terça-feira, setembro 23, 2008

ALGUNS SONS...

E não estranhe se este blogg for atualizado por dez dias seguidos ou só no ano que vem.

Covenant – “In Transit”


A sofisticação do figurino dos caras combina com sua música

Uma das melhores bandas eletrônicas da atualidade, o trio sueco Covenant - não confundir com o black metal industrial The Kovenant – lançou outro disco ao vivo em 2007 (o primeiro, “Synergy – Live In Europe ”, é de 2000). “In Transit ” contém mais uma leva de belíssimas canções sobre bases digitais modernas e dançantes. O rótulo futurepop, do qual o trio é comumente associado à sua concepção, não comporta mais a excepcional música destes caras – eles estão mais para um Depeche Mode dos novos tempos. Ouça, por exemplo, a magistral versão ao vivo de “Bullet” ou a melodia singela de “Happy Man” cantada perfeitamente pelo vocalista Eskil Simmonsson, e constate que a famigerada mistura de synthpop com EBM e melodias trance – a grosso modo, o que consiste o futurepop – não é mais suficiente para resumir o que é o Covenant. Este disco ao vivo é uma boa coletânea de algumas de suas melhores faixas, mas o barato mesmo é ver o DVD do show, com uma excelente produção de palco (ligeiramente alusiva ao Kraftwerk), a qualidade sonora perfeita, o figurino finesse dos caras e o público tão elegante quanto. Eu ralei para achar isso no Torrent, e o link que baixei já expirou. Qualquer coisa, eu gravo para quem interessar...

Front 242 – “Moments”




De volta ao passado! A onda dos revivals ainda age como uma praga sem data para acabar. Sinal dos tempos, de que os velhinhos (adjetivo para qualquer um que tenha nascido antes dos 90’s, segundo os tempos atuais) têm pouco ou nada a dizer a não ser relançarem clássicos e deixarem as novidades para a garotada? É bem provável, e isso pode se aplicar aos belgas criadores da EBM (electronic body music): o Front 242 . Ao que tudo indica, ele preferem o conforto de andar sobre este tipo de terreno mais seguro e garantido contra críticas vorazes. O último disco inédito deles foi lançado em 2003 (“Pulse”), era apenas ok e demorou 10 anos para sair! Fora isso, o quarteto vinha desagradando os fãs ortodoxos (como eu!) ao insistir em tocar ao vivo suas faixas no mesmo formato registrado desde “Reboot: 98 ”. Os clássicos de outrora foram repaginados radicalmente para uma espécie de hardcore techno barulhento e repetitivo, que depunha contra o passado de glórias do grupo. Todos os detalhes dos arranjos e timbres foram aplacados por uma sonoridade acid, linear e chata pra burro em todas as músicas! Acho que a chiadeira foi tanta no ouvido deles, que agora os caras resolvem dar um mimo aos fãs com o recém lançado box “Moments”. Da primordial “U-Men” (1981) à recente “Together” (2003), são mais de 20 clássicos tocados ao vivo, próximos à maneira original, tal qual sugere o título da turnê que gerou este lançamento (“Vintage Tour”). É pra fã nenhum reclamar, ainda que a versão 2008 do mega-clássico “Headhunter” não chegue aos pés da energia contida no registro de “Live Code” (1995), que pra mim é ainda o disco ao vivo definitivo do Front 242 (em que se pesem as ausências homéricas daquele disco, devidamente resgatadas em “Moments”).

ELETRÔNICA HYPE

The Presets – Apocalypso


Posso jurar que o som do The Presets não tem nada a ver com o visú destes caras...

Tudo o que você ler nesta resenha pode resvalar em mofo. Afinal de contas, o último disco do duo australiano de synthpop The Presets , “Apocalypso ”, foi lançado há distantes três meses, e a cena eletrônica do país dos cangurus pode já ter sido deixada de ser hype há muito tempo - talvez algumas horas atrás – para dar espaço às novidades vinda de/da/do ... (preencha o espaço você mesmo, pois eu perdi o bonde da história). Agora, se você não se deixa levar por qualquer marola passageira divulgada por aí pela internet, eu ponho a mão no fogo por estes caras aqui. Não tem pra Pnau, Midnight Juggernauts, Cut Copy ou Bag Raiders nenhum não: entre os nomes mais hypados do tal synthpop australiano, o The Presets põe fogo nas pistas de dança de verdade, sem pudores indies (tais quais seus conterrâneos de cena), pois não tem medo de pesar o som quando lhe convém (como em "Kicking and Screaming" e em "My People"), fazendo o disco descer bem por inteiro. Em alguns momentos, os vocais e as melodias dos arranjos (principalmente em “This Boy In Love e “New Sky”) lembram um Depeche Mode classudo ou mesmo um Information Society quando estes resolviam mandar bem de verdade (tipo “What’s On Your Mind”, injustamente relegada à condição de trash hit 80’s). E synthpop por synthpop da cena do país do caçador de crocodilos que morreu com uma ferroada de uma arraia no meio do coração, o The Presets é o grupo que mais se aproxima do verdadeiro sentido deste gênero musical, ao mesmo tempo que o atualiza e o transforma em algo moderno e original.

Por falar em synthpop...


O cara aí da esquerda não é o Patrick Dempsey!

Outro dia eu estava ouvindo o duo norte-americano Chromeo , super hypado projeto de electro-retrô que rola atualmente. Ao mesmo tempo em que me divertia à beça com o som deles, me incomodava constatar que os caras emulavam 100% um tipo de tecnopop caricato que era datado já nos anos 80! Enquanto baluartes do primeiro escalão deste gênero como Depeche Mode, New Order e o pai/avô/Deus-Criador Kraftwerk inovavam a cada lançamento, uma turma da segunda divisão daquela época suava em baterias hexagonais vagabundas e sintetizadores baratos para tentar correr atrás dos mestres, gerando faixas tão divertidas quanto constrangedoras. Pegue aí o exemplo de gente como Spandau Ballet e Flock of a Seagulls. Esta leva de artistas ficou eternizada por carregar os nomes, as roupas e os penteados mais ridículos de todos os tempos, assim como tiveram pelo menos uma música registrada nos anais do tecnopop e que hoje são motivo de risadas em festas retrô. Pois é este tipo de som que o Chromeo quer reproduzir sem o menor pudor. Tirando a qualidade da gravação (com graves e médios prontos para tremer o chão das pistas de dança de hoje), esta dupla cara-de-pau e seus discos poderiam se equiparar ao som que o Ministry fez em seu primeiro disco, de 1983.


Este cowboy do inferno apocalíptico atual um dia foi vítima da moda...



O que esta pessoa viu na sua frente nos anos 80 para se transformar no cara da foto anterior?!?

Se hoje o grupo de Al Jourgensen é lembrado por ter criado a incendiária mistura de thrash metal com industrial e segue atualmente provocando abalos sonoros pesadíssimos, em 1983 o Ministry gravou um vexame, parecendo querer ser desesperadamente uma banda para tocar na trilha sonora de “A Garota de Rosa Shocking” (ou em qualquer filme adolescente genérico da época). Postas lado a lado, até que as três primeiras músicas de “With Sympathy” não fariam feio aos sons do Chromeo (ué, não deveria ser o contrário?). “Effigy”, com bons arranjos de synth e guitarras, “Revenge” e seu clima quase gótico, e o groove irresistível de “I Want To Tell Her”, que faria bonito na onda new disco atual, formam uma bela trinca inicial neste disco de estréia do Ministry. Mas o que se segue no resto das faixas é de constranger até mesmo ao Chromeo! Confie na opinião do próprio Al Jourgensen sobre este álbum: “Não valeria à pena nem ser roubado!”.

O TECNOPOP SANGUE BOM


O grupo belga Telex

Por conta de irresponsáveis como o Chromeo e também por causa do já longínquo hype do electroclash (foi em 2001, lembra?), o tecnopop tem sido sinônimo de uma época em que o bom gosto fora esquecido. Tamanho foi o estrago promovido por aquela gente esquisita e exagerada, que logo no início dos anos 90 o gênero musical movido à base de sintetizadores apareceu já de rótulo novo, o synthpop. Esta nova alcunha nada mais era do que a mesma coisa que o tecnopop, porém sob um estofo mais chique e menos espalhafatoso. Contudo, músicos de boas bandas do ressurgido pop de sintetizadores como De/Vision, Wolfsheim e Mesh - que, diga-se de passagem, passam batidas do hype do synthpop australiano de hoje - faziam referência não aos trash hits dos 80’s citados no parágrafo acima, mas sim a um pessoal do tecnopop que deixou algum legado respeitável a ser seguido. É por isso que lembrei com carinho de duas bandas ótimas dos anos 80: Telex e Moskwa TV (OBS: eu poderia citar também o excelente Ultravox, mas este e a carreira solo do ex-integrante John Foxx merecem posts à parte). Estes dois nomes participaram ativamente de minha pré-adolescência, ao lado dos óbvios Depeche Mode, New Order e Kraftwerk. Posso afirmar tranquilamente que faixas como “So Sad” e “Second Hand”, dos belgas do Telex (vale atentar que eles voltaram á ativa!), quando tocadas numa pista de dança de electro/synthpop de hoje (eu já fiz isso!), gerariam interrogações nos antenados de plantão, ávidos para saberem que banda nova estaria tocando. Já músicas como “Tell Me, Tell Me” e “Brave New World”, dos alemães do Moskwa TV (uma das crias do geniozinho Talla 2XLC), talvez agradem em cheio aos fãs de grupos que promovem o eterno revival do post-punk (como fizeram os noruegueses do Monomen em “Oscilate”) e que não resistem em soltar uma ou outra faixa lotada de sintetizadores oitentistas.

LOUNGES E GROOVES INSUSPEITOS

A música lounge/chill out virou rótulo suspeito para a trilha sonora de qualquer ambiente metido a besta. Há tempos que este tipo de som tem sido banalizado por cítaras indianas de araque, BPMs baixos e safados programados em cima de discos de música étnica de procedência duvidosa, e vez ou outra com alguma cantora brasileira de vocais neo bossa nova de sobrenome exótico, normalmente citando alguma cidade baiana ou carioca, cuja fama só engana a gringos sebosos sempre dispostos a chacoalhar os esqueletos com alguma world music devidamente europeizada para não agredir aos seus paladares. Separar o trigo do joio em meio a tanto curry e dendê falsificados requer um trabalhinho! E não vou negar o clichezão de assumir que curto sons mais light para embalar meu dia-a-dia com mais calma.

The Orb – “The Dream”


Este simpático senhor é responsável por alguns dos sons mais alucinógenos e originais que se tem notícia

Quando as primeiras raves surgiram na Inglaterra, na segunda metade dos anos 80, um sagaz indivíduo chamado Alex Paterson resolveu criar a trilha sonora para aqueles momentos onde a bombação já havia passado, mas as drogas ainda continuavam a fazer efeito. Era a hora de diminuir gradativamente o BPM, como que um espírito pilhado fosse expurgado aos poucos de seu corpo, sem acabar com a festa abruptamente. Reza a lenda que o hoje mega DJ Paul Oakenfold cedeu um espaço em uma festa sua ao tal do Paterson, que acabou concebendo o The Orb como o primeiro projeto musical dedicado exclusivamente aos chill outs. Tomando lições dos experimentos com música ambient promovidos por Brian Eno, das viagens mais progressivas e psicodélicas do Pink Floyd (David Gilmour declarou em 1993 que era fã do Orb!) e das chapações dub jamaicanas, Alex Patterson criou um som único. A música flutua pelos canais de som, mas também treme o chão e faz dançar. Nunca em qualquer de seus discos Patterson apelou para climinhas pseudo-trancendentais. A única certeza ao ouvir o som deste inglês doidão é que a viagem estaria garantida, mas o destino seria sempre para algum lugar diferente. Dito isso, é bom frisar que “The Dream”, seu lançamento mais recente, é o seu melhor disco desde “ Orblivion” (1997). Alguns climas iniciais nas faixas deste disco novo do The Orb podem sugerir alguma aula de meditação ou tai chi chuan. Mas os grooves e programações que entram a seguir podem fazer de um incenso um incêndio! De fato, a sonoridade de “The Dream” é mais dançante, vide as ótimas batidas de “Vuja De” e “The Truth Is...”. Contudo, os momentos espaciais estão sempre presentes, como em “The Dream” e “DDD”, como reza a cartilha psicodélica de estilo único nas produções de Alex Paterson. Aperte os cintos, senão teu corpo e tua mente vão loooooonge....

Nightmares on Wax – “Thought So”


O cabeça do Nightmares on Wax

Seguramente você pode baixar qualquer disco do projeto encabeçado pelo produtor inglês George Evelyn, mais conhecido como DJ EASE, que a tua viagem em busca de beats ora calmos, ora grooveados e sofisticados será recompensada. Que bom constatar que o Nightmares On Wax ainda tem gás pra acender e cozinhar bons climas e grooves sem apelar para os chavões que eles próprios involuntariamente ajudaram a reforçar. O estofo sonoro do recém lançado “ Tought So” possui uma batida ligeiramente hip-hop, com grooves graves e pesados. Contudo, a melancolia trip-hop e os climas sofisticados continuam presentes, como que se o DJ EASE quisesse sempre reafirmar que o seu Nightmares On Wax pertence – ainda que não seja um dos pioneiros – a uma rara estirpe de projetos fenomenais de down beats como Massive Attack, Portshead, Thievery Corporation e Moorcheeba.


Medeski, Martin & Wood – “Combustication remix EP”


Este trio arregaça com grooves animais e intricados

Um dos primeiros downloads que fiz em minha vida foi deste disco do trio Medeski, Martin & Wood. O meu interesse sobre eles veio após ler em algum lugar que existia uma banda que praticava exatamente o mesmo tipo de som que o Beastie Boys fez nas faixas instrumentais dos mega-clássicos “Check Your Head” (1993) e “Ill Communication” (1995). E que Combustication era um EP de remixes que estreitavam a relação do som do trio com o hip-hop e os grooves eletrônicos. Tendo à frente um Napster instalado no PC de um amigo meu, me vi num momento de mudança de hábitos irresistível e irreversível gritando à minha frente: “eu não vou mais gastar os tubos para encomendar discos importados? Agora eu só dou um clique e o disco vem pra mim, fácil assim?!?”, perguntei-me naquele dia. Pois eu baixei o disco. Um novo vício instalou-se em mim sem data para acabar. E o mesmo vício eliminou outro sem dó nem piedade. Nunca mais comprei ou encomendei um disco novo desde então, à exceção de uma ou outra ida a sebos de CDs usados.

Tenho guardado um dos primeiros CDs-R que queimei de um download que fiz. O disquinho está todo podre, com as beiradas descascando e fungos abrindo buracos pelo meio. Com a velocidade de resposta de uma busca no Google, não tive nem tempo de sofrer pelo disco em decomposição: baixei-o novamente e pronto. O sentimento de nostalgia sobre “Combustication” provinha de um clique no mouse, de um CD-R de qualidade ruim. Meus discos originais, que muitas vezes foram adquiridos com suor e espera por encomendas que pareciam demorar uma eternidade, hoje repousam em caixas e encartes que não são manuseados há anos, tais quais peças de um museu abandonado. Não tenho nem tempo de sentir saudades de algumas épocas em que a música existia fisicamente. Carrego sons no meu celular e me mando pra rua. Às vezes me bate uma sensação esquisita, de que se eu tivesse trocado a mulher que sempre amei por outra alardeada por aí como mais perfeita: sem reclamações no ouvido, sem cobranças, sem oscilações de humor... e também sem emoções marcantes e duradouras.

12 comentários:

Chantinon disse...

Lendo isso aqui é impossível não lembrar do José Roberto Mahr eo seu "Novas Tendências".
Quem diria que o que ainda iria ser tendência hoje já é velharia.
E pior, quem diria que o nível do pop iria piorar tanto.

Uma viagem seu texto!

Kalunga disse...

hahahahaha! Salve Chantinon! acho que vc entendeu minha "viagem", hehehehehe...

outro dia eu li num comentário desses bloggs que hospedam rapidshares p/ o povo baixar os discos que ainda vão sair algo que exprime exatamente o ritmo de pensamento das gerações atuais. Foi algo assim: "Electric Six de 2008? Isso era novidade em 2004, hoje já é coisa ultrapassada!

Pois é, o que é tendência hoje vc pode colocar lado a lado com uma "velharia" dessas que citei no texto e neguinho vai achar que é coisa nova.

abração!

Kalunga disse...

A propósito, eu ouvia muito o NT do Zé Roberto Mahr. Rolava aqui em Vitória/ES via satélite e muito som bom (novo pra época e alguns mais antigos e obscuros) eu devo àqueles programas!

doggma disse...

Kalungaaa!!

Tanto tempo depois e de repente um texto fantástico desse! Aumentei a lista dos que tenho de conferir urgente: esse do Covenant (adoro), Front 242 (cráássico), Presets e o tal do Chromeo, que eu nunca ouvi falar!

Nightmares On Wax é a trilha perfeita pra um chill out revigorante. Me amarro. O Information Society voltou das cinzas e lançou um disco ano passado, "Synthesizer". É o tecnopopão oitentista de sempre, mas acho que dessa vez não rola deles baixarem até o Álvares Cabral trazendo o Kon Kan a tira-colo, hehe...

Tô desatualizadão nas ondas electro. Tenho ouvido muito os acid fundo-de-quintal do final dos 80's. Bomb The Bass, S'Express, Coldcut, KLF, esses lances. O Ministry "romântico" da primeira fase também - "(Everyday Is) Halloween" era um hit pronto... não sei como não pegou na época (faltou jabá?). No Twitch eles já mandavam um pancadão mais pesado.

Sou meio 'fetichista' com álbuns, capas e encartes, mas entendo perfeitamente a despreocupação (desprendimento?) com a mídia física. É só baixar. Minha única exigência é com relação ao bit rate: de preferência 320 kbps (e dependendo, baixo até o lossless). Abaixo disso, só se for relíquia mesmo.

Em VVelha, o Novas Tendências rolava na rádio Cidade. Foi lá que ouvi "Cop Killer" pela 1ª vez, no auge dos distúrbios em LA, Rodney King, etc. Pra ouvir/gravar coisas de fora, só através do NT e do Interferência, da Universitária FM. De resto, já que eu não comprava importados, só se fosse babando nas páginas do "Zona Franca", da minha da sua da nossa Revista Bizz.

Mas, hoje, com a Santa Internet, tudo mudou.

Viva!

Hip hip, HOORAY!!! :D

Kalunga disse...

Salve Doggma!

quem é vivo sempre aparece (digo isso de mim mesmo, hahahaha!). Valeu pelos elogios! E tinha que atualizar esta bagaça, ainda mais quando outro dia me disseram que "o seu blogg era maneiro, pena que acabou, né?" - acabou? PORRA!

Vamos lá:

InSoc: eu iria fazer um post só sobre o synthpop e citaria o "Synthesizer", mas não rolou ainda. O que posso dizer é que nas duas primeiras músicas um sorrisão enorme abriu na minha cara, pois o grupo parecia ter voltado renovado e mais moderno. Porém, o resto do disco ficou alternando faixas excelentes (com uma tendência mais electro) e outras meio baba, meio qualquer nota. Esta alternância de qualidade, que sempre rolou c/ os caras, é que foi responsável por jogá-los num saco de gatos que incluía Double You, Noel e adjacentes. Uma pena, pois o grupo sempre fez algumas músicas ótimas. E teve um disco esquisitão lançado em 97, "Don't Be Afraid", com quase ninguém da formação original, com um som mais dark e industrial. Por sinal, ficou muito bom... Sobre eles baixarem aqui, rapaz, eu não duvido que isso aconteça, com esta onda de revival anos 80, hehehehe...Só que ao invés de toneladas de baterias eletrônicas e teclados (como era antes), eles vão vir é c/ lap-tops e controladores midi. Até pq, se vierem com aquelas bateras hexagonais seria um mico, hahahaha! A propósito, o Kon Kan naquele show do Álvares de 91 tocou no playback na maior cara de pau, pois os dois tecladistas eram brasileiros e fizeram só figuração!!! Já o InSoc destruiu sentando a mão nos instrumentos.

***

Rapaz, vale à pena correr atrás do torrent do show do Covenant (o link que eu baixei expirou, mas devem ter outros). Produção de palco e repertório nota 10!

***

"Acid fundo-de-quintal" foi ótimo, hehehehe... Olha, eu ouço estes sons que vc citou até hoje, inclusive estou colocando tudo isso aí na minha Last FM, para relembrar bons momentos. A propósito, o Bomb The Bass lançou mês retrasado "Future Chaos", um discaço, muito bem produzido, com diversos convidados nos vocais e um som mais puxado p/ uma onda downtempo/chill out - só que sofisticadíssimo - mereceia um post à parte. Baixa ae, se o link ainda estiver funcionando:

http://rapidshare.com/files/137964057/Caos_do_Futro.rar

E o Nightmares on Wax novo é finesse total, mas o melhor disco na minha opinião continua sendo o "Carboot Soul".

continua...

Kalunga disse...

continuando...

Ministry: cara, "Everyday Is Helloween" é um musicão, um tecnopop perfeito! Interessante é que esta faixa não consta em nenhum álbum, tendo saído somente em single e na coletânea "12 inch singles" (que eu tenho original!!!). Esta música e também "Nature of Love" (um pouco mais pesada) barram qualquer uma da fase tecnopop da Ministry, na minha opinião. Sobre o Twitch, considero-o um disco um tanto quanto confuso. Tem horas que o tecnopop se sobressai, mas em outros a barulheira industrial surge com força. Têm boas músicas ali ("Just Like You", "The Angel", "Isle of Man", "Over the Shoulder", "We Believe"), mas considero o disco que Al Jourgensen lançou com o Revolting Cocks no mesmo ano ("Big Sexy Land") bastante superior ao próprio "Twitch", pois era mais dançante e com o elemento industrial melhor resolvido.

***

Downloads: pois é, eu tbm sou feitichista quanto encartes e tal. Ou era... Eu me irritava - e ainda me irrito - bastante com o pouco caso que as novas gerações fazem da relação com a música. É um tal de baixar tudo e o que for mais novo sem critério, trocando de músicas a todo momento. Tem um conhecido meu que possui um IPod de 80 gb, rapaz o cara parece um epiléptico mexendo no aparelho: troca de música a cada 30 segundos!!! Eu fico tentando a comprar um desses pra mim, mas pelo preço eu ainda tenho outras prioridades, e vou seguindo muito feliz com 1 gb de músicas no meu celular: ouço cada disco com mais atenção, seleciono os sons com este intuito. Lógico que não vou ser hipócrita de dizer que preferiria o mp3 player do meu celular a um IPod...

Mas a verdade é que, pelo menos no meu atual ritmo de vida, me desapeguei quase que por completo dos discos "físicos". Tenho uns cases de cd, que variam de 320 a 24 discos de capacidade, e ando com eles pra cima e pra baixo, e ainda por cima tenho substituído gradativamente os discos originais por cópias, justamente para preservá-los contra roubos (já me roubaram vários!!!) e acidentes (cerveja caindo em cima é até normal...). Nisso, os originais ficaram guardados como peças de antiquário, ainda mais que agora moro no meu próprio teto com minha mulher e os discos ficaram na casa do meus pais aguardando eu fazer um armário pra eles na minha nova casa...

Sobre a qualidade do som, eu também priorizo a qualidade citada por vc. É o mínimo, né? Mas eu até estou tentando me organizar p/ imprimir as capinhas que vêm junto dos arquivos para colocar no case de CDs. Pelo menos este tipo de apego eu quero preservar.

continua...

Kalunga disse...

Continuando...


Novas Tendências: pois é, a gente já citou o histórico programa do Zé Roberto Mahr diversas vezes nos comentários. O cara realmente fez história, e eu gravei tbm em K7 "Cop Killer", assim como "NWO", do Ministry quando foi lançado, e também conheci o The Orb no programa. Fonte de referências inesgotável!

Este programa da Universitária, confesso, não conhecia. Eu também buscava coisas novas na Guarapari FM (vez ou outra eles mandavam novidades na programação normal) e também no programa de metal da Capital FM (acho que era Ecstasy o nome... de um programa de metal!!!). Acredite, mas foi neste programa da Capital que conheci o Skinny Puppy (já conhecia de nome, era doido pra ouvir), e era produzido por um dos sócios da Tarkus.

Hoje, com a internet, eu pensava que ao menos os DVDs de bandas que gosto eu teria de desembolsar algum $$$. Mas até nisso nossa santa web é generosa: agora neguim tá postando torrents copiados exatamente iguais aos originais, sem perder qualidade. São bem maiores que um AVI ou MPEG safado como era antes, duram dias pra baixar, mas vêm iguais ao DVD original, inclusive com menu e opções de áudio! Assim fica difícil comprar na loja, hehehehe...

um grande abraço!

doggma disse...

Cara... eu me amarrava no Ecstasy. Me apresentou muitas coisas fodas. E não ficava só no death/thrash. NIN, p.ex, eu ouvi pela primeira vez lá (faixa "Wish", como convém!). Primus, Skrew, Skatenigs, Prong... bons tempos.

Realmente, o Twitch é meio desfocado. Mas extremamente necessário naquela virada do Al. Acho que foi ali que o cara percebeu que o peso que ele estava buscando extravasava a eletrônica pura, pedindo por um crossover.

Ouvi o novo Bomb The Bass. Bacana, mas os tempos são bem outros, huh? Nem de longe lembra aquelas colagens e mixers das antigas. Tô véio...

Bem lembrado o lance da perfomance "meio-ao vivo" do InSoc. Poucas bandas electro/dance/afins faziam isso no palco. Esse formato rock, ao exemplo do New Order. Fora o InSoc, só lembro do Snap e, muito provavelmente, o Sunscreem, que era banda mesmo, com guitar, baixo, batera e teclados. De resto, só haviam priminhos do Technotronic e da Corona, decepcionando zilhões de desavisados clubinhos afora.

Aliás, dizem que Atari Teenage Riot ao vivo era uma negação. Playbackão total...

doggma disse...

Ah... achei um vídeo muito interessante no YT, provando que não foi só o Jourgensen o único cyberpunk com raízes, hã, "esquisitas".

http://www.youtube.com/watch?v=yJYBx5NJULY

É uma reportagem de 1985 sobre a cena tecno da época (a velha discussão "música por computador é música?", etc e tal). Primeiro aparece o maluquinho Thomas Dolby, hitmaker electropop dos 80's, e logo depois o Trent Reznor e sua incrível banda Exotic Birds (!!). Cara... parece Duran Duran...

Kalunga disse...

Caraca Doggma, que video é esse??/ O Reznor parece um mix de Simon Le Bon c/ Paulo Ricardo, hahahaha!!! O nome da banda, meu deus... A música da reportagem é até legal e dá p/ sentir ecos mesmo no "Pretty Hate Machine", que carregava ainda muito do tecnopop dos 80's.

***

Rapaz, muito interessante a reportagem, e o tom dela seria bastante pertinente hoje. O próprio InSoc e o Snap (eu fui tbm naquele show, hahaha!!! o Turbo B, vocalista, iniciou o show quebrando o pedestal na própria cabeça!) mandavam ver no que poderia ser chamado de "eletrônica ao vivo". Ou seja: os caras transportavam o maquinário pro palco ao invés de apenas ligarem o DAT - hoje seriam um lap-top + controlador MIDI - e cantarem sobre bases pré-gravadas.

Outro dia li uma matéria no Rraurl, que é considerado o principal site de música eletrônica do Brasil, onde se questionava o uso de sitetizadores na composição e nos shows ao vivo dos artistas que produziam música eletrônica. A razão do questionamento era o contraponto proporcionado pelo avanço dos softwares de produção de música, que a cada versão incorporam cada vez mais recursos e os sons de praticamente todos os sintetizadores existentes. Qual seria a lógica de comprar um synth de 3 mil dólares se vc pode baixar um software com o devido crack em qualquer pirate bay da vida?

Como público que assiste a uma apresentação de artistas do tipo, eu prefiro muito mais ver os caras "suando" no palco metendo a mão (ou literalmente quebrando e jogando pro alto, no caso do NIN) nos synths e nas percussões eletrônicas do que assistir a um ou dois figuras estáticos e com olhares fixos num lap-top em cima do palco, no melhor estilo "gerentes de banco".

Como produtor, com certeza os softwares são uma mão na roda. Vez ou outra fuço no Ableton Live e no Cubase e, mesmo com o pouquíssimo tempo que tenho disponível pra isso, dali surgiram os esboços de umas musiquinhas que eu não teria vergonha de mostrar aos amigos caso fossem melhor trabalhadas - ou seja, a produção de áudio está ao alcance de todos que tenham um PC razoável.

Mas se fosse p/ me apresentar ao vivo, minhas mãos coçariam pra sentar a ripa mesmo seria num sintetizador de verdade...

Fora isso, eu curto pra caralho ver show de bandas eletrônicas que tocam instrumentos eletrônicos no palco - quanto mais tralha digital no palco, mais maneiro eu acho. Dá vida e mais espontaneidade ao som. Vide o que o Ministry fez no clássico EP/VHS "In Case You Didn't Fell Like Showing Up", onde os caras transpuseram todaa complexidade industrial do estúdio p/ o palco, com direito a duas baterias, quatro guitarras, dois tecladistas e uma porra de uma grade no palco! Ou o Front 242, que modificava suas faixas ao vivo a cada apresentação, sendo que os vocalistas ainda tinham a liberdade de sentar a mão na percussão quando bem entendessem. Ou os próprios mestres do Kraftwerk, que num video de 81 (http://br.youtube.com/watch?v=A5A47vzdR9M) mostraram de onde surgiu tudo isso sobre o que estou falando. Hoje o Kraftwerk simplificou tudo e os quatro tocam ao vivo cada qual numa estação de trabalho individual e estática, mas isso é papo p/ outro post...

Ainda que a tecnologia de hoje busque facilitar tudo p/ que meios sejam mais acessíveis para os devidos fins, a eterna discursão sobre "música eletrônica é música?" pelo menos no que tange a tocar ao vivo não me seduz nada ver um ou dois caras mexendo em lap-tops no palco. Se for dance music (techno, trance, house, etc.), tudo bem, o contexo é outro, é música de pista p/ uma pista de dança. Mas bandas? Tem que ter alguma coisa além de um lap-top p/ chamar de "ao vivo"...

Kalunga disse...

Continuando...

Atari Tennage Riot: já vi uns videos deles ao vivo e apenas constatei o que sempre achei deles: CAÔ!!! Aquele "peso" todo dos discos e quando chegam no palco, o cara e a mina gritando chavões pseudo punks, um mané lá atrás apertando botões e nem ao menos um guitarrista eles se deram o trabalho de botar ao vivo - e olha que os discos são lotados de guitarra...

Bomb The Bass: já no disco seguinte ao "In To The Dragon", o "Unknow Territory", eu já havia tomado um susto na mudança radical no som do Tim Simenon. Confesso que não gostei logo de cara. Aquela onda mais light, mais "organizada"... Eu também curtia muito aqula colagem absurda do primeirão, e esperava por uma nova "Beat Dis". Mas o cara queria mostrar que seu som ía muito al´m daquela verdadeira polaróide do acid house que foi o primeiro disco. O mais recente eu ouço todo dia, mas não há qualquer vestígio do que o Bomb The Bass foi em 1988, isto é fato.

Ministry/Twitch: este disco tinha uma estranha relação c/ a Tarkus e o programa de rádio Ecstasy (nunca é demais lembrar do absurdo de um programa de metal ter este nome se fosse hoje, em época de festa rave, hahaha!). O Paulinho (produtor do programa) falava que vez ou outra ia algum perdido na loja querendo comprar algum disco do Ministry após ouvir no programa e se deparava com o Twitch, pois os demais sempre tinham bastante saída e nunca paravam na loja. Imagine a reação... Mas o disco em questão mostra sim que Al Jourgensen fez uma transição nele até chegar no metal industrial. Mesmo o The Land of Rape And Honey ainda é eletrônico pacas, só as quatro primeiras músicas que t~em guitarra.

Abração!

Chantinon disse...

Ministry, Bomb the Bass... Hahahah Estou ficando velho mesmo! :)

Vou dar uma dicas... Não sei se é o tipo de som que vc curte, pq eu escuto de tudo (tudo que presta né), mas eu sempre fica mais para coisas existencialista e viajadas, como Post-rock.

Da uma sacada:

www.myspace.com/ifthesetreescouldtalk

http://www.myspace.com/thebutterflyeffectau