muito fácil para eles ludibriarem o pobre com doses de uísque gratuitas e algumas notinhas de cem reais no bolso. A grande queixa daqueles que, com eu, gostariam que o funk carioca fosse melhor produzido para que este evoluísse musicalmente, simplesmente se torna uma utopia de fins inatingíveis. Os gringos e os formadores de opinião adoram valorizar a tosqueira do pancadão pois, afinal, é “música autêntica de preto, pobre e favelado brasileiro”. Estes mesmos intelectuais utilizam do funk carioca como atividade de filantropia com fins lucrativos. E que fique bem claro que os lucros serão divididos entre os donos de bailes, os DJs-produtores, e os intelectuais que poderão vender suas teses sobre o assunto para editoras em busca do sucesso imediato. Aos pobres, pretos e favelados, os devidos 15 minutos de fama e de volta para o seu cafofo!

segunda-feira, setembro 19, 2005

A Indústria Não Pára – Parte I

Eis aqui algumas resenhas de discos de um gênero que curto pra cacete, que é o industrial. São discos mais recentes (posso ter perdido o bonde, talvez, pois não ouço muita coisa nova nós últimos 12 meses) de alguns ícones deste estilo e que, para quem me conhece, não teria o porquê de eu não escrever sobre no meu blogg.


Al Jourgensen está cada vez mais parecido com Lemmy Kilminster em sua trajetória. A comparação pode soar esdrúxula, mas vamos aos fatos. Lemmy começou sua carreira numa banda viajandona (Hawkwind) e fez do seu Motorhead uma pioneira - e nada a ver com seu antigo grupo - fusão da velocidade do punk rock com o peso do heavy metal setentista, o que acabou por apontar as diretrizes do que viria a ser o thrash metal. O líder do Ministry também começou praticando um som bem diferente (o technopop) do que viria a fazer a fama de sua banda, fundiu eletrônica com heavy metal como nunca antes e influenciou várias gerações posteriores nesta mistura. Ambos são beberrões (mais o Lemmy) e junkies (mais o Jourgensen) inveterados, buscam influências tradicionais (rock and roll anos 50 – Lemmy, country music – Jourgensen) ao invés das modas de última hora, e seus últimos discos apenas reafirmam suas fórmulas consagradas... e continuam botando pra foder sem perderem suas majestades – ainda que reinem em territórios que agreguem poucos novos adeptos.

“Houses of Molé” marca os 25 anos do Ministry e segue pegando pesado (e se repetindo...) no formato consagrado em “The Mind Is A Terrible Thing To Taste (1989)” e “Psalm 69 (1991)”. Pelo menos é o que as faixas “No W”, “Worthless”, “Warp City”, “Waiting” e a desnecessária revisão de “TV Song” (de “Psalm...”) chamada “WTV 6” afirmam. É heavy/thrash metal de influência oitentista com refrões calcados no punk rock clássico - olha a influência clara de Motorhead aí! – misturados com programações eletrônicas e samples de diálogos de filmes e discursos políticos polêmicos, pois a temática do álbum gira em torno de narrativas sarcásticas (com influência direta de Jello Biafra/Dead Kennedys, antigo colaborador de projetos em conjunto com o Ministry) sobre Geroge W. Bush e as suas cagadas políticas (segundo Jourgensen). Nestas faixas o Ministry joga em um time que já ganhou vários campeonatos e que hoje só leva às arquibancadas aqueles torcedores que insistem em reverenciar glórias passadas.

É na outra metade do disco que reside o lado letal e inovador que Al Jourgensen (agora sem seu parceiro por 20 anos, Paul Barker) acaba sempre injetando em seus álbuns. Tal veia vem sendo exposta desde os mal compreendidos “Filth Pig (1995)” e “The Dark Side of Spoon (1999)”, onde a velocidade travou, os graves do contra-baixo pesaram e influências aparentemente desconexas de gothic rock, country, jazz, dub e rock psicodélico surgiram em meio ao pesadelo apocalíptico típico da banda. Em “Wored”, “WKYJ”, “Worm” e a faixa-sem-nome escondida no final, surgem vocalizações limpas e sem distorção, melodias e refrões épicos, bandolin, gaita/harmonica, hammond B3, sax e percussão, tudo isso sem destoar nem um milímetro da marca que o Ministry criou. “Houses of Molé” é um disco de uma banda que já não se encaixa mais em nenhuma categoria musical “atual”. Apenas segue seu rumo sozinha produzindo boa música e sem dar a mínima para o que está à sua volta. Igual ao Motorhead!



Esta onda de comebacks dos anos 80 parece não ter fim. Alguns nomes dos quais eu até curtia vêm resolvendo voltar lançando coletâneas ou discos ao vivo junto com DVDs que juntam material antigo com apresentações constrangedoras (barrigudos, calvos, grisalhos ou, pior, vestindo as mesmas roupas ridículas daquela época) registradas nos dias atuais. Graças aos céus que uma das minhas bandas preferidas de todos os tempos não caiu nesta armadilha e resolveu voltar à ativa com um álbum totalmente inédito e apontando para o futuro – como, aliás, sempre o fizeram. O Skinny Puppy acabou em 1996 por conta da morte (por overdose de heroína) de um des seus três integrantes, Rudolph Goethel. Os remanescentes Cevin Key e Nivek Ogre decidiram pôr fim à banda não só pela fatalidade ocorrida mas também pelo desgaste pessoal entre os dois. Há de se apontar que o SP nunca habitou mainstream algum, fato este que invalida qualquer tipo de oportunismo em torno de sua volta, pois a banda é e sempre será underground pelo simples fato de seu som não ser digerível para qualquer um. Que o digam membros de bandas muito mais famosas como Tool, Static X e Nine Inch Nails, que sempre apontam o trio canadense como influência marcante, mas que na prática isto não seja tão perceptível em suas músicas.

O Skinny Puppy criou um universo musical próprio, que no início agregou a postura punk e barulhenta dos industrialistas (e conterrâneos) do Cabaret Voltaire e o som EBM pesado e dançante do Front 242. E transformou tudo em uma complexidade sonora única, onde o vocal e as letras de Ogre se casavam perfeitamente com os ritmos e climas criados por instrumentos acústicos e digitais manipulados por Key e Goethel. A descrição soa simplória, mas é preciso ouvir com atenção e se desprender de conceitos musicais pré-estabelecidos para compreender a espantosa pluralidade musical - a mesma que acaba por definir o reconhecimento da faixa mais hardcore à mais etérea como algo instantâneo à marca do SP. Por uma dessas ironias do destino, o álbum de retorno da banda é bem, digamos, pop, com direito a estruturas melódicas mais convencionais. “The Greater Wrong of the Right” acaba se tornando uma ótima porta de entrada para este universo, pois sua música está realmente mais acessível.

Os projetos paralelos de Key (Download, Tear Garden, etc.) e Ogre (OhGr), levados à cabo após o fim da banda, definitivamente influenciaram a sonoridade deste álbum. Ogre está cantando de forma mais melódica e quase não utiliza distorções em sua voz, enquanto que a parte instrumental ganha em sofisticação e investe mais em ritmos do que nos habituais climas sombrios. “I’mmortal”, que abre o disco, é um ótimo exemplo: batida sincopada, guitarras recortadas e vocal limpo com refrão marcante – um autêntico cyberpunk, assim como soam também “Pro Test” e “Empte”. Faixas como “Ghost Man”, “Useless” (com Danny Carey, do Tool, arregaçando na bateria) e “Goneja” investem em climas mais sombrios mas ao mesmo tempo possuem melodias e refrões que as aproximam de algo como um mix de rock gótico e de arena. Esta verve surpreendente para a banda permeia todo o resto o disco. Eu particularmente ainda considero “Vivisect VI (1988)”, “Too Dark Park (1990)” e “Last Rights (1992)” os clássicos da banda. Mas “The Greater Wrong of the Right” vem logo em seguida, justamente por não ter feito do Skinny Puppy mais uma armação nostálgica e ter apontado para novos caminhos.

sábado, setembro 17, 2005

Pecado Americano

Demorei, mas fui! As referências eram ótimas, pois quem havia odiado a parada era gente viciada no esquemão, que precisa de ver início, meio e fim contadinhos como se fossem histórias para criança dormir. Fui assistir a Sin City no cinema da Glória, em Vila Velha, um local mal iluminado e fedendo a poeira e com gente esquisita te olhando torto – era o noir me envolvendo antes de presenciar de fato o tal filme. Sin City é legal pra cacete! Não sou cinéfilo, mas também não engulo qualquer coisa. Saí satisfeito e querendo mais. Os climas, as histórias, os exageros, a estética (o que era aquilo?!?), um Mickey Rourke horrendo (e roubando o filme) e muito sangue fluorescente. Há vida inteligente no “cinemão” norte-americano. Mas o choque em si só assusta a quem, repito, precisa de ver tudo mastigadinho e pronto para ser digerido sem contra-indicações.

A tão propagada violência de Sin City, aquela que o gosto-comum dos viciados em blockbusters condenou – muita gente foi para ver “o filme do Bruce Willis”, é estilística, é aquela alegoria toda que Tarantino adora ver espirrar na tela que diverte e faz você pedir mais. Estupro, canibalismo, pedofilia, crimes de toda a sorte. O universo da Cidade do Pecado transposto para a tela do cinema assustou e provocou repulsa no público em geral, mas este – o “público em geral” – não sabe uma fração do que pode ser realmente indigesto. Não vou aqui me meter a crítico de cinema, apenas descrevo o que gosto e o que vejo. E a violência nas telas em si não precisa ser explícita.

Eu gosto do implícito, daquelas situações onde você não daria nada no começo do filme e de repente elas te sufocam na cadeira do cinema até você pedir que dito cujo acabe. Há muita produção aí que não mostra uma gota de sangue e que te faz voltar para casa abalado com tamanha violência. Também seria muito fácil me resvalar no cabecismo intelectualóide gratuito e sair cuspindo na cara das pessoas que filme bom é filme iraniano e tal. O lance é saber separar o trigo do joio – e o cinema americano realmente produz muito pouca coisa que deixe algum tipo de marca em destaque na sua mente. Sin City é genial na sua proposta (eu amo a estética do noir!), mas a verdadeira violência e a crueldade do ser humano passam longe dos cinemas de shopping centers. Ela está lá no gueto das locadoras (“filmes estrangeiros” ou coisa do tipo) e em cinemas periféricos. Uma coisa não precisa eliminar a outra - dá para você tomar uma coca-cola num dia e também beber água natural da fonte no outro. Basta querer.