quarta-feira, outubro 19, 2005

A Indústria não pára – Parte III: Os Góticos


Esta é galera que gosta de vestir um pretinho básico!
Imagem by: Diary of Dreams Official Website


O universo da música gótica sempre possuiu relações estreitíssimas com a galera do industrial, ao ponto de seus públicos se misturarem e se confundirem entre si. Vou abordar aqui algumas bandas que trafegam nesta linha estreita, onde os climas lúgubres se encontram com as máquinas pesadas. Como o verão está chegando, nada melhor do que ouvir sons gélidos e darkosos para espantar o suor!

Steve Albini é considerado o Mestre da Sujeira, aquele cara que faz as bandas mais selvagens soarem ainda mais primitivas, ao mesmo tempo em que todos os instrumentos são captados na sua mais pura beleza barulhenta e de forma incrivelmente nítida. Fez parte de combos radicais (nos anos 80) como Big Black e Rapeman, onde baterias eletrônicas toscas serviam de base para verdadeiros estupros sonoros. Como produtor, é sempre requisitadíssimo, tanto por bandas underground que queiram dar um tapa mais profissa na sua sujeira, quanto por bandas pop que queiram garantir uma moral para com a turminha alternativa – exceção honrosa ao Nirvana e o seu maravilhoso “In Utero”. Pois onde estava com a cabeça o Albini quando pegou para produzir uma banda gótica?!? O Userhouse, banda californiana por azar do destino (a californication teria produzido sua cria mais bizarra de todos os tempos?!?), é soturna, triste e sorumbática, querendo fazer nevar nas areias de Venice Beach. Pratica um mix excepcional de rock gótico tradicional (Bauhaus é a sua maior referência) com climas e sintetizadores sombrios (a face industrial), tudo isso misturado a guitarras sujas e pesadas – cortesia do humor de Mr. Albini na mesa de som. Ótimas canções estão registradas neste “Molting” (1994). É para bater a cabeça e se deprimir – e nada a ver com aquela xaropada do tal do gothic metal, por favor!

Existem bandas que são tão influentes em seus segmentos, que geram crias baseadas tão somente em algumas músicas específicas suas. É o caso do Sisters of Mercy, talvez a maior referência em termos de “som gótico” que vemos atualmente. O dinamarqueses do Diary of Dreams, por exemplo, se basearam única e exclusivamente na música “Flood” (ao meu ver, é claro), do clássico álbum “Floodland” (1987), da turma morcegóvia de Andrew Eldritch. A faixa citada criou um mix de electro/EBM/industrial bem pesado, junto ao seu estilo único de gothic rock, com os vocais de Andrew mais graves e fantasmagóricos do que nunca, e recheando tudo ainda com camadas de guitarras assombrando os canais de som. O Diary of Dreams, logicamente, não é uma repetição de uma nota só. Mas deve a sua alma sofrida a esta música. Edward Mãos de Tesoura iria cortar sua própria cabeça de alegria/tristeza com esta banda.

Outra banda mais do que influente ao pessoal das catacumbas é o Depeche Mode, que gera clones a cada esquina escura. Uma destas cópias começa a criar vida própria e a produzir um tipo de música cada vez mais especial: o Mesh. Mais guitarras, mais peso, mais melancolia - a banda adiciona também influências do Nine Inch Nails nesta mistura, tornando-os ídolos entre os guetos mais sombrios da Europa (seus discos nem são lançados nos EUA). Lembrando: eles fazem canções para cantar – e chorar – junto. Chega a ser pop – para os padrões de “O Corvo”, é claro.

A Alemanha é prolífica em matéria de música gótica. A quantidade de bandas apostando no lado negro da força que brotam de lá é absurda, com o termômetro de qualidade sempre batendo lá em cima. O Wolfsheim começa a se tornar grande entre os cemitérios alemães. Eles praticam uma mistura de rock gótico com elementos eletrônicos – peraí! Eu já vi este filme antes! Ok, tudo bem, eles não fazem nada de novo. Mas o som deles é lindo, porra! Percebe-se uma finesse, um bom gosto absurdo em suas melodias e arranjos. É belo, é encantador, é poeticamente triste e contemplativo. “Casting Shadows” (2003), com suas canções em alemão e inglês, é o disco perfeito para ouvir ao lado de sua musa gótica, bebendo vinho com sangue, chorando e sorrindo juntos ao mesmo tempo, observando a chuva cair pela janela.

Vomito Negro dá medo, a começar pelo próprio nome desta banda belga. Há uns oito anos atrás, encomendei o maravilhoso álbum “A New Drug” (1990), através de uma difícil conexão européia (o cd veio escrito “made in Austria”). Paguei caro para me assustar! O estilo desta banda remete diretamente à EBM clássica pois, afinal, este gênero musical partiu dos conterrâneos do Front 242 que, em 1981, criaram uma cena local fortíssima. Pois bem, o Vomito Negro (o nome é esse mesmo!) partiu da citada “EBM clássica” para costurá-la com alguns dos climas mais soturnos que se têm notícia - usei até em trilha de história de terror na faculdade! Já o álbum “Wake Up!” (1992 – tenho em mp3), é mais voltado à EBM, mas igualmente poderoso. Ouça e vomite negro!

*Ainda poderia falar de nomes excelentes nesta linha como Clan of Xymox, Alien Sex Fiend, Kovenant (um ex-black metal) e Mortiis (idem). Muita escuridão acabou por me dar vontade de ir à praia tomar um sol e ouvir ons mais alegres!

**Eu ODEIO esta praga atual chamada de gothic metal. Nesta linha, fico só com os clássicos de Type O’Negative (“Bloddy Kisses” e “October Rust”) e Paradise Lost (todos os discos, inclusive os mais atuais!). Estou ficando velho e resistente a estes modismos dos dias de hoje, hehehehehehe...

14 comentários:

Kalunga disse...

Sai fora, vírus de uma figa!

Kalunga disse...

Pior do que ninguém comentar nada é receber estas pragas via vírus de internet.

Mentor disse...

Caralha Kalunga, vc saca muito desse tipo de som... não tem como trocar idéia, é só aceitar a informação e pronto... buscar essa referências e ter um opinião.

É lógico, que eu conheço o paradice, o type o', o nine, o depeche e coisa e tal... mas não ao ponto de ter uma opinião crítica formada... eu já ouvi... gostei e tal... mas não tenho dados (informações/críticas musicais) sobre tais.

Porém, tenho algumas passagens, tipo: aquela estória assombrosa que a gente adaptou para rádio com um bg do Vómito Negro, choro de criança, respirações e gemidos... sons de corrente e a introdução de James Brown... ficou foda!

Kalunga disse...

hehehehehe...

Mentor, vc era testemunha ativa daquela história de terror! Aquilo ali dá medo, hehehehehe...

Sobre os outros sons, é tudo pesquisa mesmo. Assim como vc pesquisa sons que mais se identifica. No mais, eu estou é precisando pesquisar mais, pois parei em 2003...

Anônimo disse...

caralho... James Brown com Vômito Negro?????????????????????????????????????????????????????????????????

CRUZZZZZZZ...

DJs Infernaizzzzzzz...

Posta aê a estório de horror, pelo mesno a sinospse, Kalunga,...

Pra não dizer que o HORROR EM GUAÇUÍ foi a única...

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

TCo, o DJ recalcado pelo interiorrrrrrrrrrrrrrrr

Anônimo disse...

serpa q meu treclado estrá tlocando rettas???

Kalunga disse...

Turco, esta história de terror deve estar arquivada com o Rolo ou c/ o Mentor.

Realmente, este mix de Vomito Negro c/ James Brown foi de uma saca inusitada digna de seus remixes, hahahahahaha!!!

***

Meu sonho é poder tocar estes sons aí do post numa pista de dança.

Já o fiz algumas vezes...

Olha, isso vem de dentro de minha alma!

Anônimo disse...

e então, quem vem pro NIN aqui na Cidade do Rock? tô sabendo que TCo e Paulinho vão ficar lá em casa! hehehehe... ainda cabe mais gente! mas não muita! então Kalunga, confirma aê meu velho!!! manda email pra mim:

ledbrasil@gmail.com

abração!!!

PS: além de NIN, tem tb Sonic Youth, Iggy Pop & The Stooges, Flaming Lips, Suicidal Tendencies e mais alguns... será que vai ser bom?

Kalunga disse...

Porra Led...

nem falo nada...

Por enquanto eu não tenho a mínima condição de ir, mas ainda acredito em milagres!

Abração, meu brother!!!

Muito obrigado de verdade pelo convite.

Vamos ver até lá!

doggma disse...

E aí, tudo bom? Pode parecer meio clichezão (e é), mas achei o seu blog muito bacana e bem escrito, muito acima da média. Os lances de música, então... também curto muito os estilos baseados no gothic e no industrial. Esse show do NiN no Brasil será mesmo um marco para os fãs brazucas (sonhar não custa nada e quem sabe abre um precedente para o Ministry?).

Meus parabéns pelo ótimo trampo aqui e outros parabéns por, ao que parece, sermos conterrâneos. Eu moro em Vila Velha e também estou enfrentando o mesmo drama pra ir no Trent Reznor's Horror Show. Como diria o Galvão: "dramáático..." :)

Abraço!

Ps: achei o seu blog sem querer, procurando por comandos de html no Google, rs...

Kalunga disse...

Caralho!!!

Porra, meu amigo, muito obrigada de verdade pelos comentários, pois realmente é bem difícil topar com alguém por aqui (no ES) que curta sta linha de som.

Fique à vontade de participar e sja sempre bem vindo!

O "drama" do show do NIN está me matando, hehehehehe...

Paciência, eu já perdi também o Front 242, mas fui ver os Young Gods. Uma mão tem que lavar a outra!

Abração!

*A propósito, estou armando uma festa de sons góticos e industriais na Matriz (www.umtriz.com.br/matriz), aí em VV. Só estamos esbarrando na possibilidade de não aparecer ninguém...

Anônimo disse...

Nussa, se estiver por aqui eu vou (já tem um pagante quase garantido!)

Anônimo disse...

mandou bem nos classicos do que chamam gothic, esses sao muito bons msm.

Kalunga disse...

S. number 6, quem é vc??? é o Angel??? de qualquer forma, valeu pela presença!

***

Kate, quando rolar, teu ingresso estará na lista, pois vc é vip, ora pois!