
Rob Zombie sem maquiagem é mais feio que o zumbi ao seu lado...
Lembram do Rob Zombie? É aquele mesmo, que parecia um misto de Beato Salú/Pedro de Lara com morto-vivo saído da série “Evil Dead”, e que promovia um mix bacana de rock industrial, cine trash e heavy metal. Pois é, o tempo, as cenas e o gosto-comum dos norte-americanos (sua terra-natal) transformaram-no em fumaça de despacho na encruzilhada, e o cara meio que foi esquecido nos pesadelos neófitos da garotada em prol de emossexualismos e bandas gótico-farofa de quinta. Meus caros amigos, mas a carreira do cara não era assim tão desprezível, a começar por sua antiga banda, o White Zombie. Tenho em casa quatro discos dele: “La Sexorcisto”, 1992 - metalzão dos bons, com influências sutis de industrial e hard rock (notadamente o Kiss); “Astrocreep 2000”, 1995 – radicalização eletrônica do som original da banda, mas pegando pesado em refrões poderosos e climas de horror B (também tenho o disco de remixes “Supersexy Swingin’ Sounds”, 1996, muito bom!); e sua primeira investida solo, “Hellbilly Deluxe” - uma continuação natural do último disco de sua ex-banda. Depois disso, deu no saco – pra mim e para o mundo. Parecia que o som dele não tinha mais pra onde correr. Mas, em pleno ano de 2006, resolvi baixar seu petardo mais recente, “Educated Horses” (2006), e chapei o coco!
A vinheta de abertura, “Sandwist In The Blood”, parece ter saído de algum dos filmes que Rob Zombie dirigiu – pra quem não sabe, o cara inclusive está mais envolvido com produção e direção de filmes de terror B atualmente do que com sua própria banda. “American Witch” vem a seguir com uma pegada hard rock/heavy metal que só poderia vir da mente de alguém que sabe que o metal não surgiu com Korn e Linkin’ Park. “Foxy Foxy”, com sua levada dançante, efeitos eletrônicos e refrão pop pode indicar que nada mudou desde “Hellbilly Deluxe”. Ledo engano: Zombie está cantando com voz mais fina e menos agressiva, totalmente glam, e a viagem a seguir vai fundo na highway to hell. “17 Year Locust” tem aquela pegada stoner-metal estilo Corrosion of Conformity. “The Scorpion Sleeps” parece Gary Glitter numa dança de cadáveres. A vinheta “100 Ways” abre caminho para o heavy-rock acelerado de “Let All Bleed Now” elevar os picos de adrenalina. “Death Of It All”, com seu começo dedilhado no violão, engana e parece apelar para aquelas baladas neo-góticas atuais, mas o clima aqui é outro. Aliás, Rob Zombie se destaca de toda esta praga de hoje disseminada por Evanesence e Nightwish (destes dois eu fiz questão de não colocar seus respexctivos links!) pelo simples fato de possuir um senso de humor negro e ao mesmo tempo auto-irônico. Que banda pseudo-depressiva dessas teria coragem de gravar um blues em clima de horror sanguinário (“The Devil’s Reject”) e enfiar cacetadas sem medo de soarem malvadonas e envenenadas por todos os lados? – vide “Ride” e “Lords of Salem”, que encerram o disco, além de todas as outras citadas. Esse Zombie aí agora só comete seus assassinatos em série para platéias selecionadas, pois seu som – graças aos diabos! – não se resvala nas cenas que estão em evidência.ROCK CITY MORGUE

Banda de funerais?!?

Este zumbi habitou os pesadelos góticos dos anos 80
*Esta estranha e divertida relação de terror + rock and roll, ela vem de longa data, vide o bluesman malucão Screamin’ Jay Hawks, que foi pioneiro nesta temática (nas letras e nas suas apresentações), e que, segundo o recente livro “Goth Chic”, se trata do inventor do rock gótico lá pelos idos dos anos 50. Bom, os góticos sempre curtiram um terror B e Expressionismo Alemão, vide o Bauhaus e os tresloucados do Alien Sex Fiend (foto acima, do vocalista Nick Fiend), que assombraram as catacumbas dos anos 80. Influências nem tanto para góticos e mais para punks, psychobillies e rock and rollers, The Cramps e Misfits povoam os pesadelos de gerações que se renovam e sempre cultuam estes dois ícones surgidos na segunda metade dos anos 70. Pegando um pouco de tudo o que foi citado até aqui, o My Life With The Thrill Kill Kult produziu, no final dos anos 80, um som industrial com pitadas também de noir e easy listening, e que acabou por se tornar uma das maiores fontes de inspiração do traveco-do-mal Marylin Manson. Este último, por sinal, tratou logo de, no início de sua carreira, mostrar a origem de tudo ao gravar o cover “I Put I Spell On You” (no álbum “Smells Like Chidren”, 1995), do pai-da-matéria Screamin’ Jay Hawkins. O mundo dá suas voltas e os zumbis sempre acabam se encontrando em cemitérios e rabecões em comum.

E meio às novas ondas propagadas pela mídia imediatista, é sempre bom atentar justamente para aqueles nomes que ficaram lá no fundo destas reportagens, meio que perdidos ou condenados por serem um tanto quanto “diferentes” mesmo. É o caso da famigerada “Cena de Estocolmo – Suécia”, atualmente o centro nervoso dos caçadores de novidades com prazo de validade curto, e que pouco deu destaque ao electro esquisito da dupla de irmãos - Olof e Karin Dreijer - 
Electro por electro, é sempre bom ver os caminhos das novas gerações se cruzando com tiozinhos que andavam um tanto quanto esquecidos. É o caso do duo (Dirk Da Davo e T.B. Frank) belga 