quinta-feira, maio 19, 2005

Computadores Fazem Arte – Parte I


Foto by: Kalunga

A década de 1990 pertenceu à música eletrônica. Nenhum outro gênero musical cresceu, tomou forma e poder e se expandiu tanto quanto a música produzida por meio de instrumentos eletrônicos no período citado. Foi nesta década que definitivamente o espectro dos bits infestaram todos os poros da música pop, dos novatos atrás da última modernidade a medalhões do classic rock que ainda estavam vivos. U2, Mick Jagger, Radiohead, Madonna, Rob Halford, rock, pop, heavy metal, a sua mãe também – difícil é afirmar quem não correu (ou apelou, dependendo da perspectiva) atrás dos códigos binários. É caso de cegueira crônica ou de ignorância explícita ignorar tal fato. A dita “invasão” ocorreu forte e abrangente, e fez surgir aquelas velhas guerrinhas bobas tipo “o rock morreu, viva os DJs” ou “música eletrônica não possui alma”. A coisa foi tão grande que, se você não foi infestado, acabou tomando antipatia pelo negócio.

Nos anos setenta a eletrônica estava associada aos mastodontes do rock progressivo, com suas parafernálias enormes e caríssimas que ajudavam a distanciar cada vez mais a casta dos músicos virtuoses dos meros mortais que não estudaram seus instrumentos em conservatórios. Mas uma dupla de alemães bem cabeçudos (e, contradição máxima para muitos, com formação clássica e erudita) resolveu colocar em prática a influência seminal dos primeiros discos do Pink Floyd e do experimentalismo sonoro de Stockhausen e Jon Cage, e converteu tudo num minimalismo abissal, radicalmente eletrônico e inovador. A matriz foi um mero dispositivo para um conceito musical único, baseado em sonoridades basicamente rítmicas e com a melodia reduzida ao básico – ou simplesmente eliminada. Half Hutter e Florian Schneider, o cérebro teutônico da usina de força Kraftwerk (esta é a tradução literal do nome), como não poderia deixar de ser, foi categorizada como “a morte da música” – a mesma que veio a necessitar posteriormente de certos aparelhos para respirar.

Alguns fisgaram a isca. Giorgio Moroder pegou a disco music e a atolou em um inferno de sintetizadores kraftwerkianos. David Bowie, esperto e/ou visonário como sempre foi, adotou o Kraftwerk como banda favorita e gravou, no final da década de 70, os discos “Low” e “Heroes”, totalmente influenciados pela estética musical daqueles alemães. A new wave surgia como uma continuação do espírito “do it yourself” amplificado pelo punk rock – que naquele momento perdia seu fôlego. Enfim, nos anos oitenta, o valor baixo dos sintetizadores, seqüenciadores e baterias eletrônicas permitiu que cidadãos comuns (e não músicos abastados de conservatórios) pudessem produzir música puramente eletrônica também. Enquanto a estética oitentista privilegiava, na superficialidade do mundo pop, o exagero e o mau gosto na música e nas atitudes, outras pequenas revoluções aconteciam em subterrâneos de locais distintos como Chicago, Detroit, Londres, Nova York, Berlim e Bruxelas.

Muitos DJs de localidades distintas, deslumbrados com as possibilidades permitidas por algumas maquininhas eletrônicas, começaram a testar bases e seqüências com colagens típicas dos riscadores de vinil. Dali surgiram as bases para a dance music e seus sub-gêneros (house, techno, trance, etc.) e também para uma nova invasão da música negra: o rap/hip hop (não nos esqueçamos do dub, fruto das chapações canábicas nos estúdios da Jamaica). A eletrônica promoveu uma radical democratização na música ao permitir que gente com muita informação musical - mas sem qualquer formação em música - pudesse pôr em prática (no caso, no vinil) suas idéias. Por outro lado, a Europa e um gueto particular nos EUA (Chicago) levavam a fundo os preceitos do Kraftwerk na sua linha mais pesada e experimental. A chamada música industrial era séria, marcial, dançante e por vezes barulhenta. Tudo isso ocorreu nos anos oitenta. Nos subterrâneos não havia espaço para a banalidade estapafúrdia sempre associada a este período.

Chegamos aos anos noventa. A música eletrônica havia amadurecido e os instrumentos computadorizados estavam cada vez mais simplificados e acessíveis. Bastava apenas ocorrer o que se realizou de fato: uma verdadeira invasão por todos os cantos possíveis da música popular de todo o planeta. Sex Pistols se encontrou com os breakbeats (Prodigy); soul, funk, jamaica e hip-hop sombrio deram cria a algumas das mais belas peças da música contemporânea (Massive Attack, Portshead); ícones do pop/rock clamavam por participações em um disco da outrora banal dance music (Oasis, em quase todos os discos dos Chemical Brothers); a música industrial, difícil e pesada, ganhava lugar cativo como ídolos de adolescentes (Nine Inch Nails e sua cria Marylin Manson); o heavy metal, cujos músicos e fãs corriam da tecnologia como o diabo da cruz, adotaram os barulhos sintetizados (Ministry, Fear Factory, Rammstein); grupos de rock que ganharam o status de cult e inatingíveis enxergaram, sem preconceitos, que a eletrônica poderia expandir sua genialidade (Radiohead, U2); fora os guetos underground, que produziam novas variações da música eletrônica a todo momento... As reticências são necessárias aqui, pois é preciso deixar em aberto para não cometer injustiças ao esquecer de mais (muitos outros mais) alguma manifestação semelhante.

Onde eu quero chegar:

Precisei fazer uma espécie de “introdução” do tema para pôr em prática meu objetivo principal que se inicia aqui. A internet, desde o seu surgimento, vem provocando uma das maiores revoluções na produção e nas formas de se utilizar os meios de comunicação. Aquele papo entusiasta e por vezes apocalíptico ( baboseiras como “os livros não existirão mais”, “as pessoas só conversarão pelo computador”, “sexo virtual substituirá o contato humano direto”) já ficou para trás. É uma realidade presente. E, logicamente, a web também se tornou mais uma peça – poderosíssima – de disseminação de toda forma de cultura, inclusive a da música eletrônica. Softwares de produção musical circulam livremente pela rede, permitindo o acesso a qualquer um por meio de um simples download.

Todo o processo de evolução que descrevi nos parágrafos anteriores deságua no objetivo principal deste texto: entrevistar e colocar em debate três pessoas que escolhi por estarem envolvidas diretamente no final deste processo todo, a partir do momento que se utilizam de tudo o que fora citado para simplesmente dar vazão às suas idéias em forma de música eletrônica. Não vou ganhar nada com isso além de enfocar algo que me dá bastante prazer e do qual estou envolvido há bastante tempo. Tanto tempo que escrevi tudo isso por conta do que me veio à cabeça no momento, do que venho assimilando com afinco ao longo de mais quase vinte anos anos. O universo da música eletrônica pode parecer bastante vazio para os leigos ou desinteressados que vêem um bando de gente gastando suor e torrando neurônios com anfetaminas numa pista de dança com som repetitivo. Isso rola também, mas esta superficialidade está longe de resumir o que penso sobre isso tudo.

*A entrevista com os três será publicada muito em breve, pois só depende de apenas um responder às perguntas. Depois haverá uma audição de suas produções próprias em um lugar em comum, jogarei algumas cartas na mesa para o debate, e publicarei o resultado aqui. Aos interessados, que fiquem ligados.

56 comentários:

Anônimo disse...

Kalango disse...
O que interessa nisso tudo, é o fato de que estamos a todo momento sendo bombardeados por novidades musicais e que, quem já possui bases sólidas, sabe separar o joio do trigo.
Pinçar algumas raras vantagens dessa parafernália eletrônica é algo um tanto quanto difícil, mas elas existem sim, mesmo que quase invisíveis. Diante disso fico tranqüilo vendo o tempo passar e as coisas acontecerem na música, como quem vê o homem a todo momento desafiar a magnitude de DEUS, tentando imitá-lo ou até mesmo suplantá-lo. DEUS no caso a quem me refiro, são os Deuses do ROCK´N ROll.A nós humanos resta aceitar essa diferença e berrar.... VIVA O RAMONES !!!

Anônimo disse...

Kalango disse...
O que interessa nisso tudo, é o fato de que estamos a todo momento sendo bombardeados por novidades musicais e que, quem já possui bases sólidas, sabe separar o joio do trigo.
Pinçar algumas raras vantagens dessa parafernália eletrônica é algo um tanto quanto difícil, mas elas existem sim, mesmo que quase invisíveis. Diante disso fico tranqüilo vendo o tempo passar e as coisas acontecerem na música, como quem vê o homem a todo momento desafiar a magnitude de DEUS, tentando imitá-lo ou até mesmo suplantá-lo. DEUS no caso a quem me refiro, são os Deuses do ROCK´N ROll.A nós humanos resta aceitar essa diferença e berrar.... VIVA O RAMONES !!!

5:50 PM, Maio 19, 2005

caio disse...

Olha, não sei se realmente devo comentar o post, pois concordo/discordo de modo tão veemente que temo parecer contraditório e incompreensível, hermético mesmo. Só como palhinha, gostaria de afirmar que música é música, e no fundo o que importa é o resultado dos esforços empreendidos, quaisquer que sejam os instrumentos utilizados. Seja um computador, seja um violão velho, o sujeito TERÁ que construir melodia, harmonia e ritmo (letra e arranjos ficam como uma alternativa). E, ao menos nas pistas que rolam a "música eletrônica", confirmei - in loco ou não - a ausência de dois desses elementos (harmonia e melodia), ou quando muito a adição pobre da harmonia/melodia. Por enquanto basta.

caio disse...

NIN, Prodigy, Massive, Portishead, CB e outros só atingiram a notoriedade por aproximarem-se do formato rock, a eletrônica apenas colorindo a sua música. Artistas eletrônicos ortodoxos não saem de seus guetos, isto parece-me claro. Esses nomes, entre outros, possuem postura pop/rock (Massive e Portishead com o blues/soul, NIN, Prodigy e CB com o rock). Fatboy Slim apenas pincelou a sua música com elementos da e-music. O Pink Floyd nunca fez nada que sequer lembrasse a eletrônica; mesmo nos primeiros discos apenas casou a psicodelia sessentista com estranheza harmônica e arranjos ousados, mas era e sempre foi música orgânica, estrutura rock pura. David Bowie fez algo do gênero, nada próximo da e-music, apenas levou aos discos de então o clima gélido da cidade em que residia, Berlim. Mas era basicamente o Bowie de sempre, inspirado, melódico, melancólico, líder de banda de rock. E o que artistas como U2 e Radiohead fizeram, mesmo nos momentos mais vanguardistas (ahahahahah), nada mais foi que dar ao seu som uma matiz diferente para músicas claramente pop/rock, plenas de melodias assobiáveis, o refrão ganchudo na cabeça, a construção da harmonia falsamente caótica. O Floyd permitiu-se no máximo usar de cacofonia em alguns poucos momentos, desconstrução musical e experimentalismo visceral, algo típico dos ´60.

Kalunga disse...

Caio, os artistas que citei, foram para situar os que não aceitam a dita "invasão", pois os tais são apenas "infiltrados" pelo som eletrônico. Infelizmente, para falar de música eletrônica para quem não conhece ou não gosta, é preciso associá-la ao que é lugar-comum ou mais banal/normal ao gosto comum do formato pop/rock. O contexto deste post (pelo menos na parte explicativa) foi de invasão deste gênero musical em outros. Se eu for escrever aqui somente sobre a música eleteônica e as suas mais variadas formas de viablilazação, sendo estas puramente dentro do conceito desenvolvido pelo Kraftwerk, sinceramente eu acho que ninguém que comentou aqui até agora seria capaz ou teria paciência para ler até o final.

Tenho muito a falar sobre isso, mas tenho que me encher de dedos sempre que for falar para quem não está familiarizado com este tema/cultura/gênero musical???

Os próximos posts desta série serão cada vez mais intragáveis para vocês...

Kalunga disse...

Este papo de diferenciação de "música humana" ou "feita por deus" é um clichê que não cola comigo. A não ser no mundo criado em filmes tipo Matrix, toda execução informatizada parte de uma idéia humana. O que é criado a partir disso depende a criatividade que provém de neurônios orgânicos.

O resultado pode ser totalmente diferente do padrão geral da música pop/rock. Há outras formas de absorver tal tipo de música. Cabe a você se permitir tal quebra de paradigma - para muitos realmente soa como um choque incompreensível.

Kalunga disse...

Bastava apenas ocorrer o que se realizou de fato: uma verdadeira invasão por todos os cantos possíveis da música popular de todo o planeta

Falei apenas da tal invasão no conexto tradicional da música pop/rock. É um ponto de partida. Se quiser seguir à frente nesta estrada, boa sorte. Se preferir guiar pelo mesmo caminho de sempre, seja feliz também! Não quero obrigar ou converter ninguém a esta altura.

Kalunga disse...

Érica, eu bato fotos com minha camera digital e as posto no http://www.photodump.com

De lá eu utilizo o comando de html disponível no template (localizado acima do local onde vc posta o texto no blogger) para linkar (puxar o endereço da foto postada no photodump) a foto para meu blogg

Kalunga disse...

e tome erros de digitação... vou dormir!

Kalunga disse...

Pink Floyd é sensacional!

Kalunga disse...

a música eletrônica sobrevive por si só. os artistas pop/rock citados usaram-na como uma muleta. azar ou sorte deles! interpretem como quiserem! existe um mundo que caga e anda no que gira do lado de fora.

Mentor disse...

Eu quero o resultado das entrevistas/questionários/síntese de sons ouvidos e etc... O restante já foi batido em outros posts.

Só mais uma coisa, eu sou a favor da hiperinformação (verdades e falácias), o que está rolando ainda é pouco, muito pouco.

caio disse...

A questão permanece: há música no meio eletrônico? A minha resposta é: quase nunca; o que vemos é ritmo, ritmo, ritmo, ritmo e nada mais. E música deve ser o resultado da soma de dois ou mais dos seguintes elementos: harmonia (a condução sobre a qual a música é costurada), a melodia (a alma da canção), o ritmo (a marcação, um dos alicerces), a letra (o discurso) e os arranjos (a palhetada de cores). A e-music quase sempre despreza grande parte desses elementos, está claro. Quando estes são jogados em um só caldeirão, não temos música eletrônica, temos MÚSICA, banda tocando, órgãos em sintonia, com uma PITADA (apenas isto) de um outro universo.

Kalunga disse...

Caio, por incrível que pareça, também concordo e discordo ao mesmo tempo do seu último comentário. O papo de "a morte da música" que rolu quando o Kraftewrk surgiu ao mundo foi justamente, acredito eu, por contra desta quebra de conceitos, quando o termo música soa insuficiente ou injusto para definir tal manifestação. E a música eletrônica utiliza-se sim do formato pop/rock, assim como o minimalismo erudito, o industrialismo do início do século XX, a literatura de George Orwell, enfim, é conceitual de diversas formas mas definitivamente não parte somente do formato padrão de música popular (harmonia, letra, estrofe, refrão, etc.). E a e-music essencialmente rítmica é apenas uma facção dentro deste universo: trata-se da dance music. A música industrial e a EBM (electronic body music), por exemplo, possui um conceito que abrange a utilização massiva de instrumentos eletrônicos - porém, tocados por humanos e não somente programados de fato (tipo percussão eletrônica, synths tocados "na mão"), melodias e harmonias extremamente minimalistas (mas existem vocais e harmonias de fato) e quase em tom de palavras de ordem com oque se fossem (e são) criados para fixar uma idéia na sua mente e também por meio da dança (daí o nome "electronic body music", que fora criado pelo Front 242). Música eletrônica definitivamente não se enquadra tão somente no ritmo. Basta ouvir o Kraftwerk!

Kalunga disse...

Mentor, vou jogar híper informação sim!!! O resultado da primeira parte desta entrevista/debate só depende da porra de um dos entrevistados responder. A coisa será muito mais profunda, pois a tal "introdução" foi para situar quem conhece pouco ou nada sobre música eletrônica no contexto que ela é que muita gente insiste em ignorar: um gênero musical forte, sério, consistente, amplo e muito mais antigo do que se imagina. posso até estar tirando onda, mas mergulho de cabeça e com paixão neste universo desde guri, portanto eu sei do que estou falando - e ainda sei muito pouco!

Kalunga disse...

Acima de tudo, Mentor e Caio merecem todos os meus elogios por entrarem nesta discussão como entraram: questionando, citando, fuçando, concordando, discordando.

Não desmereço a opinião dos outros que comentaram, mas eu quero mesmo é mais profundidade nesta questão!

putz, acabei dando uma pala gay...

Kalunga disse...

putz, acabei dando uma pala gay...

Mrlips disse...

Acho uma bobagem das grandes essa diferenciação de musica/não musica. Se não fosse a revolução eletronica o rock roll estaria chafurdando num lamaçal a espera da fossilização. A estética punk esta muito melhor representada atualmente num disco do NIN, Chemical Bros,Depeche Mode e outros que usam e abusam dos "blips e ploins" do que um show dos Pistols.

Mentor disse...

O certo é que música é música, independente dos meios utilizados para sua provocação (seja a voz ou qualquer parte do corpo, seja um instrumento clássico ou um computador), o Caio se expressou muito bem, principalmente quando diz que para que haja "música", tem-se que necessáriamente ter no mínino dois dos elementos músicais (são eles: rítmo; melodia; harmonia. Podemos acrescer a isso a letra, o silêncio e o ruido).

*Caio, o arranjo já está diretamente ligado à harmonia da música.

*Vaca, esse lance da história da e-music é mais ou menos por aí. Vem desde a música concreta, aliás, desda música futurista, expressionista, atonal e o "caraiaquatro". Porém, há no mercado da e-music muito "batistaca"... o que se aproxima do rock n' roll fácil... "burro"...

E só mais uma coisa. Estamos em 2005, quase tudo é "pincelada", quase tudo é mistura. Isso me dá medo... quero voltar à origem das coisas... "protos", "protos", "protos"!

Kalunga disse...

Lips e Mentor: suas últimas opiniões basicamente completam as minhas. E, deixo claro aqui, que em momento algum sugeri um gênero musical sobrepondo o outro.

Bruninho: o Nirvana basicamente durou três anos para o mundo pop. Na minha opinião, não provocou revolução musical alguma, apenas pôs fim a um era, iniciou uma fase do rock and roll muito boa (ainda que fosse um reciclo de punk, garagem e metal dos anos 70), e morreeu junto com o turo na cabeça de Kurt Cobain. Digam o que for, mas a música eletrônica dominou completamente os espectros de evolução nos formatos da música popular (leia-se rock. pop, reggae, etc. e por aí vai). Resumir uma década como a passada apenas ao Nirvana, na minha opinião, é um ato cego, preguiçoso. Os argumentos eu ofereci no post.

caio disse...

Kalunga, seu grosso (sem duplo sentido, por favor)!

caio disse...

"...o Caio se expressou muito bem, principalmente quando diz que para que haja "música", tem-se que necessáriamente ter no mínino dois dos elementos músicais (são eles: rítmo; melodia; harmonia. Podemos acrescer a isso a letra, o silêncio e o ruido)."

Mentor


"Lips e Mentor: suas últimas opiniões basicamente completam as minhas. E, deixo claro aqui, que em momento algum sugeri um gênero musical sobrepondo o outro."


Kalunga



- Quer dizer, então, que o Kalunga concorda comigo. Eheheheheh...

Obrigado.

Anônimo disse...

Por favor, alguém aí nesse mundinho pop já ouviu falar de música atonal?
??????????????????????????????
E de poliritmia?
??????????????????????????????
E métodos de síntese mulitimbral?
??????????????????????????????
Eu acho que está faltando conhecimento, seus devotos da Santa Ignorância... pelo menos vcs sabem ler e escrever. E já que o que rola é a cultura POPMTV, faça como eles mandam: DESLIGUE A TV E VÁ LER UM LIVRO!!!
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Kalunga disse...

basicamente o conceito de "música" não se limita ao formato padrão baixo\guitarra\bateria\voz\melodia da música popular. definitivamente toda esta discussão sobre o que "é música e o que não é música" cai por água abaixo quando a grande mioria aqui despreza uma história que começou no início do século XX - bem antes de rock ou pop terem sido criados.

Dêem o nome para esta atitude:
ignorância
cegueira
acomodação

ou citem vcs o nome disso.

Kalunga disse...

como falei antes, os próximos posts serão cada vez mais intragáveis para a maioria.

microssampling, minimalismo atonal, industrialismo acústico, digitalização por meio de analógicos... e nenhuma sombra de pop ou rock.

Kalunga disse...

Cenas dos próximos capítulos:

Clock DVA, Einsturzende Neubaten, Silver Apples, Stockhausen, Skinny Puppy, Ricardo Villalobos, Front 242, DAF, Jeff Mills...

caio disse...

Não entendi, O Tourco está falando sério e dando uma de 12? É isto mesmo? Foi uma tourcada e eu devo levar na brincadeira? Ou fui chamado mesmo de ignorante? E o Kalunga está sugerindo que o assunto em questão não merece o meu comentário, que devo afastar-me? É isto mesmo também? Puxa, podia dar um chilique daqueles, mas prefiro ficar na minha e deixá-los a sós. Quanto a ler um livro, bem, humildemente devo dizer que poucos - muito poucos - de minha relação devem ter lido tanto quanto eu. E de tudo um pouco e um bocado. Nevermind e boa sorte.

Pro Kalunga, só um toque: o que nos afasta é uma caixa de água. O que isto quer dizer? Bem...

caio disse...

Aliás, não se preocupem em me responder neste espaço, pois não voltarei mais aqui (portanto, não poderei ler qualquer resposta). Afinal, sou ignorante em matéria de metal e e - music. Porra, como sou burro!

caio disse...

Adeus.

Mrlips disse...

"E só mais uma coisa. Estamos em 2005, quase tudo é "pincelada", quase tudo é mistura. Isso me dá medo... quero voltar à origem das coisas... "protos", "protos", "protos"! "

Mentor vc citou uma coisa importante. E dificil de se ouvir qualquer coisa hoje em dia que não esteja carregada de referências - pode-se se chamar de pura "chupação" ( Caio, essa tem duplo sentido!). Ta foda ouvir algo novo, mais NOVO mesmo hoje em dia.

nati disse...

estou atrasada aqui neste post e os comentários se embolam todos no começo, ficando ilegíveis... pena.
de qualquer forma, a pala apocalíptica não tá com nada e eu acho uma coisa boa demais essa democratização permitida pela música eletrônica e de que você fala tão bem no texto...
espero as entrevistas, menino.

nati disse...

e, lips, por que essa obsessão pelo NOVO? meu deus, já não superamos isso? quando foi que você ouviu algo NOVO? hum, acho que não, hein?

sem purismo, pessoal...

Kalunga disse...

Infelizmente o tal assunto sobre empirismo se fez presente por aqui. Simplesmente ninguém aceita argumentos sólidos por puro preconceito. Ofereci uma história situada no contexto de quem enxerga o assunto na superficialidade - para quem não está habituado com este tema poder refletir mais profundamente e possivelmente se interessar. Então, me confronto com visões "puristas"? Porra, os fatos estão aí, sugeri revisão de (pré)conceitos sobre algo que sim, a grande maioria que comentou aqui não conhece o suficiente para simplesmente desprezar por completo tudo o que foi escrito.

Até certo ponto a discussão estava legal, mas simplesmnte - mais uma vez - não enxerguei uma abertura para o conhecimento da causa e sim uma sucessão de rebates sobre os argumentos sólidos que apresentei. Porra, no próprio post eu sugeri que esta briguinha de "e-music vs rock" é uma besteirada sem sentido, e de repente quase todo mundo (Mentor, Caio, Bruninho, Kalango) que comentou parece ter caído nesta onda que eu mesmo tentei cortá-la pela raiz no próprio texto???

É um desprezo? É pegação de pé? É cabeça fechada? Porra, e o papo sobre banalidade, só se resume ao contexto pop/rock? Meu objetivo aqui não é sobrepujar ninguém, mas os erros que eu achei que não rolariam simplesmente vieram à tona? Pensem nisso.

Kalunga disse...

A esta altura, eu ainda quero acreditar que há novas formas (para mim não é nenhuma novidade) de absorver determinados gêneros musicais por parte de meus amigos.

Digam, todos os envolvidos: estou perdendo meu tempo?

Estou sendo um IDIOTA em tentar tal coisa?

Quero respostas!

Mentor disse...

Kalunga que história é essa de e-music vs rock n' roll???? Até então, nesse post, não comentei nada nessa onda.

Bom, já que vc provocou então vai lá: Cara, o rock já acabou (morreu) e a e-music ainda nem começou (nasceu)!

Vejo que há, ainda, na e-music, a que me vale, muita "experimentação"... Eu curto muito isso, vc sabe os sons inviáveis que eu tenho. Porém, a coisa ainda não tomou corpo e nem se "popularizou". Já a que se tornou "pop", essa é meio fraca mesmo... "Ritmo, ritmo, ritmo...”.

Já o rock 'n roll, esse já se desgastou em suas várias formas e formulas... E vc sabe que eu curto muito as várias do rock... Eu quero é ser surpreendido e essa surpresa tem que ser original, pura, cristalina, nova... E isso é impossível.

Nesse ponto, o do rock n' roll, eu sou um pouco ortodoxo mesmo. Eu ouço Dylan, Hendrix, floyd... Eu curto a ruptura, a mudança de paradigma, mesmo que a vida continue e que as coisas coexistam. Mas que haja o novo sempre. É purismo, eu sei, eu sou metafísico, eu curto esse lance de essência, de clarividência, de genealogia das coisas.

Bem, só pra não ser mais chato. A genealogia da E-MUSIC, em muito me interessa, e vc é uma das pessoas que eu tomo como referência.

Kalunga disse...

não acredito em confronto entre gêneros musicais, mas sim na união em prol da produtividade, da inovação, da quebra de conceitos, enfim, da evolução!

Kalunga disse...

Nati: a entrevista só depende de umma pessoa responder. Depois haverá um debate. Do jeito que a discussão caminhou até aqui, os envolvidos na entrevista deverão se sentir numa arena, pois a responsa ficou grande...

Anônimo disse...

Mesmo sabendo que não serei lido, vou responder... ;) Afinal de contas, apesar de eu não ter citado nomes, alguém vestiu a carapuça, e merece ter sua revolta comentada...
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Digo que, apesar de termos ouvido todas as músicas e lido todos os livros, e possivelmente visto todos os programas de TV, o que ainda nos deixa MUITO BURROS é achar que o simples acesso à informação produz conhecimento. A única coisa que nos torna menos ignorantes é a EXPERIÊNCIA, não são os livros, os discos e nem os amigos, e muito menos os programas de TV.
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RESUMINDO... Dizer que "não gosta" ou "não entende" ou "não etc..." é a melhor maneira de continuar ignorante, pois isso nos afasta da experiência direta.
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Prefiro ser ignorante a respeito de muitas coisas... Mas sobre elas me calo, ou pelo menos procuro ouvir mais do que falar, ao invés de tentar procurar interpretá-las da mesma maneira que as coisas de que gosto.
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Esse é o meu recado: não é feio ser ignorante, basta não polemizar... Um exemplo: niguém vai me ver polemizar sobre futebol, hardcore, jiló cozido, pagode romântico, estelionato, etc, porque sobre estes assuntos e outros mais vou permanecer ignorante por muito tempo, e por opção...

Mentor disse...

Evoluir sem confrontos é meio difícil... As questões humanas (e a cultura é uma delas - dentro dela a música -) estão repletas de confrontos (bem/mal; bonito/feio; etc...) e são eles que nos dão referências para a maioria de nossas ações (práticas e reflexivas). Porém concordo em muito contigo... por exemplo, no confronto das diferenças nascer algo novo.

Eu sou purista sim, mas eu quero o puro do novo das misturas. Um novíssimo caboclo, um novo cafuzo, um mulato ultra-novo... Saca, é da mistura mesmo, não é de "PINCELADAS" não, é da ousadia.

Só mais uma coisa, o seu texto está claríssimo. Ele é apenas uma introdução de algo que vem ainda por aí (sem pala gay). E acho que vem coisa boa... Mas sem essa de querer catequizar o mundo... Deixa cada qual com as sua experiências e com o seu tempo. Mas também não deixe de querer aplicar a galera...

Anônimo disse...

Essa porra desse blog tá uma torre de babel, o lance do Nirvana, foi apenas pra causar polêmica caro amigo Vaca!!!
Perdoe a minha ignorância musical!!!
Vou insistir no fato: Nirvana é o q há na década de 90 e ponto!!
Musica eletrônica e industrial?
Isso sim ñ merece nem uma porcentagem das letras do meu teclado!!!
Joventina do Soteco!!!

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!
Isso aí man!!!
Abraço!!!
Joventina do soteco!!!

nati disse...

colorir é lutar até cair.

Mrlips disse...

Nati!!!
Quando disse algo NOVO talvez tenha sido egoista e falado do que sinto a respeito do que tenho ouvido ultimamente (Bloc Party,Raveonettes,Coldplay,Oasis e outros bichinhos estranhos.
Sei la depois de absorver tantas coisas "originais" fica mei dificil de desligar a tecla "comqueissoparece"...

Kisses!

Kalunga disse...

Mentor, a esta altura do campeonato, com tantos preconceitos e interpretações erradas, nem vale mais á pena comentar teu último (e interessantíssimo)comentário - prefiro discutir isso pessoalmente.

deu no saco! não dá para tentar fazer as pessoas entenderem o que elas não querem entender.

sobre meu questionamento em algum dos comments lá atrás, acho que eu sou um IDIOTA mesmo, putz...

Kalunga disse...

Mas também não deixe de querer aplicar a galera...

desde meus quinze anos que venho tentando...

eu sou um IDIOTA.

Anônimo disse...

kalango disse: Kalunga estou achando interessante o assunto e não quero confrontar gêneros, até porque isso não se faz necessário para mim, pois vc já sabe do que gosto. A questão é ter humildade para ouvir o que esse raio de música eletrônica tem a me dizer, já que até agora, para mim tá um pé no ovo. Abasteça-me de informações.
UM ABRAÇO PRA JOVENTINA DE SOTECO !

Mrlips disse...

Vaca essa estoria de ficar reclamando que ninguem entende o que vc dizer é um pé no saco!!!

Escreva sobreo sexo dos anjos e o caraioaquatro, mas escreva!!!

Kalunga disse...

Isso tudo desgasta, viu?

E o pior é que eu acabo ficando com a pecha de "defensor até a morte da música eletrônica", aquele cara que fica com trocentos discos e mil páginas de argumentos tentando catequizar a falta de interesse alheia. O pior que é isso mesmo, putz!

Só que eu amo este gênero musical, vivi esta porra desde criança, me sinto ofendido por ver tanto descaso para com sua importância, ao mesmo tempo que amo rock and roll quase da mesma forma, e acabo fazendo papel de idiota SEMPRE em relação aos amigos (sim amigos) que não dão a mínima para isso. É aquele papo tipo "ah, deixa o cara falar/escrever/botar este tipo de som um pouco para não encher o saco depois" - isso rola desde sempre! Exceções existem, pra tudo na vida aliás. Mas eu cansei de fazer papel de otário neste quesito. Querem conhecer algo nesta praia? SE VIREM!

A amizade continua indo firme e forte, aos trancos e barrancos - como convém relações sólidas e duradouras do tipo. Quando diferenças ideológicas começam a afetar neste campo, é hora de cada um ficar na sua e tocar para a frente.

nati disse...

tá bem, mas de vez em quando dê uma aulinha (por internet ou numa mesa de boteco) sobre música eletrônica porque agora eu finalmente tava começando a entender alguma coisa!

Mrlips disse...

Ao desistir vc simplesmente joga fora sua paixao pelo genero. Escreva, ate nas paredes, mas escreva. Tem um maioria muda (que nao comenta) que tem sede de informação, de buscar novos generos e ate ouvi-los. Agindo dessa forma, sua atitude sera de um egoista que quarda o que tem de melhor dentro de um caverna.
Dane-se os comentarios cheios de ironia,os pseudo-elogios com intençao mais de agradar um amigo do que absorver, dane-se!!!

pegoretti disse...

Vaca eletronica,

A minha opiniao sobre esse bla bla bla todo.

De que adianta ficar calado, ze mane?

Deixar de expor o que pensa por nao agradar/convencer quem quer que seja e' uma grande bobagem!
Sempre existira rigidez em demasia por parte de uns, ridicularizacao por parte de outros e aceitacao cega tambem. E isso nao e' so' na musica, e' na vida. Acontece a toda hora e em qualquer parte do mundo. E no fundo ninguem esta errado!
E' direito de qualquer um agir da forma que quiser, rejeitar ou aceitar cegamente as coisas. PQ? Pq nao ha verdade em nada!
Por exemplo, li em alguns coments acima a tentativa de equacionar a musica com o proposito de desqualificar a musica eletronica.
Pois bem, se pergutarmos aos musicos eruditos o que eles acham do Rock'n Roll a maioria responde na lata que isso nao e' musica. No sentido ironico, claro.

A resposta mais comica que ouvi foi a de um professor, ja sessentao, de Brasilia. Ele disse mais ou menos o seguinte:"O rock e' uma quantidade absurda de ruidos em alto volume em que, nos melhores casos, pode ser ouvida uma melodia pobre ao fundo."
Po, o que dizer de um cara desses? Tao cheio de estudo no campo musical e com uma visao tao radical e limitada.
Mas e' direito dele ter esse ponto de vista, e quem quiser compra-lo que o faca.

Por isso acho que vc tem que falar!
Concordo plenamente com o mrlips. Se nao houver quem fale, os que nao aceitam e/ou nao querem aceitar sequer tem a oportunidade de mudar de opiniao. E fora os que querem algo novo. E parte desse erro acaba sendo seu por omissao, dado o conhecimento do assunto que voce tem.

E agora? Vai arregar, sua vaca?

Inte'

Kalunga disse...

Bom, quando disse que iria "desistir" de alguma coisa, foi no âmbito restrito às reuniões com amigos onde todo mundo tenta mostrar algum som. É isso. No meu blogg, vou continuar postando sempre (a porra da entrevista só não saiu porque a porra de um dos entrevistados ainda não respondeu a primeira parte do questionário) e - já era tarde - vou comentar as opiniões sem me deixar levar por estresses idiotas. Quando detectar alguma falta de interesse sobrepujando a absorção (e a conseqüente discussão com fundamentos) do conteúdo postado em forma de comentário, simplesmente ignorarei. ´Há diversos comments aqui que mereciam posts separados e é isso que vou fazer.

Não quero apoio de merda alguma, pois estou sempre aberto à revisão. Dicordância por aqui é normal, o problema é quando não há o menor interesse de uma parte em se abrir para a melhor compreensão do tema. Náo foi um só que fez isso nem todos. Não sei se é tiração de sarro (no meio de uma discussão séria isso pode ser perigoso, ainda mais via internet), pegação de pé ou qualquer outra merda. Parece que quando abro minha guarda viro alvo fácil - ex: "Acima de tudo, Mentor e Caio merecem todos os meus elogios por entrarem nesta discussão como entraram: questionando, citando, fuçando, concordando, discordando.
", a partir deste comentário, a coisa desandou e deveria ter sido o contrário. Se defendo minha posição, sou julgado como um burro retrógrado. Este é meu último comentário sobre toda esta babaquice que rolou aqui - de minha parte também, admito!

Kalunga disse...

Justamente o dono do Notebook aí da foto é quem está atrasando a publicação da primeira parte da reportagem sobre produção independente de música eletrônica e suas visões pessoas sobre este universo. Bacalhau, vc vai ser limado, porra!!!

hehehehehehe...

No final das contas, toda esta confusão foi positiva e vai jogar uma responsa muito grande sobre as minhas costas e as dos entrevistados. É uma arena!

*Todos os tópicos aqui citados e/ou questionados (quando sérios) vão ser postos em outro debate em outro post!

Anônimo disse...

Bem, eu sou o cara que não respondeu ainda à entrevista.

Discussão boa... Mas acho que seria muito mais produtiva em uma mesa de bar, como sugeriu uma bela moça alguns comments acima. Digitaria-se menos, beberia-se mais. Me parece mais divertido.

kalunga, confira sua caixa de e-mails.....

Anônimo disse...

O ROCK N' ROLL É LINDO,
valeu pegoretti!

Kalunga disse...

o rock and roll é lindo e a música eletrônica também. uma coisa não precisa anular a outra. não existe visão mais tacanha que achar que uma coisa sobrepõe a outra. e esta discussão já tomou rumos desnecesários por aqui...