domingo, maio 01, 2005

Meu Deus, Que Onda!


Foto by Kalunga

Parafraseando o título do blogg do meu amigo Caio, “Meu deus, que onda!” reflete para mim um paradoxo extremo de duas atividades que tomam/tomaram um espaço enorme dentro de mim. Tal (des)encontro de situações se deu no momento em que olhei para a foto acima e me dei conta da situação da qual ela foi registrada: fim de rock, feliz por ter feito o que gosto, mas também com uma puta vontade de apreciar aquele amanhecer de outra maneira. Meu deus, que onda... O sentido desta frase era outro até uns seis anos atrás. Não bateu melancolia, mas despertou uma chama que nunca se apagará dentro de mim. A onda que eu me refiro é aquela produzida pelo oceano. É o ato maravilhoso de deslizar sobre o mar. É o surfe, porra!

Quem me vê na noite, botando som para as pessoas dançarem, terminando minha balada numa padaria às sete da manhã, não imagina que este ser aqui – praticamente um vampiro que vai dormir quando o sol aparece – já pegou onda por doze anos seguidos, religiosamente. De 1987 a 1999 eu pratiquei um tipo de esporte que considero o mais sensacional, prazeiroso, encantador, espiritual (é sério!) e belo como este. Um bom dia de surfe cura sua alma de qualquer mal – clichezão mas verdadeiro. Por mais passivo e cabeça-de-vento que o estereótipo do surfista lhe possa parecer, o praticante deste esporte é um ser privilegiado, ainda que ele não se dê conta disso. A sensação, por exemplo, de deslizar por dentro da onda (o tubo) é orgásmica. Não à toa que muitos surfistas são aqueles típicos figuras meio bobocas (pelo menos os mais novos), cheios de gírias estúpidas e papos vazios: o surfe te entorpece, tal qual uma droga poderosa e viciante, e se você der mole ela te controla. Resumindo, é bom demais.

Quando eu era mais novo, estudava na parte da manhã e tinha as tardes livres. Como sempre morei de frente para a praia de Camburi, era notório de que a prática do surfe era algo mais esporádico, pois só rolava onda em situações de mar de ressaca e/ou frente fria. Todo santo dia eu pegava minha bicicleta e andava até o segundo píer (na região de Jardim Camburi) para conferir se havia algum balanço no mar. De 365 dias no ano, talvez uns trinta em média realmente produziam alguma coisa surfável nesta praia. Mesmo tendo plena noção de que certas condições climáticas inviabilizavam a produção de alguma marola surfável em Camburi, eu ia lá com minha magrela pedalando na esperança de rolar algo de surpresa. Pois é, o surfe também é um exercício de fé. E várias vezes ao longo destes doze anos de prática recebi o presente dos deuses e pude surfar altas ondas com uns poucos dentro d’água que também praticavam tal exercício religioso.

Ficava de duas da tarde até o anoitecer direto na água, sem sair para descansar, como que temesse que as ondas fossem embora do nada. Voltava arrastando a minha carcaça por longos três quilômetros até minha casa, com o vento sul gelado contra, com os músculos doendo e com minha alma plenamente satisfeita. Chegava em casa morto de fome, tremendo de frio e, depois de descongelar meus ossos com um longo banho quente e de bater um rango monstro, simplesmente dormia cedo (tipo umas nove da noite) o sono divino. Muitas vezes as ondas do píer de Camburi eram mal formadas, mexidas e com o tempo frio e a água sempre poluída (eu acho que meu corpo criou imunidade a doenças, só pode...). Mas se desse umas ondinhas eu estava lá! Isso sem contar as viagens para locais clássicos como Itacaré (sul da Bahia), Regência/Povoação (norte do Estado, na foz do Rio Doce), Ubatuba (litoral norte de São Paulo)... Conhecer um pouco mais o Brasil pegando onda é realmente um privilégio.

Parece nostalgia, mas não é. Estou chegando numa idade em que as obrigações com a sociedade pouco permitem uma dedicação mínima a este tipo de esporte. Mas, tendo condições básicas (grana para a gasolina do carro, uma prancha que não seja um toco) você consegue achar um espaço na tua rotina, seja surfando ainda escuro, seja deixando de sair à noite no final de semana para poder acordar quatro da manhã e ser o primeiro dentro d’água. Não engulo desculpas esfarrapadas da maioria das pessoas que alegam não ter tempo. Eu acho que falta mesmo é disposição. E não acredito que idade avançada, filhos e a famosa barriguinha de cerveja sejam empecilhos, pois cansei de topar com caras com mais de quarenta anos no lombo, com vários quilos a mais na balança, mas com um sorriso genuíno de felicidade ao entrar na água com sua prancha.

Não sou um professor de educação física, mas afirmo com convicção e conhecimento de causa que o surfe é um esporte perfeito, pois trabalha praticamente toda a musculatura do corpo, oxigena e purifica teu organismo e, principalmente, dotado de um prazer absurdo na sua prática. O que não se pode fazer é surfar cedo após uma noite de detonação. Eu já cometi esta besteira diversas vezes. O surfe requer hábitos saudáveis. E é isso que estou procurando reconquistar. É muito difícil conciliar uma vida noturna movimentada com este tipo de esporte. De algum lado terei que abrir mão mais intensamente. E estou decidido. Você também poderia surfar. Garanto que tua alma será recompensada.

*Eu nunca fui um típico “surfista” mesmo ao pé da letra. Não sentia a menor vontade de andar com aquelas pessoas que estereotipavam erroneamente o “ser surfista”. Na maioria das vezes estava sozinho e os poucos que já me acompanharam foram porque eu os convenci a surfar também.
*Particularmente eu detesto tais tipos que reforçam o estereótipo. A maioria destes rabeia a onda dos outros, instala um nefasto clima de competição dentro d’água e ainda por cima polui o meio ambiente – cansei de ver surfistinha matando sua larica com o som de seu carro no máximo e deixando o lixo no chão sem a menor culpa disso.
*Se você for tentar começar a surfar no Solemar ou no Barrote (em Jacaraípe, Serra) num final de semana, certamente tua experiência será desagradável.

37 comentários:

caio disse...

Estou adiando o meu "projeto surf", sei disto. Em 2001 resolvi surfar, aprender na marra e na raça. Mas razões e motivos vários têm travado o início. Sei que em pouco tempo estarei nas ondas, determinação não me falta, e quando jogo uma coisa dentro de minha cabeça...

O primeiro e fundamental passo já dei, pois tinha que readquirir um bom condicionamento físico. Pouco mais de dois anos de corridas semanais me dão as condições necessárias pra encarar o mar.

Segundo e óbvio passo, comprar uma prancha decente, algo de segunda mão mesmo, preferencialmente uma grande, começando pelas beiradas...

Yeah!

caio disse...

E, continuando...

"Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso..."

Kalunga disse...

Estabilizar minha condição financeira; este é o único empecilho para poder voltar a surfar. Posso arrumar um trampo que não sobre horário diurno algum durtante a semana. Mas vou deixar de sair à noite diversas vezes nos finais de semana com o maior prazer do mundo e sabendo que vou surfar - de preferência num pico mais isolado e com pouca gente ou ninguém mesmo.

O tal do crownd é o lado mais nefasto deste esporte divino. Uma coisa que eu nunca fiz: entrar na onda de outro - só o fiz sem saber que estava fazendo e isso rola mesmo. No meio de um crownd infernal tipo Solemar ou Ulé em finais de semana, rabear a onda alheia é um crime comum.

Kalunga disse...

Fala sério: quantas vezes fui a Guarapari enfiar o pé na jaca e acordei lá mesmo (ou virei a noite...) vendo a Praia do Morro dando altas ondas. Poderia quebrar tudo à noite do mesmo jeito (em Guarapa isso é inevitável) e surfar à tarde. É só ter a prancha...

***

Caralho, surfar nos corais de Manguinhos com apenas seus amigos e no máximo uns poucos gatos pingados, todos naquela comunhão de estarem deslizando suas ondas com um coral faminto debaixo de vc, com a paranóia de estar bem no fundo e indefeso a qualquer ataque de um tubarão, de pegar ondas acima de um metrão (este picos só quebram a partir deste tamanho)...pois é: uma adrenalina viciante e que vence o medo quando vc é contemplado por uma onda "no jeito"!

Kalunga disse...

Sem afobação e pressa mas também sem caôs: vou fazendo a minha parte (recuperar o condicionamento físico, sanar as dívidas, etc.) e quando estiver pronto estarei lá. Se rolar uma sexta-feira à noite a esmo, sem ter que discotecar (coisa que amo, mas que não rola sempre), não vou titubear em mandar a Rua da Lama à merda e dormir cedinho para surfar no dia seguinte. Nossa! Como eu quero fazer isso!

caio disse...

Faremos, com certeza...

Anônimo disse...

Surfando só mesmo na internet, que alias, tem transformado seu blog em um "pico" loco, tenho indicado seus textos a todos amigos e a resposta tem sido boa.
Kalunga, we love you !!!!

Rike
Presidente do fã clube "Vaca Loka"

Anônimo disse...

Eu sou louco para aprender a surfar. Andei de skate a minha vida inteira, oq eu gosto de fazer até hj se não fosse o meu joelho ruim devido a 8 anos de Jiu-Jitsu, o esporte q eu pratico até hj e q gosto muito. Não sou pitboy (melhor esclarecer né?? pq vc sabe, jiu-jitsu as pessoas já relacionam com esses merdas), sou longe de ser um, detesto esses pelas, mas adoro o esporte e pratico com muita vontade. O surf eu ainda vou aprender. E claro a bateria. O q eu amo de paixão tb. Um grande amigo nosso Kalunga, o Michel Diniz sempre me falava q a bateria por sí só já era um esporte. Hehehehe... no fundo ele tem razão.
Abraços.

Obs: Vai ver meu irmão tocar na quinta agora?? =]

Anônimo disse...

Eu também sou adepto dessa frase, Kalunga. Sempre digo "Meu Deus, que onda.", principalmente nas madrugadas de quinta feira no Gazz da Curva da Jurema, depois de já ter chapado todas....é sempre assim..."Meu Deus, que onda" na quinta, na sexta e no sábado. Já no domingo é "Meu Deus, se essa ressaca passar logo, prometo que nunca mais vou beber!" Como Deus já sabe que é mentira minha ele me deixa bodado até a segunda. Resumindo, Deus sabe o que faz!!!
Bela foto, Kalunga. O mar tá parecendo um tapete. Não surfo, já tentei, não deu certo, descobri que tenho medo do mar, portanto respeito. Já para o surf fica só mesmo minha admiração.
Bom, como diria Zeca Pagodinho: "Camarão que dorme a onda leva", vou dormir agora pra essa onda me levar. Abs.

Kalunga disse...

Marcelo: realmente o jiu jitsu é bastante queimado por quem faz questão de denegrir tal esporte. Sobre o joelho, realmente é uma das partes do corpo mais forçadas no surfe, seja em pé ou de bodyboard. E quinta é lógico que vou estar lá, pois vou querer ver o Buteri destruindo nos vinis.
***
Arroiz, sai dessa vida, hehehehehehehehe!!! Cara, "medo do mar" é foda, hein? Aí complica, pois tem horas que vc realmente só conta com a ajuda divina ou com o coisa-ruim te puxando pra debaixo d'água, hahahahahaha!!!
***
Rike, "fã-clube vacalouca", putz! Eu num quero isso aí não, porra!!! Meus textos anteriores estavam mais p/ vacatolada, hehehehehe...

Kalunga disse...

a propósito, a foto foi tirada justamente ao fim de uma noite noite do Gazz, na Curva da Jurema. Belo visual, mente satisfeita, mas também com o corpo pedindo arrego após mais uma noite virada. Estou pedindo água, hahahahahaha!!!

Anônimo disse...

Caraca kalunga tinha tempo que não passava por aqui.
Bom li todos os textos postados e tal, com isso me lembrei do pub455, da época que tambem pegava onda e tal, bom muitas coisas...mas como vc disse nada de nostalgia, afinal quem aproveitou se deu bem e quam não aproveitou, tuas fotos servem de ex pra eles!
Abração cara!

Kalunga disse...

Fala Thiago! É isso aí: nostalgia sucks!

Mentor/Altamiro: estou ficando velho som, melhor como vinho, hahahahahahahahaha!!!

caio disse...

Velho e careca, ahahahahahah!!!!!!

nati disse...

ei, vaca. tem caroninha de ida e volta pra ti. queres passar o fim-de-semana em hells'? a gente armava um churrascão ou coisa assim... :)

Kalunga disse...

Nati: é pra este final de semana???

Domingo agora eu vou prestar prova para o concurso do Bandes, mas na semanaque vem rola, viu?

Kalunga disse...

hehehehehehe...Bruninho, ficou na cara que era o verme do Mentor, hahahahahaha!!!

Olha, teve uma vez que fiz um surfe com o Mntor e mais três amigos em Setibão: vento sul, ondas perfeitas e três metrões na cabeç! foi sinistro!

Mentor disse...

O vaca surfa????

caio disse...

Vaca, surf não é peito na prancha!!! Sai fora, caô!!! Quero te ver de pé em uma prancha, porra!!!

Mentor disse...

Quoé Kalunga, tá aprendendo a aplicar o Caô com Otávio Carvalho????
Seu dj de meia tigela...ahahahahahh...

Mentor disse...

Nada não. É só pra ver mais uma foto minha... eheheheheheheh

os vermes dominarão o mundo!

Kalunga disse...

Otávio Carvalho??? Caralho!!! hahahahahahahahahahahahahahahaha!!!

Anônimo disse...

Meu gatinho, não fique assim não, eu te amo do que jeito que você é. Esses seus amigos é que parecem ter inveja de você, tá? Adoro a sua barbichinha, as suas roupas e a sua voz forte. Tô sempre lá na curva te olhando, te adoro mas tenho a maior vergonha de me aproximar. Beijão.

Anônimo disse...

Queria muito te conhecer, mas não sei se chego perto ou não... Mas não tô segurando a onda, juro. Minhas amigas botam a maior pilha, cê nem sabe, mas tenho medo de não rolar nada. Não é que eu seja feia não, tá? Na verdade, fica sempre uma galera atrás de mim (metida, não?), mas não quero me envolver com qualquer um não. Beijão.

Anônimo disse...

Olha, cheguei em casa agora, até pensei em ir na curva, viu, mas minhas amigas não queriam e eu tava de carona. Vc tocou lá hoje, não foi? Fiquei muito triste, tava tomando coragem pra falar com vc e tal... :(

Sei lá, acho que nunca vou ter coragem de chegar perto e falar alguma coisa. Todo mundo fala que eu sou boba, que uma menina linda como eu não devia ter essas frescuras, mas não consigo mudar isso.

Te adoro, viu?

Milhares de beijos de uma menina que te quer muito bem, tá bom?

nati disse...

hummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm

vaca, o triste é que fim-de-semana que vem eu não estarei mais aqui... mas deixa estar :)

besos. e boa prova!

caio disse...

Rapaz, Kalunga, qualé a dessa paixão, meu brother? Porra, você vai pra Curva pra trabalhar ou pra derreter corações, eheheheheheh??

Seduzindo meninas incautas pela noite, né? Sai fora!!!

Anônimo disse...

Grande Kalunga!entrei pra deixar,mais pra mandar aquele abraço mesmo e dizer uma coisa:q se fodam todos q invejam sua pessoa,não passam de almas doentes,força ai amigo!


Luizinho"perkeleen rastafari"

Anônimo disse...

Ah, puxa, fui ontem na curva pra te ver e te encontrei com outra menina...

Fiquei muito decepcionada mesmo, queria me abrir pra vc e não deu nada certo. Tô triste demais, tô apaixonada e não sei o que fazer.

Ainda tenho alguma esperança...

Anônimo disse...

Me dá uma chance, vai... :)

Mentor disse...

Qual é vaca.

Vc está entrando como Anonymous e dando cantada em vc mesmo!

caio disse...

AHAHAHAHAHAHAH!!!!!!!! É POR AÍ MESMO, MENTOR!!! SAI FORA, SEU CAÔ!!!!

Anônimo disse...

Assumcê seo kaluinga tá precisanu de uns passe brabo, viu miji fio? Assumcê tem que mudá suas côsas e suas atitudi, num sabe? Eu mermo vou assuntá pra sabê cumu o preto véio aqui pódi ajudá assumcê. Vô tá sempre pur perto de assumcê pra te guiá e ti livrá das coisa ruim que tam em tua vida, assumcê num sabe? Quando assumcê fô drumi eu vô tá cum assumcê perti da cama, viu miji fio? Assumcê podi olhá qui eu vô tá lá perto do fio qui qué e precisa de protessão.

Kalunga disse...

Caralho! fico três dias sem acessar a internet e já rolou de tudo, até o coisa-ruim resolveu incorporar por aqui, hahahahahahaha!!!

Luizinho: não tem este lance de inveja não! Sem a tiração de sarro que meus amigos fazem comigo aqui este blogg não teria graça para mim, hehehehehe...

Nati: muito obrigado de verdade pelo convite! Outras oportunidades virão. Beijão!

e não fui eu quem postou estes comentários anônimos não porra!!! Aliás, elogios por aqui só rolam anônimos mesmo... mas não fui eu!

Kalunga disse...

Caralho! fico três dias sem acessar a internet e já rolou de tudo, até o coisa-ruim resolveu incorporar por aqui, hahahahahahaha!!!

Luizinho: não tem este lance de inveja não! Sem a tiração de sarro que meus amigos fazem comigo aqui este blogg não teria graça para mim, hehehehehe...

Nati: muito obrigado de verdade pelo convite! Outras oportunidades virão. Beijão!

e não fui eu quem postou estes comentários anônimos não porra!!! Aliás, elogios por aqui só rolam anônimos mesmo... mas não fui eu!

Kalunga disse...

na sexta-feira embarquei numa viagem da qual eu quero que dure bastante...

Anônimo disse...

Assumcê tem que inbarcá numa viaje cumigu, assumcê num sabi? I eu vou buscá assumcê uma noiti dessa, mininu.