quinta-feira, setembro 21, 2006

Dark Street Tour em BH Rock City


As Brumas de Outono se encontraram na Dark Street
Foto By: Kalunga


Mineiro é muito gente fina! Não é de hoje que meus amigos me falam isso, dos famosos rocks em Bêagá, de boa comida, papo bom, cerveja boa, farta e sempre gelada, uai! Papo tão bom este que rendeu convite para fazer minha festa The Dark Street Project na Terra do Pão de Queijo. Porra, pão de queijo! Tinha que comer um logo quando pisasse nas Minas Gerais, mas ficou pra depois. Pois é, quando pisei na capital das Gerais o visual até me lembrou São Paulo: muita ladeira, céu poluído, trânsito infernal, ar seco... Rapaz, as semelhanças acabam por aí e lendo o texto vocês saberão o porquê! Cheguei às 18 horas de quinta-feira, hora do rush, com o Angel e sua mulher já me esperando na Rodoviária, e fomos pegando busão lotado (linha 1407), estilo Transcol, para a casa do Nilton, nosso cicerone – que por incrível coincidência encontrava-se no mesmo coletivo, voltando de seu trabalho. Já devidamente instalado no apê em São Francisco, rolou aquele banho providencial, passamos rapidamente para conhecermos a Casa Matriz (espaçosa, underground, com toda a estrutura – tudo isso junto nunca existiu no ES!), e partimos para o principal: cerveja! Cerveja esta que está sempre boa, farta e gelada!

A primeira cerveja boa, farta e sempre gelada rolou um barzinho na Savassi: cadeiras na calçada, lotado de gente de todo o tipo, tomamos Heineken em um linda e verde garrafa de 600 ml – nunca tinha visto!, comemos uma porção de 10 pastéis a R$ 2,50 (lembrem-se: a porção!), e começamos a perceber que tudo em BH é mais em conta que em Vitória. Estão vendendo uma imagem exagerada de “qualidade vida” que na verdade está encarecendo tudo na nossa Ilha-Província-Capixaba. E olha que estávamos na Savassi, a Praia do Canto os belorizontinos, pagando barato para beber bem, cerveja sempre gelada – porra, como é difícil tomar uma cerva nos trinques aqui em Vitória! E com os neurônios nos trinques que fomos panfletar a nossa festa em locais como A Obra e Up Club – locais pequeninos, no meio termo entre o charmoso e o tosco. A fome e o cansaço batendo, e lá fomos nós para o Centrão, forramos o estômago na tradicional cantina italiana La Greppia, 30 anos de história, aberta e lotada 24 horas, R$ 8,90 pra comer uma variedade deliciosa até cair. Só não rolou pão de queijo! E caímos de sono, pois no dia seguinte tinha mais.

O dia seguinte teve muito mais, pois fomos ao Mercado Central, mil comidas, temperos, cachaças, mais cervejas geladas e nos trinques. Comemos Comida Mineira (com maiúsculo e autoridade!) legítima no Casa Cheia, que fica no mezanino do Mercado. Rapaz, até a couve refogada deles é de uma divindade única! Da divindade para o inferno, pois tivemos que andar na rua torrando com 38 graus de um sol atípico (segundo os próprios mineiros) na moleira, tontos de tanto comer, e sem podermos dar mole de pedestre capixaba: quem anda a pé em BH não vale um tostão, pois o trânsito ali é dos velozes e furiosos. E fomos, velozes e furiosos, no Gol do Nilton, pegamos o brother Tatá (o cabeça do movimento gótico de BH, quando bêbado, parece um urso amigo e emotivo – figuraça!), e a dupla Fábio e Ricardo, da banda Lost Days (que iria tocar conosco – mais figuraças!) e partimos para darmos seguimento à saga de divulgar nossa festa em programas de rádio e de televisão. Da UFMG (cheia de histórias de estupros e assassinatos) à PUC, suamos a camisa (literalmente!) e cumprimos nosso papel. E partimos para a cerveja boa, farta e sempre gelada, desta vez no Maleta, um pico no Centrão, parecia até a Rua da Lama, com vendedores de cd pirata, amendoim, hippieces, mendigos... e com o que a nossa Lama produz com dificuldades: a porra da cerveja boa, farta e sempre gelada – Original na cabeça! Cabeças as nossas já meio lesadas, mas fomos para outro lado da cidade, num bairro mega-granfino chamado Belvedere, tudo isso para tomarmos um chopp divino no Krug Bier. Puta que pariu! A espuma daquele chopp (um de trigo, meio turvo e mais forte que todos) é alucinógena. E ainda rolou um vira-vira de tequila no final - R$ 6,50 a dose de Jose Cuervo Ouro, num bar, pasme!, numa área tipo Ilha do Frade... porra, capixaba paga o dobro nisso, e ainda não come pão de queijo decente, sendo que eu ainda não havia comido um!

Se ainda não rolou um pão de queijo, rolou uma gripe chata que veio com tudo pra cima de mim, como que uma punição por ainda não ter experimentado essa guloseima típica mineira. Arrastando carcaça, fomos novamente para a Savassi, onde fizemos um pit-stop no Bar do João, e depois fomos a uma galeria onde ficava uma loja de moda gótica e um stand de piercing e tattoo. Neste último, conhecemos o Johnny, veterano da galera que curte e produz som e festas no estilo EBM/industrial – era O Cara, pois sua banda, Cadaveria, era um mix de Ministry com Young Gods cantado em português! O bagaço da gripe me assolava, a fome idem, e acabei comendo num restaurante natural (Casa Natural) maravilhoso, enquanto que Tatá, Nilton e Angel foram se acabar num (mais um!) restaurante de Comida Mineira (maiúsculas, lembre-se!). Da comida para a cama, pois a noite era de festa. Festa Gótica!

A Festa Gótica – organizada pelo núcleo Brumas de Outono – em si não vingou o esperado. A enorme divulgação que saiu nos principais jornais de lá (Estado de Minas e Diário da Tarde), com fotos grandes e entrevistas, parece que rendeu inveja em outros núcleos semelhantes – e eu que achava que este tipo de coisa era privilégio de nossa grande cena capixaba. Não quis nem saber, toquei com vontade, fiquei de pé à base de vodka com energético e tudo de bom aconteceu. Estiveram presentes cabeças boas e influentes, que abriram as portas para que tocássemos quando quiséssemos em BH, e ainda por cima rolou um canal do caô aqui poder ter a chance de discotecar na Thorns – a maior rave gótica do país! Quem botou esta pilha foi a dupla do Lost Days, banda que mistura gothic rock e EBM, que fez um show destruidor na nossa festa, e que bebe pra caralho!!! Os dois figuras, lá pelas tantas, me revelaram o que o adjetivo pós-punk se transformou para eles. Era algo tipo o nosso capixabasso, hehehehehe... Só sei que no final eu já estava pós-punk decadente da porra, uai!

Decadente da porra no domingão e ainda não havia comido pão de queijo! Fome batendo e fomos nós na Savassi atacar um restaurante chinês do qual não me lembro o nome (excesso de shoyu na cabeça e na pança...) e que cobrava R$ 13,00 por cabeça para comer de tudo muito bom e sem parar. Em Vitória um restaurante desses iria dar briga, seria depredado, não daria certo, muito bom pra ser verdade. Verdade mesmo era tocar fundo para a Praça da Liberdade e seus bebedouros de água gelada, gente de todo o tipo em perfeita harmonia num Domingo no Parque mineiro, uai! Bagaço batendo mais forte, e nada do pão de queijo! Chegava a hora de arrumar as malas e ir embora. Bicho, ô terrinha de gente boa da porra! Não moraria lá, mas que voltarei sempre, isso com certeza! E o pão de queijo? Comi quatro de uma vez só, momentos antes de embarcar para Vitória. O pão de queijo de rodoviária deles faz o melhor dos nossos parecer borracha com goma de mascar. Acordei já em Vitória, meio perdido, chumbado e feliz. Quero voltar, uai!!!!

+ Fotos:
By Kalunga


DJ Angel (ES), meu parceiro na Dark Street, foi devidamente 'montado' pra festa. Sinistro...


Já pedindo arrego e água, junto com Fabio Riot, guitarrista do Lost Days (MG) e pós-punk pra caralho, hehehehehe...


Entre Nilton, nosso anfitrião, cicerone e faz-tudo de BH, e o Tio Chico


A banda Lost Days quebrou tudo no seu show!


O caô aqui pode dizer agora que já botou som em BH, hehehehe...
*Esta foto by Led Russo

19 comentários:

caio disse...

Kalunga, só vc mesmo, hahahahahaha!!!

Passa o post todo detonando Vitória e exaltando BH pra dizer no final que não moraria lá...

Hahahahahaha!!!!


E não vá me dizer que vc não fez isso!!!


Depois comento mais, tenho que trampar agora!!!


BH SEMPRE RULA!!!!!!

Agora vc sabe o que te falei tanto dessa cidade fodona.

Eu moraria lá fácil, fácil.

val bonna 665 >> 667 disse...

esse post poderia tmb estar no vol4 mas tudo bem. eu moraria com gosto por lá. adoro aquela terra, a hospitalidade e acredite, sabe este bar da savassi com Heineken 600 e a mega porção de pastéis? eu estive lá semanas atrás e os conhecidos que encontramos por lá quase nos espancaram porque aquele é um dos "piores antros" da cidade. foda-se! tem Heineken 600ml e pastel (mazomenos, vai!) por preço ridículo de tão barato. todos os demais butecos que fui (menos o Amarelim e da Cida) eram bem mais sujos e baratos que esse e ainda sim mais aconchegantes. quando voltar lá peça pra te apresentarem o CAIXOTE, aquilo sim é buteco bom, não tem cadeiras nem mesas, só caixotes. e lota. de povão e granfinada misturada. comida foda, cerveja gelada e cachaça da boa. putz, como eu amo aquela cidade.

Kalunga disse...

Hahahahahaha!! Caio, mas é por aí mesmo, hehehehe...

Bicho, minhas raízes estão aqui na Ilha mesmo, não tem jeito. Preciso do mar!


Eu ainda não fiz rock semelhante no Rio, pois talvez lá eu poderia morar, tendo em vista aquele marzão maravilhoso.

Mas posso dizer uma coisa: BH me seduz infinitamente mais do que São Paulo, por exemplo.

Valeu!

Kalunga disse...

Fala Bonna!

Porra, confesso que fiquei receoso de postar algo tão, digamos, feliz assim no V4, pois esta viagem significou muito p/ mim e não queria que aquela lama que andou rolando lá pudesse contaminar meu astral ou ser mal interpretado.

Bom, de qualquer forma, que massa que vc foi no mesmo buteco. Agora, este Caxote aí o pessoal de lá me falou dele, fiquei curioso.

Meu tour lá foi bem abrangente e, logicamente, não daria em quatro dias ver tudo. Mas vi de tudo um pouco.

valeu!

val bonna 665 >> 667 disse...

entendo perfeitamente a escolha, kalunga.

no meu caso nada manchará os dias inesquecíveis que passei lá.

caio disse...

E o rock no Escritório? E o Strummer? E o Sonic Volt? E aquele monte de orégano?


Hahahahahaha!!!!!

TCo disse...

Aê heim Kalunga???

POP STAR!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Mandou bem, cara. Continue bombando e foda-se o resto.

Kalunga disse...

Caio: orégano foi até demais no Escritório do Rock, hahahahahaha!!

Led: valeu pela força!

Turco: o PC tá na área!

Anônimo disse...

Sensacional, cara. Vou guardar seu texto pra seguir teus passos quando for a BH...
E dá notícias dessa Thorns, nunca ouvi falar e gostaria de ir.
Bjs

TCo disse...

Podes crer beeeeecho, vamos futucar esta máquina!

Sexta-feira depois do seu expediente?

Neste fds estarei em Vitória... Vamos aproveitar a ocasião.

Kalunga disse...

Fala Kate!

BH é massa e isso aí que falei é só uma fração do que tem de bom. Mas fui muito bem assessorado pela galera de lá.

A Thorns é a maior rave gótica do país, que acontece de uma a duas vezes por ano em São Paulo, reunindo, atualmente, cerca de dez mil cabeças. O contato foi com o pessoal do Lost Days (citado no post), e o pessoal da Thorns tem disposição de realizar intercâmbios. Se vc tem Multishow, aquele programa "Tribos" abordou os "góticos" uma vez e grande parte da matéria foi realizada numa edição da Thorns - e o programa vez ou outra reprisa.

Beijão!

Kalunga disse...

Turco:

bicho, sexta tá osso... quatro finais de semana trampando ou viajando p/ fora da cidade, e sexta eu vou fazer um rock com a patroa, hehehehe...

vamos tentar sincronizar os BPMs, pode deixar.

valeu!

Anônimo disse...

Sim sim, mas eu quis dizer: divulga aqui, vamos fazer uma caravana, vamos nesse troço que deve ser bom ainda mais que você vai tocar, nem tem como não ir...
Rsrsrs, como eu nunca tinha ouvido falar nisso? Deve ser a ausência de TV a cabo...

Bom finde pra nós!

caio disse...

RIO MAIS RULES AINDA!!!!

Anônimo disse...

ok, sou do time do caio, do Rio rulez. mas pela Lu (mesmo porque eu nunca fui a BH), Bh rula também. E, querem saber, Vitória e Cuiabá Rulam também... e Londres e Dublin e chega!

hehehe

taylor (agora com micro e net em casa)

Kalunga disse...

Fala Jabota!!

que bom que "Cuiabá rules" também!

pois é, agora que vc está devidamente conectado com o mundo, eu vou desconectar...

abração!

doggma disse...

Faaaaala Kalunga! Hooray!!

Cara, mal acreditei quando li este texto. Que rockaço! Eu também amo BH! E não sabia que a cena eletro/goth/dark/industrial/etc lá tava tão sinistra assim não. Vou até memorizar o nome dos points aê pra quando rolar uma eventual mineirada minha pras bandas de lá.

- Agora... frazesinha lapidar: "Savassi, a Praia do Canto os belorizontinos"... hahahah... :P

Quando ao post anterior, a Tarkus foi a bússola mais calibrada destas bandas. Principalmente há uns, putz, 8-10 anos atrás, quando tava no auge, com as filiais e tudo [só o que matava era o precinho]. Naquela época, em Vila Velha, tinha a Darkover, que era muito bacana também (e mais barateira e 'bootlegueira').

Este Dub War eu só conheci a partir do disco do Soulfly ("Prejudice" era uma das minhas faixas preferidas de lá)... muito legal mesmo. Conseguiu desenvolver seu próprio estilo sem ficar à sombra do Bad Brains. Atualmente, tem o Fear Nuttin Band, uma ótima banda nesta linha, com umas guitarradas à FNM só que mais puxado pro ragga. Vale a conferida.

Marilyn Manson... inteligente pacas o cabra. Calou a boca de muito neguinho naquele documentário do Michael Moore. O som eu curto também (pô, sempre curti as bases... Alice Cooper, Alien Sex Fiend, NIN, Eurythmics, glam setentista, então é natural), mas percebo uma certa obviedade do Antichrist Superstar pra cá.

Tool é ZoDa. É deles o melhor álbum de 2006 pra mim. E olha que a concorrência (ainda) tá acirrada.

16 volt só ouvi falar. Colocarei na lista aqui.

PWEI: grupo altamente empolgante que não teve o devido reconhecimento. Se bem que, reconhecimento por reconhecimento, foi só o EMF e o Jesus Jones lançarem seus melhores álbuns que as vendas foram abaixo e as bandas acabaram de vez. Essa época da cena indie dance de Manchester foi o bicho. Eu tinha uma fitinha de Stone Roses aqui que se magnetizou de tanto que ouvi. E tem nego que acha que o ecstasy virou moda de 2000 pra cá. :P

Aquele abraço, cara!

Kalunga disse...

Caralho, só agora fui ver teu coment Doggma!!!

Vamos lá:

BH - olha, gostei demais daquela terra. Mas a cena de lá tamb´´em sofre de intrigas, invejas e alguns provincianismos, segundo eles próprios. Mas é aquele negócio: conheci as pessoas certas, gente legal mesmo e que fez de tudo para que nossa estadia fosse boa - e isso foi o que mais importou!

Darkover: rapaz, como eu moro em Vitória, acabava na Tarkus mesmo. Mas já fui na Darkover e os preços ´lá eram um pouco mais em conta. O que importa é que estas lojas nos influenciaram pro bem, né não? Nos tempos de hoje, todo mundo se achando com cliques no mouse, a gente tinha que arriscar no escuro e este foi o motivo do post.

Fear Nuttin Band: caralho, tem outra banda na linha citada do Dub War?!? Porra, vou procurar já! E vou postar a indicação aqui, pois dou o devido crédito, hehehehe... inclusive vou postar sobre o "Volk", do Laibach, que vc me indicou e passou o link.

No mais, abração e seja sempre bem vindo!!!

Anônimo disse...

Por que nao:)