Dub War - Um som que conheci meio que por acaso (uma pequena e superficial resenha na Rock Brigade) e que se tornou um de meus favoritos de sempre e também o de alguns poucos interessados – seria uma cult band? Dub/ragga jamaicanos com o que havia de mais moderno no rock pesado de sua época (dez anos atrás). O vocalista Benji é um dos melhores de sua geração, uma improvável mistura (acreditem!) de Bob Marley, Michael Jackson e Corey Glover (Living Colour) a serviço de belas melodias e grunhidos raivosos. “Pain” e “Wrong Side of Beautiful” são discografias obrigatórias para quem quer ouvir boa música em forma de algo original. E o disco de remixes dos caras, “Step Ta Dis”, é o que vem me alucinando atualmente. Versões jungle/drum’n’bass/hip-hop/breakbeat (Aphrodite, Mo’ Wax, DJ Rap, entre outros) ferradonas e com particularmente uma obra-prima da reconstrução de uma música: “Silencer”, que se transformou num dub/funk com baixão na frente, órgãos hammond no fundo, uma interpretação vocal de arrepiar, tudo isso realçando a beleza de uma canção numa versão que supera a original!*A propósito, o Dub War acabou e voltou na forma do Skindred: nu metal à Slipknot liqüidificado numa nuvem de fumaça jamaicana.
Sonic Cube - Música eletrônica para pistas de dança e sem vocais. Tem gente que só consegue gostar estando drogado. Tem gente que gostaria de ver este tipo de música morto e enterrado. Eu gosto tanto quanto qualquer “clássico do rock” que tem por aí. Fazer o quê? Este disquinho alemão é um som fino, bem produzido, trance/house progressivo dos bons, sem piques bombásticos nem melodias óbvias. Eu me emociono ouvindo este som no meu dia-a-dia. E não sou um robô!
Killing Joke - E pensar que eu tenho o “Night Time” há dez anos e só agora fui me dar conta de que se trata de um clássico do disco punk antes mesmo deste rótulo surgir. Fãs de última hora de Franz Ferdinand (banda excelente, diga-se) poderiam escutá-lo junto com outros álbuns de Talking Heads, Psychedelic Fürs e Gang of Four para aprenderem mais sobre suas origens. É aquele sabor oitentista cujas melodias singulares grudam na mente de imediato porém desprovidas daqueles arranjos plastificados típicos do pop da época. A propósito, a faixa que encerra o disco, “Eighties”, é a fonte de um dos maiores plágios da história da música. Kurt Cobain inclusive pagou aos caras do KJ para não ter maiores problemas...
Red Snapper, Thievery Corporation e Nightmares on Wax - Sabe aquelas vertentes de música eletrônica típicas de publicitário metido a bacana que o mané do Luciano Huck divulga no seu programa? Pois é, aqueles rótulos chiques tipo lounge/chill out/nu jazz podem lhe provocar cefaléia se combinados com a inevitável tríade sempre sugerida de canapés/champagne/vernissage que embalam o imaginário deste tipo de gente. Pois fique sabendo que, apesar disso tudo, existe uma turma que faz música que presta neste terreno. Climas de acid jazz, vocais femininos doces e abafados, ruídos de vinil (o velho é moderno, saca?), blips e póings aqui e ali, scratches e um bom gosto absurdo estão contidos no pacote musical que Red Snapper, Thievery Corporation e Nightmares on Wax sabem produzir de forma magistral. Vá para Ibiza com estes discos na mala e mande o Luciano Huck se foder!
Yazoo, Shrieckback, Ultravox, Yello, Human League... – Quer electro? Vá direto à fonte! Este gênero musical surgiu nos anos setenta, tomou sua forma definitiva (o technopop) nos anos oitenta, caiu no ridículo nos anos noventa, e ressurgiu ultracaricato no começo desta década sob o rótulo de electroclash. À primeira ouvida, taxei esta onda atual como uma porcaria apelativa e mal produzida propositalmente. Hoje o electro atingiu maturidade e rosto próprios, pois os climas retrô e modernos se misturam saudavelmente e acabam produzindo resultados arrasadores tanto nas pistas de dança quanto no cd-player de seu quarto. Os bambas atuais do estilo só saem perdendo quando tentam se equiparar à força melódica de seus pais (tios? avós?) dos anos oitenta. Coloque “Emerge” (do Fischerspooner) ao lado de “Situation” (Yazoo) ou “Don’t You Want Me” (Human League) e comprove. É covardia. *Não preciso nem citar gente como New Order, Depeche Mode e Kraftwerk, pois eles estão acima de qualquer rótulo.
Eu ainda estou ouvindo uns troços esquisitos que são novos para mim ou que ainda estou tentando entender há anos. Umas paradas tipo Laibach, Test Dept., Einsturzende Neubaten, Clock DVA, Cabaret Voltaire, DAF... Quem tiver paciência de monge tibetano lerá algo sobre estas coisas por aqui.
*Não estou com saco para colocar links em todos os sons e referências que citei neste post. Vá direto ao All Music e ao CD Now. Para quem (ainda) não conhece, o primeiro é uma fonte riquíssima e completa (a maior na web, que eu saiba) sobre praticamente todos os gêneros musicais existentes e contém discografias, estilos, resenhas e links. O CD Now eu utilizo para ouvir trechos das músicas dos discos consultados no All Music – eu acho quase tudo lá.

