quarta-feira, julho 26, 2006

Bom enquanto durou


Pista vazia só é bom no começo...
Fotos by: Kalunga


Era por volta de 1:30h da manhã (ou, pelo menos, eu deduzia), e o bicho estava pegando lá dentro. O negócio estava tão nervoso que eu resolvi dar uma voltinha lá fora, tipo para respirar um ar que não cheirasse a nicotina (e outras fumaças suspeitas) e vodka com coca-cola – já devia estar na décima dose daquela mistura. Sabe como é, “o olho do dono engorda o gado”, e fui dar uma conferida bilheteria (meio teatral era este ato, pois não tinha condições de somar algo mais complexo que dois+dois naquelas horas), ver o movimento e tal. Eis que eu vejo um monte de viaturas da Polícia Civil, com policiais de touca ninja e de metrancas exibidas nas janelas, passando em frente a mil. Como existia uma unidade policial ali ao lado, pensei que estivessem indo para lá. Ledo engano. Eles deram meia-volta, pararam à minha frente, mostraram um mandado de sei-lá-o-quê e entraram no recinto. Fodeu! Naquela baderna sem lei que estava lá dentro, com até o dono da bagaça aprontando ilegalidades das suas, iria todo mundo preso. Mas que nada! Foram do início ao final da casa, olharam alvarás e documentos em geral, cumprimentaram-nos educadamente e foram embora sem nada. Olha, ali eu reforcei minha crença de que certas situações são inabaláveis, de que uma conjunção de fatores positivos resiste a tudo. Depois foi só aumentar o som e gritar: “vamos quebrar tudo, porra!!!”.

Este episódio não vem a ilustrar algo como “o melhor bar de todos os tempos”, ou “essa época era foda”. Não é bem isso – se bem que é um pouco disso também. Aliás, se refere àqueles que, com eu, gostam dar a cara a tapa para tentar fazer e/ou usufruir de algo diferente de nosso restritíssimo usual. O extinto Pub 455 foi, pelo menos para a minha geração, o espaço mais perfeito para quem quisesse produzir algo movido a boa música, dançar boa música, embalar uma quebradeira com boa música e num local privilegiado como é nossa cidade de Vitória. Ter um pico para tomar umas e curtir um som com vista para o mar é para poucos lugares neste mundo. Reside – admito - uma boa dose de nostalgia nestas palavras pelo simples fato de um lugar assim fazer muita falta. Nem de longe era perfeito, pois tinha vários problemas estruturais como caixas lentos, filas e mais filas, banheiros que ía se deteriorando no decorrer da balada, enfim, quem quisesse falar fal, tinha munição também. Mas, na boa, aponte um local que reuniu tantos projetos envolvendo estilos musicais tão díspares quanto alternativos como este lugar aqui no Estado e eu te chamo de mentiroso. Tinha noite de house, breakbeat/drum’n’bass, techno, trance, dub, world beat, hip-hop, mpb, rock, blues, jazz, gótico, tudo o que você não vê/ouve que não seja pela tv ou pela internet. E ganhei uma boa grana nas festas que fiz por lá, reforçando a sua viabilidade como o local certo na hora certa.

Localizado em um ponto nobre do bairro Barro Vermelho, região de Praia do Canto, Vitória, o Pub 455 pagou o preço por estar justamente entre os nobres - choviam reclamações dos vizinhos sobre barulho, bagunça, drogas, enfim, tudo aquilo que seus filhos aprontam, mas que não era bem o local que eles freqüentavam. Pobres alternativos, que não fazem mal a uma mosca e carregam a má fama por não freqüentarem boates da moda. Moda? Se bem que muita gente que ía para alguma destas boates bombadas (inclusive os filhos da vizinhança nobre!) acabava ficando por lá, atraídos pela enorme fila do lado de fora, e foda-se o som que estivesse rolando. Fenômeno estranho este que rola por aqui, de misturar patrícias, maurícios, indies, clubbers, góticos e pitboys num só lugar, todos muito diferentes entre si, mas incapazes de resistir a um recinto lotado até o cú rasgar. Este mesmo fenômeno é o que fazia o Pub 455 bombar e cair vertiginosamente numa constância absurda. A mistura é saudável até certo ponto, pois é muito bacana atrair para sua festa gente de todo o tipo – mais cabeças diferentes para plantar informação, saca?. Mas as motivações duram até o dia em que seu evento não encher tanto assim, de perder o interesse até mesmo de seu próprio público (tipo indie de festa de rock alternativo, tranceiro de festa trance, e por aí vai) por conta de alguma micareta que, mesmo que você não fosse, não se arriscaria ir ao Pub com aquela clássica e patenteada pergunta capixaba-provinciana: “Será que vai dar gente?”. Foi assim que propostas inovadoras caíram no esquecimento, fazendo com que o Pub 455 amargasse quase um ano de ostracismo, de descrença geral, até surgir um súbito renascimento nos seus últimos seis meses de vida. Atolados de dívidas diversas (contas, encargos trabalhistas, multas), os donos do local fecharam tudo e picaram a mula daqui. Terminou, pelo menos, no seu auge.

Agora não adianta chorar pitangas! Cansei de ver gente que detonava o lugar e agora está se lamentando por seu fim. Capixaba é feliz e não sabe. Recebe o doce na sua boca, come tudo e ainda tenta arrancar sua mão. Passei outro dia lá em frente e o local está totalmente destruído. Manja aquele final do filme “Poltergeist”, quando a casa da família que é assombrada pelos espíritos acaba simplesmente sugada para debaixo da terra? Pois é, parece ter recebido o mesmo fim, levando consigo toda a carga provinciana recebida em pouco mais de um ano de vida para sete palmos abaixo. Esqueçam de fazer qualquer coisa por lá, pois sua época já foi, e só com muita grana na mão para poder reeguer aquela estrutura. Mas algumas lições sempre permanecem.

O Pub 455 registrou uma troca de guarda de gerações, e foi um local onde se reunia gente entre beirando e após os trinta, e também recém chegados à idade adulta. Tinha que ter um tanto de disposição para encarar o desconhecido, de apostar em novas propostas, um ímpeto que se dilui quando se dão muitos tiros n’água – e foram muitos, ainda que inadivetidamente, naquele lugar. A tal troca de guarda se deu entre a primeira fase do Pub, de seu início em 2002 e metade de 2003 - quando um povo viciado no esquema “pô, tem que pagar para entrar” (lembra daquela galera que lotava o lado de fora do Sala 11 e não entrava? Era esta gente...) afundou o local pela primeira vez – e o segundo semestre de seu último ano, quando uma nova geração, munida de downloads e fotologs (anda não havia Orkut) combinava de se encontrar no local onde rolava seus sons preferidos. Este mesmo público lota todas as festas da Antimofo, que o satisfaz no ritmo conta-gotas, com eventos esporádicos para não cansar a galera. Pois é, o povo daqui cansa quando tem o que gosta. O Pub 455 cansou nossa beleza! Que venham outros iguais! Eu vou estar lá, me cansando para cansar a beleza dos outros, pode crer!

+ Fotos:

Esta foto minha junto com o Fuka resume a cachaçada que rolava naquela cabine de DJ. Matamos uma garrafa de wisky ali mesmo e mais um monte de doses de vodka


Vista da área externa


Ah, a fluorescência...


Botar som pra pista lotada assim é bom...


Taylor, um dia, já foi O DJ de Rock daqui. Sai da toca, meu filho!

42 comentários:

BonaTTo disse...

Nossa.. você ta mais feio do que a ultima vez q te vi :P

Seu amigo está parecendo um dos "Du" de Du, Dudu e Edu.

Olha... o Taylor... Tempo que não falo com esse cara.. acho até que ele tem raiva de mim.

Essa parada da policia é serio mesmo ou foi um "causo" que rolou aqui no blog q eu nao tenho acompanhado muito?

Mentor disse...

rolou até polícia...

o lance é o seguinte: O dono da casa de show tem que prepara a acústica do lugar e abafar o som para a vizinhança; tem que ter um área para estacionamento que atenda à demanda; reforço de segurança, no estabelecimento e nas vias próximas; contribuir com a comunidade e babar o ovo do prefeito.

Só que, se ele fizer isso, quebra!

caio disse...

O Taylor tá saindo da toca, sim...

Daqui pra BEM MUITO LONGE PRA CARALHO! Foda.

Como cada um tem sua ligação umbilical com um bar, falo por mim: estive lá algumas vezes mas não bateu, não. Muita gente descolada e indo lá como iria a qualquer outro lugar com som alto e lotado. O mesmo público que via e vejo ainda hj em qualquer point que junte barulho, bagunça e álcool.

Mas é claro, esta é só a MINHA OPINIÃO, que não invalida de modo nenhum quaisquer outras.

Cada um, cada um.

Podicreuza!

Kalunga disse...

Caio, em termos de público eu soltei umas farpas ali no segundo parágrafo e não tiro tua razão.

Meu post tem como objetivo de dar valor para um local que abriu as portas para quem quisesse armar algo diferente do usual, com estrutura bacana - para os padrões, ãh, alternativos - e bem localizado.

Falo isso levando totalmente em conta este vício meu de querer botar som. Neste quesito, dei muito com a cara na parede, mas no Pub 455 o negócio vingou, pelo menos durante os seis meses em que fiz minhas festas por lá.

No mais, em quesito de "bares históricos", em termos de quebradeira legítima e sem preocupações se o local era "bombado" ou não", nem de longe algum pico chega perto de um certo bar de Guarapari...

Se neguinho faz carão, se enche de pose, azar o deles, pois no Pub 455 eu soube aproveitar da bagaça. De nosso grupo de amigos próximos, talvez somente o Taylor (e acho que o Bonna também) sentisse a dimensão dos fatos dos quais descrevo acerca daquele lugar.

Kalunga disse...

Ha, hahahahahaha! Bonato, o Fuka com certeza é um dos daquele desenho, hahahahaha!!!

Mentor, burocracias eternas. É sempre mais difícl quando se tenta abrir um local que toque música que presta. O pessoal de lá bancou um ideal, e rolou uma tragicomédia capixaba, mas com o diferencial de que algo de bom aconteceu lá.

Kalunga disse...

Taylor vai pra Cuiabá?!? Nossa senhora...

Se vc, Taylor, estiver lendo isso aqui, antes de vc partir eu vou armar uma festa p/ vc discotecar à vontade!

caio disse...

Não vai dar tempo, kalunga, esqueça.

E sábado tem churrascão na casa de taylor, estás convidado. Lá a jabota vai discotecar.

Taylor disse...

OPA!!!
EU QUERO!!!!
A festa, né?

Sábado? Fechado!!!

Taylor disse...

Olha só, os textos daqui são do caralho, Já disse isso e continuo dizendo. O pior é que as respostas e os comentários são muito pequenininhos aqui, para discutir a real dimensão desse papo todo.
Mas vamos tentar.

Bom, o Pub455 me foi apresentado pelas terças de Brazuca com o Tourco. Levei uma bigodada lá que me lembro até hoje. Não tinha praticamente ninguém (ainda) no Pub e ele estava colocando um som. Cheguei de fininho e disse:
- "olha só, depois dessa música podia entrar a do Otto. Cabe direitinho."
ele só olhou para mim e falou:
- Quem está tocando sou EU.
Virou-se e continuou a tocar, me ignorando completamente.
Emfim, depois das terças, vinham as quartas-feiras de "rock". Uma galera ia jogar sinuca e ficar ouvindo um cd qualquer que o Caio, dono do bar, colocava para tocar, de uma banda qualquer, ou mp3s de seu computador. Era o samba do crioulo doido. Muito mais trilha sonora da cerveja do que o motivo principal da noite. Pedi para ele se podia tocar numa quarta qualquer. Ele me disse que sim. Tomei coragem (nunca tinha colocado som) e algumas semanas depois liguei para ele e pedi para tocar lá. Ele falou que tudo bem. Peguei meus cds (levava todos na caixa mesmo, uma mochila cheia) e fui. Passei antes no carrefour para comprar um fone. Óbvio, não achei e nem tinha dinheiro para comprar um bom.
Cheguei, me ajeitei e mandei todas as bandas anos 90 que gostaria de ouvir no rock, além de umas novidades. Tinha um pessoal lá, sentado na pista (naquela época tinham mesmo mesas na área da pista). Algumas pessoas vieram falar comigo, das bandas, do som... LEmbro de ter tocado a música postmortem do Nirvana, Aerials do SOAD e tal... Amigos apareceram. Na época tinha o bloggfuckers acontecendo, citado na gazeta, matéria sobre indie, uma nova "moda/tribo" surgindo e todos querendo entendê-la.
Bom, como todo bom indie sabe, a primeira regra do indie é: indie não diz que é indie. E se chamarem ele de indie, ele deve negar.
hehehehe
Tem que ser blasé mesmo. E, de repente, todos viraram indies.
(continua)

Taylor disse...

A terça e a quarta no Pub foram instintos.
O Caio, só abriria Sexta e sábado. Assim a casa se manteria. Bom, com a Ilma, fiz o contato mais próximo com o Caio. Ela me pediu para fazer um projeto de uma festa de rock, ainda sem nome. Estava, mais ou menos, com uma banda nessa época e tinha que escolher o nome para ela. Tum Pou Soc foi uma das opções. Não serviu para a banda, mas coloquei no Projeto. Entregamos para o cara o projeto e algum tempo depois, mais de um mês inclusive, ele nos ligou. Perguntou se um dia lá qualquer estaria bom. Era Julho, se não me engano. Uma sexta. óbvio que para mim estaria ótimo. Não tinha nada. Tudo era uma beleza. 50/50? maravilha. Pô, além de tocar, ainda pegava 50 porcento da bilheteria, meio pra mim, meio pra Ilma.
Perfeito.
óbvio que a continuidade da festa estava baseada em seu sucesso. Um sucesso comum no início. Umas 150/200 pessoas. Bom número pra ouvir rock. E nesse momento surgia também o Nigel Mansell Trio. Bom, se alguém quiser saber como isso aconteceu, é só perguntar que escrevo aqui.
A festa deu certo e um mês depois repetimos a dose. Ela ficou ainda mais cheia. Todos felizes, empolgados. Enfim, uma cena de "rock" em Vitória.
A terceira festa foi sucesso e, a partir daí, começaram a aparecer fotos em jornais, convites para tocar em outras festas e até gente querendo fazer festa junto comigo. Não era minha intenção dar um chute na Ilma, tanto que fomos juntos até o fim.
A quarta festa também foi legal, com telão passando filmes do Roberto Carlos e a galera toda suada pedindo cerveja (quente, porque a gelada tinha acabado). Era uma período de mulheres se jogando de verdade em cima. A lu, ficava em cima, tomando conta. hehehe
O que eu não aproveitei, outros aproveitaram bem.

Para vocês terem uma idéia, o preço era 3 contos até meia noite e 5 depois. Acho que passamos para 5 e 7 depois da quinta festa. A pergunta que mais ouvia era: Pô, aumentou? Assim fica foda, né?
A sexta festa foi em novembro. ou seria dezembro? Mas foi a última no Pub.

Enfim, a cena existia. As festas estavam acontecendo e aí, o cara resolve fechar o bar. todo mundo se perguntou: como assim?!
Mas era multa atrás de multa. Disque-silêncio. Gente dando tombo nas comandas (gudão foi parar na delegacia na última festa)... E teve, óbvio, o lance dos domingos que eram grátis e passaram a cobrar 3 contos e pessoal chiou e não foi mais.

Pronto. Ficamos órfãos do Pub. A suadeira era geral, assim como os sorrisos nos fins de festa, assim como os vários pães com ovo e mortadela na padaria 7 da manhã. Mas o que veio depois?
Isso eu posso contar daqui a pouco...

Taylor disse...

Sem pub, a Ilma começou a correr atrás de alternativas. As óbvias eram as mais difíceis. Blow Up, Next...
Enfim, não havia espaço. Fomos parar numa quinta-feira durante o verão, meião de janeiro, fazendo uma festa no Barracústico, junto com banda. A apresentação da noite era o Lordose. Não sei até que ponto o Lordose tentou se aproveitar da fama repentinas das festas de rock, ou se fomos nós que quisemos dar um peso maior à festa. Enfim o resultado foi caótico. O lugar, imenso, dispersava as pessoas. o som e a iluminação não era de festa. Toquei para ninguém dançar, o Lordose demorou milênios para entrar, entraram passando o som em cima do DJ (porque TODA banda faz isso?!) e demoraram um século para terminar um show, completamente embriagados. Depois, o Nigel Mansell subiu e o que restou do povo começou a dançar. Às tres acenderam as luzes e disseram que a casa. Tinha que fechar. Fomos, eu e Ilma, fechar o caixa. Seu Khaled, ou coisa que o valha, pediu para passarmos lá depois porque ele não iria fechar a noite naquele dia. Enfim, tomamos o calote. Nunca recebi nem um centavo de nada. A desculpa foi que o lordose quebrou um microfone, gastaram um extintor de incêndio e beberam por NOSSA conta.
Pois é. O início da derrocada.

Devo dizer que nessa festa percebi que as pessoas, muitas delas, iam por causa do Oba Oba, preferindo o som fácil e acessível a ter que tentar entender um tipo de música sempre mutante. Fiquei sem tesão com o passar do tempo e descobri que me entregar à baba e palmas fáceis era melhor do que ficar batendo a cabeça tentando formar um público minimamente inteligente. Fui vítima de um câncer que eu mesmo criei.

Anônimo disse...

A partir daí, as perguntas de quando outra Tum Pou Soc ia acontecer se sucederam, até que a festa estava no limbo, caída em esquecimento total e irrestrito.
Aí, surge o Rike, de volta de São Paulo, cheio de idéias e com um lugar genial, o mais perto possível do Pub. Sem o aconchego, mas enfim, melhor do que nada. As primeiras conversas para a formação do Antimofo foram interessantíssimas. Idéias iam e vinham. Vi o primeiro projeto. Vi começar. Fizemos uma festa, a volta da TPS, no centenário. Muitas pessoas. Depois, com o Kid Vinil, mais de 500 apareceram. Genial. A festa estava viva, ressucitada. Enfim, tudo parecia bem. mas não estava.
Enquanto no pub ganhávamos 50/50, no cent pegávamos 30 (ou algo assim, não me lembro). O lance da grana pesou. Rike tinha os compromissos dele (som, luz, limpeza, pessoal). A gente tinha a festa, o nome, o peso... tínhamos dado a credibilidade ao Antimofo. Longe de mim querer ser o responsável pelo sucesso dele e de suas festas, MUITO mais do que só uma noite de rock. Tinha trance, electro, bagaceira... Mas quando um não quer, dois não brincam. O lance da grana não deixou o nome Tum Pou Soc ser usado. Rike me ligou e avisou: cara, quero fazer uma festa de rock. Tum Pou Soc não dá para fazer. Vou inventar um outro nome e assim vocês vão cair no esquecimento. Dito e feito. A Escola de Rock apareceu, com um conceito muito legal, arrebanhou o público e passou a ser A festa de rock. Eu, preferia 100 no bolso do que 500 voando. Mas, não era dono da festa sozinho. Topei tocar na primeira Escola. Ótima festa. Na verdade a primeira de muitos novos nomes e muitas novas caras. Uma segunda geração. Caraca, estamos velhos...

A Escola vive até hoje. Mas por problemas com a perseguição do Juizado de menores e do disque silêncio o centenário foi pro saco. Lá surgiu uma primeira idéia de uma cooperativa de Djs, a CeDeJota. Virou matéria de A Gazeta, capa de Caderno Dois, mas não foi para frente. A grana começou a minguar. DJ tocava para beber. E assim ficou até hoje. Tocar virou hobby, sem remuneração. O dinheiro ninguém sabe ninguém viu. Organizar que era bom, foi pro lixo. Todos se satisfazem deixando tudo nas costas do Rike, bebendo de graça e esperando que tudo saia perfeito!

o centenário foi peterido pela Curva da Jurema. Com ela, uma nova leva de meninos e meninas apareceram, afinal, lá não havia como impedir a entrada de menores.
Tudo ia bem até que a violência e outras coisinhas mais apareceram e levaram tudo água abaixo.

A mais nova casa é o Teacher's Pub. Tem uma mini-estrutura, um ar condicionado que funciona e é proibido fumar lá dentro. Mas para mim é impessoal como um quarto de hotel. E lá surge uma 4ª geração de frequentadores e de DJs. Todos nadando conforme a corrente, o que percebo cada vez que vou na casa da Matriz, no Rio.

Bom, para essa New Generation, lá deve ser o máximo. E talvez vejamos alguém escrevendo sobre esse lugar com o grau de nostalgia que escrevemos aqui sobre o Pub. É o mundo dando suas voltas. Eu, virei um frequentador pouquíssimo assíduo, um DJ desiludido com público e com festas, e cada vez mais publicitário. Devo dizer que se continuasse em Vitória, iria querer colar no Kalunga e na Dark Street. Até começar a "bombar", aí o pessoal vai querer engolir a festa e o público vai rarear... Normal. Dica: manter a festa o mais direcionada possível. E aproveitá-la com as 100/200 pessoas que gostam e vão para se divertir e não para bombar na noite de sábado.

Ufa, como falei...

Taylor

caio disse...

Isso foi de 2001 pra cá, apenas cinco anos atrás... Nostalgia de que, meu filho? Porra, quem é que tá velho aqui com 30 anos? Caralho, dá vontade de matar vcs todos que falam essa desgraça!

Fora isso, uma boa resenha pessoal essa do taylor, ainda que eu continue achando o que disse lá no alto: as pessoas são sempre as mesmas, a atitude é sempre a mesma, o clima é sempre o mesmo e só os nomes das festas são trocados. Culpa dos organizadores? Creio que não, o público que temos aqui é esse mesmo e paciência.

Festa de rock? Cara, na boa, respeito paca o trabalho do rike, do taylor, da ilma, do kalunga e de todos os envolvidos que suam a porra da camisa e tentam fazer alguma coisa neste ES fadado ao esquecimento, mas até hj não vi nenhuma festa de rock MESMO por aqui. Mais uma vez vos digo: com ese PÚBLICO é impossível, por mais que vcs todos se esforcem e transpirem sangue.

Por essas e outras que sempre disse "NEM FODENDO" quando me sondaram pra botar som em alguma parada assim.

Educar o público?

Quer aprender em uma Escola de Rock?

Passa aqui em casa e paga a hora/aula particular que eu ensino alguma coisinha. De resto, pago, bebo, danço, me divirto paca e vou embora, e isso muitas vezes já é MUITO.

E Kalunga, aguarde-me dia 05 na tua festa.

E Taylor, vou pegar meu carro e vou pra Cuiabá em dezembro. Prepare meu quarto na sua casa.

VALEU!

Anônimo disse...

O PUB 455 foi o meu debut nas pistas. Foi lá no CDJ 500 S do Josh que eu aprendi a sincronizar e passar... Bons tempos!

A terça-feira me ajudou muito nesse sentido. Como não dava quase ninguém (público médio de 15 pessoas), eu podia experimentar à vontade. Perder o medo de fazer na pista o que eu fazia em casa fechado no meu quarto com a maior tranquilidade. Querendo ou não, dá sempre um frio na barriga e uma tremedeira na hora de mandar um "mesh-up"... e como...

Depois da temporada de cerca de três meses fazendo as terças no PUB, só com música brasileira, deu pra juntar uma pancada de CDs do estilo. Eu gastava meu gigantesco cachê de R$40,00 em discos no dia seguinte nas banquinhas de promoção de qq loja de CDs, inclusive a LASER. Bati ponto na LASER do Centro da Praia, por sinal. A banquinha de 14,90 de lá tinha MUITA coisa legal de música brasileira.

Este projeto me rendeu também o apoio da gravadora TRAMA, pela pessoa de seu representante local, DJ Casado. Todo lançamento da Trama chegava pra mim lacradinho, com material promocional e tudo, além de singles, discos de remix, além de uma aula particular (inteiramente grátis, por sinal) de um dos caras que mais entende de música eletrônica que eu já tive o prazer de conhecer. Viva Casado!

Depois de passar tanta música brasileira, montei com a Tamy o projeto de voz, violão & DJ e parei com a terça no PUB 455. Passei a me dedicar ao novo projeto totalmente.

Mas continuei como cliente habitual do local. Como era legal passear de bote de madrugada pelo canal depois de me acabar na pista com um som BOMBANDO. Quem fez esse rock? Era o TOP do PUB 455.

Na minha última aparição no local, toquei de 22:00h às 2:00AM, quebrando um galho pro Kalunga e pro Rike na área externa. Black music, Breakbeat e Drum´n Bass, o mesmo som que eu toco atualmente. Depois de meu último set na Curva (Gazz), foi o que eu me lebro que a galera mais sacudiu! Foi maneiro, apesar do excesso de tempo nas pick-ups naquela noite. Isso gerou até uma discussão meio séria... mas deixa pra lá... Perante o que rolou de bom, isso não foi nada!

doggma disse...

Caramba... eu não tive o prazer de curtir este rock do Pub não, mas pelo texto e comentários percebe-se que o lance marcou época (para o bem e para o mal, hehe). De qualquer modo, é sempre bacana testemunhar este esforço meio que "comunitário" pra apurar o gosto do pessoal. E principalmente, aqueles detalhes que vêm agregados: as amizades, mandar música de qualidade e, às vezes, até se surpreender com a quantidade de gente-boa que tá perdida por aí, deslocada.

A cena capixaba anda bem mal-tratada e imagino que esse público "oba-oba" ocasional deve ser pra lá de frustrante pra quem tá suando a camisa na organização. Mas sou otimista... há uma seara imensa a ser explorada por estes cantos. Lembro que, no início dos anos 90, houve um raro "boom" heavy metal que ganhou bastante atenção na mídia daqui e de fora. Bandas como Illness, The Rain, Porrada!!!, Scraps, Eutanásia, Zoopatia, etc. Muito disso se deveu ao trampo do ex-dj Torino, que na época produzia o programa Ecstasy, na antiga rádio Capital. Mas não deixa de ser louvável, afinal eram bandas pra lá de extremas, "anti-comerciais", e mesmo assim fizeram bastante barulho. Pena que as contas teimavam em chegar no fim do mês e muita gente foi embora pros EUA tentar a sorte. Mas ficou a experiência: se até heavy metal pode emplacar por aqui, acho que tudo é possível, hehe...

Tava lendo o (ótimo) post anterior e você citou a Stiletto... lembrei que a Cri Du Chat Disques também tinha um cast muito bom. Harry, Simbolo, Morgue... eu tinha uma fitinha K7 de um tributo eletro ao New Order que eles fizeram, só com bandas nacionais. Bons tempos!

Abração, cara! Keep the faith! :)

Kalunga disse...

Caramba, é tanto comentário relevante e embasado que eu salvei tudo no word para responder com calma.

vou ler com atenção e comentando aos poucos, ok?

abraços a todos!

Kalunga disse...

Taylor:

Fantástico o seu comentário, pois vc expôs sua história acerca do Pub 455 e o que veio depois deste. Um relato sincero e direto.
Todos se satisfazem deixando tudo nas costas do Rike, bebendo de graça e esperando que tudo saia perfeito!
Pois é, criou-se um círculo vicioso onde tudo é cômodo, mas não sai do mesmo lugar. Culpados? Eu assumo uma culpa, pois não topo o esquema e me reservo no direito de não pôr meu time em campo para novas roubadas – e a Curva da Jurema, por exemplo, se transformou numa roubada absurda! Quem tem que movimentar algo somos nós mesmos, e não adianta sentar o rabo na frente do computador e não fazer nada. A Antimofo faz e faz bem feito dentro do esquema deles. Se o negócio atualmente não lhe agrada, conforme-se! Eu não me conformo em ter de deixar de tocar, e de alguma forma dou vazão a isso.
Sobre a minha festa atual, a Dark Street, eu tomei como ponto de partida todos os erros cometidos no passado para justamente criar algo com uma base mais forte. Como por exemplo, distribuir CDs com sons compilados por nós e camisetas com a logo da festa. Isso cria empatia para com o público, que retribui em forma de fidelidade e respeito. Sim, porque gótico e industrial não são e nunca serão sons “da moda” e quem curte, mesmo gente novíssima, está buscando algo que não é mainstream, e está aproveitando da internet p/ conhecer oque veio antes – fato este que praticamente inexiste com o tal “público indie” que, segundo vc mesmo, já está na décima geração em três anos passados...

Minha festa é o esquema ideal? Nem fodendo! É prazer mesmo que move a parada, tanto é que eu e o Angel fomos convidados a tocar em BH e Curitiba. Quando discutimos isso aqui, é difícil alguém que não vive esta paixão nossa de botar som, de falar sobre som, de querer formar público em torno do que nós acreditamos, enfim é difícil quem não vive isso se importar com locais e situações. Enquanto uns enxergam um local meio tosco com cerveja quente, nós enxergamos uma pista de dança bombando um som bacana. É um vício, que agora nesta época da vida – a entrada nops 30 – está mais domado, mais sábio e mais forte também.

Kalunga disse...

Caio:

tenho que discordar de vc, pois o público é basicamente o mesmo em qualquer parte do mundo. Em Vitória é mais provinciano, mas segue um modus operandi idêntico a Saão Paulo, por exemplo. A matriz de informação é a mesma sempre. Rock é Rock mesmo no som que vc ouve em casa, enquanto que numa pista de dança simplesmente certos “clássicos” não funcionam. Pense numa festa só de “clássicos do rock” e projete na sua mente o público que irá: “toca Raúúúúl!”!!!!

O problema persiste igualmente quando uma banda de monstros sagrados como o Oz, que toca magistralmente covers igualmente magistrais, mas que quando tocam composições próprias a platéia reage com frieza. Eu até entrei numa discussão saudável e inteligente via e-mail com o Sérgio Melo, batera do Oz, quando fiz a resenha do show deles no BarrAcústico pelo Gazeta On Line (2003) quando eles estavam abrindo p/ os Los Hermanos. Rapaz, a visão de músico profissional do cara é absolutamente exemplar e realista, e o fato deles tocarem cover se deve – segundo ele próprio – de fazer o público pagar p/ assistí-los e levar junto do pacote composições próprias. Os covers, nem de longe os mais óbvios de sempre, fazem o link com o que eles realmente gostam. Dão a cara a tapa aos poucos, pois sabem muito bem sobre o terreno minado onde pisam.

Festa rock dessas que rolam atualmente os DJs tocam o que o público pede, e banda cover faz o mesmo. Se sair desta linha, adeus! O trabalho de “educar” o público é o mais difícil, ainda mais em tempos de internet, onde qalquer um pode bradar “eu sou DJ!” – e eu próprio “sou DJ” por causa dos downloads, admito!

Sobre “nostalgia com 30 anos”, meu caro quarentão: estamos falando sobre o que estamos vivendo atualmente. Vc já passou por isso, beleza! Mas é a visão de uma geração (ou duas, três?) anterior à sua. É o que enxergamos com 30 anos.

Anônimo disse...

Caio, o quarto (que eu ainda nem sei onde vai ser) está preparado.
hehehehe

Quanto a realidade atual da "cena". Bom, na última sexta me joguei pro centenário tocar por 20 minutos na festa de aniversário do Rike. Então, cheguei lá estava rolando A Flor dos Hermanos. nada contra, nada contra. Adoro esta música, mas pô, gente nova tocando isso ainda?!

Depois entraram umas três meninas que não conheço e que não fiz força pra entender o set. Depois a Dessa tocou. E aí a ficha caiu.
No fim do seu set ela mandou CPM 22, Good Charlote e Dead Fish. E acreditem, o público pirou. Na boa, não consigo entender a qualidade dessas bandas de hoje. Acho que tudo passa pela massificação monstra de MTVs e rádio afins. MEU DEUS, a internet aí e tem gente que ainda se deixa levar pela MTV?!?!?!

Bom, depois de Dead Fish me recusei a tocar. Disse pra Dê tocar outra música. Ela mandou Cachorro grande e eu entrei de Data Panik. Depois entraram White Rose Movement, The Ark, Infadels e Robocop Kraus. Tudo MUITO dançante e com muita batida (um climinha anos 80 também, só pra descontrair). O "público" dançou, mais pelas batidas do que pelas músicas e aí tive que apelar pro Cansei de Ser Sexy, bem recebido e Franz Ferdinand (não era a intenção do Set inicial).
Funcionou?
Funcionou.
Mas eles piraram muito mais ouvindo Pump It do Black Eye Peas do que Crazy, por exemplo. E surtaram com Madonna E Red Hot.
Pelo menos eu saí com a alma lavada, como a tempos não acontecia. Finalmente, toquei para mim. E não para eles. bebi mais 2 cervejas e fui pra casa.
Domingo pego o avião e saio daqui.

Taylor

Kalunga disse...

Turco
Pois é, caramba! Quanta gente de uma vez só daqui do ES teve a chance de desenvolver projetos pessoais como os que rolaram no Pub. Cara, esse lance do DJ Casado foi foda, pois ele mesmo fez parte de minha formação musical nesta área, com o programa de rádio que ele tinha no começo dos anos 90.
O que reforço no post é justamente este tipo de oportunidade. O público quem faz é você. Acho que existe um abismo gigantesco atualmente neste quesito. Todo mundo faz o que o público quer, a ordem dos fatores se inverteu. Na minha época (hahahahahaha!!!, na minha época, hahahahahahaha!!!) o DJ era a figura que mostrava o som pra galera. A internet acabou com isso, todos podem ser DJs. E parece que praticamente todo mundo só quer ser mais um, mais do mesmo, saca?
Discotecagem de rock até vai, pois rock é pra cantar junto, além de dançar muito. É por isso que o primeiro set do Taylor naquela fatídica quarta-feira de 2002 do Pub 455 (citada no comentário dele) o som dele não vingou. Som indie cabisbaixo (com o perdão da palavra) só anima gente tão animada quanto o Garoto da Bolha de Plástico. O Caio, dono do local, falou pra mim: “Kalunga, tira esse cara daí e toca um eletrônico, por favor!”, E lá fui eu rasgando no trance, hehehehe... Bom, acho que o Taylor aprendeu, pois seus sets na Tum Pou Soc eram bem bacanas, equlibrando-se entre o óbvio (pista de rock tem que ser óbvia) e o inusitado e inteligente.

Kalunga disse...

Taylor, fazer o público dançar apenas pela força do ritmo e da qualidade de uma música é privilégio da música eletrônica.

Rock é pra cantar junto. Se o público está viciado cada vez mais no óbvio, cara, a batalha é ainda mais difícil.

Kalunga disse...

Fala Doggma!!

Rapaz, esta época que vc citou, eu curti pra caramba também. É engraçado que “metaleiro” tinha a cabeça aberta! Bandas diferentes e propostas diferentes. Acredite, mas conheci o Skinny Puppy através de uma faixa tocada no Ecstasy (hoje este nome seria sinônimo de rave...)!

Sobre Cri Du Chat, rapaz, vc me quebrou, hehehehe! Eu estava preparando algo do tipo, pois eu adquiri bastante material deles na época. Bom, o post será feito. Adiantando algo: a Cri Du Chat deu seguimento ao fantástico trabalho que a Stiletto inciou. E eu tenho um sonho velado aqui dentro de mim de trazer o Harry e/ou Simbolo pra tocarem na minha festa Dark Street. E contatos já estão sendo feitos, acredite!

Abração!!!

Mentor disse...

Kalunga, vamos divulgar a despedida do Taylor no Escritório do Rock. Será na quinta (03-08)

www.escritoriodorock.blogspot.com

Levem câmeras digitais! Vamos publicar esse rock!

Kalunga disse...

Este rock eu estou dentro!!!!

E vou levar a camera, pode deixar! Massa este blogg, hein???

caio disse...

Uma geração de diferença = no mínimo, no mínimo, 10 anos.

Hj, talvez menos pela velocidade do planeta terra. Mesmo assim em alguns centros; urbanos, claro. O "moleque" de 25 anos é, mui provavelmente, de tua geração aos 30.


E eu tenho 39 e mais gás que 90% dos trintões ou vintões que conheço, e isto é FATO.

Vc vai descobrir logo que esse papo de 30 ou 40 é furado paca.


E público... Bem, os públicos podem até se assemelhar em algumas posturas, mas cultura urbana é outra história.

caio disse...

TAYLOR, lembre-se de nosso papo no sábado com o mentor: NOSSO DESTINO FINAL É O RIO!!!! Eu quero me mandar pra lá ano que vem e estou batalhando pra isso. O mentor tb tá voltando. Vitória? Que se dane, baby. A gente vem fazer uma visitinha de vez em quando.

Kalunga disse...

Caio, 40 anos ou 80, eu vou ser o mesmo até lá, se é isso a que vc se refere. Eu criticando um "moleque" de 25 anos equivale a vc criticando um de 30. Ou seja, vc vai ser um velho péla-saco pra sempre!!!

Cultura Urbana é o que falta aqui em Vitória, pois em Sampa existem lugares comno o Led Slay, por exemplo, que reúne "roqueiros" que não estão nem aí p/ indie ou coisa que o valha, e somente para um "rock dos bons". E também as tais "tribos" não se misturam e este é um grande porém. Mas, repito, a matriz é a mesma, e ela provém sim dos Centros Urbanos mais influentes.

Províncias normalmente mal aprendem...

caio disse...

Isso vale pra Vitória em todos os aspectos, mas só vale pra METRÓPOLES como Rio e Sampa em alguns. O Rio, por exemplo, construiu ao longo dos séculos uma identidade cultural reconhecida em todo o mundo sob diversos prismas, com o rock sendo apenas um adendo. Não esquecer, por exemplo, que a explosão roqueira brazuca dos anos 80 se deu com a Blitz roqueira/popeira mas, acima de tudo, carioca até os ossos.

Vitória?

Pfui!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Pub455... Lá era realmente um lugar legal. Aliás gostei dos comentários de todos aqui, a história do Taylor é bem bacana! Mas ele mesmo se esquece que muito antes disso ele já botava som nos shows de metal da Casa da Cultura no Centro, então a história de DJ do cara vem de bem antes que eu sei.

Cara, entender o público de Vitória é uma tarefa quase impossível. È mais fácil um E.T. descer na Praça do Papa antes de alguém dar algum diagnóstico definitivo sobre o comportamento da massa “alternativa” – termo escroto, mas vai - de Vitória. Eu acho que é porque o povo dessa “cena alternativa” é chato mesmo. Todo mundo é crítico demais, coisa de gente enjoada. Isso é fruto de se ter uma universidade como a UFES no meio da cidade. Um campus onde engenheiros, geógrafos, advogados, artistas plásticos e psicólogos estudam juntos pode ser fantástico, mas nesse milk-shake de identidades tem que ter cuidado para cada um não perder a sua própria. O que eu mais conheço em Vitória é cineasta querendo ser DJ e crítico de música. Ou então artista plástico que quer virar produtor cultural e empresário da noite. Nada contra, mas se cria uma ilusão em Vitória de que tudo é fácil, e isso é deprimente. Aí quando tem gente disposta a fazer o troço acontecer de forma profissional vem esse pessoal e caga na cabeça, com o cotovelo doendo mais que o próprio esfíncter ainda sujo de KY da noite anterior. Mais uma vez nada contra, mas esse comportamento é de praxe e todos nós sabemos disso.

É foda ainda ter que aturar esse mesmo povo usando o ecletismo musical como desculpa para o mau-gosto. Britney Spears é a cabeça da minha rola porra!!! Tenho memórias também de gente com 15 anos de idade, ainda cheirando a leite, com suas camisas verdes do Belle & Sebastian e seus piercings nasais reclamando do preço da entrada de 5 reais em diversas ocasiões. Coisa de proporções bíblicas, só faltava o céu abrir e Jéza mandar todo mundo pra outra dimensão, sério mesmo.

Mas a gente tem que abstrair tudo isso, se não ninguém vive direito mais. O doggma foi categórico: ainda tem muita gente boa perdida por aí, mesmo que seja minoria. E é só por elas que eu não perco as esperanças no Rock n’ Roll jamais. Sei lá, acho que o problema de Vitória é que falta volume mesmo. É o que acontece em Sampa como kalunga falou: é tanta gente que se eu abrir um bar que só venda fezes e só toque bolero ainda assim vai ter gente freqüentando. Se os chatos “alternativos” de Vitória fossem 10 vezes mais numerosos tava resolvido o problema de público. Ou não né, a chatice é imprevisível.

Vida longa e próspera para todos!

Led.

caio disse...

Led, fostes direto na ferida. Comentário sagaz paca. Foda. É assim que vejo a banda tocar aqui, com todos achando que podem tudo e quase todos nada fazendo.

Vc se mandou daqui e se mandou bem, brô.

O resto é guerrilha cultural pesada, com meia dúzia de cinco tentando nadar neste mar de merda (Lama?).

Taí o kalunga que não me deixa mentir.

Abração e até setembro!

Slayer!!!!

Anônimo disse...

Kalunga, você falou no público viciado no óbvio.
POsso te dizer que esse é um fenômeno tipicamente capixaba. No Rio, existe a Matriz (um pub455 que deu certo). Lá se toca tanto o ultra-alternativo na SEGUNDA, com a Maldita, quanto o alternativo mais "bombado", na Paradiso no Sábado.
Quem frequenta segunda é muito, mais muito mais xiita que EU. Eu vou no sábado e não consigo saber todas as músicas que estão tocando. Na segunda quando sei 5 é muito.
E, adivinhem, CHOVE gente nas duas festas.
E ainda na Ploc 80s e ainda em milhares de outras opções como a Bunker (baixaria carioca, onde só toca baba). Acreditem, a diferença pode ser mesmo o número de pessoas na grande cidade.
Mas, pô, então aqui está fadado ao fracasso. SEMPRE.
A não ser que tenhamos uma generosa prole vindo por aí.

E agora? Qual a saída? o aeroporto? cada vez mais parece que sim...

Taylor

Kalunga disse...

Bom, o Led expôs o que faltava - eu acho!!!

Acredito que todos os comentários aqui foram incisivos e complementares, pois quem de fato comentou é porque de fato pára p/ pensar no assunto e, o principal, vivencia esta coisa toda.

Eu vi o Kid Vinil tocando no Atari Club e no Outs (Festa do Garagem) de Sampa, e não gostei do set dele no primeiro - muito indie desconhecido e nem um pouco dançante, enquanto que no segundo ele foi mais "dançante" e ainda sem muitas (nenhuma?) concessões. Mas o cara tinha liberdade p/ tocar o que quisesse e se era figurinha fácil nas festas paulistanas é porque tem quem goste e valorize.


Aí eu vejo os comentários do ano retrasado sobre o set do cara no Centenário: "pô, esperava mais", "não vi nada de mais", e bla blá blá. Ou seja, a Antimofo trouxe um dos ícones do rock alternativo no Brasil (em termos de distribuir este tipo de informação) e o público paga de eclético, dançando o lixo de Britney, como o Led citou. Mesma coisa rolou quando Lúcio Ribeiro e João Gordo vieram aqui - neguinho esperava o que? Algo como um show de calouros da MTV??? Então, não compensa pagar caro para fazer uma ponte com o que rola nos grandes centros.

Quando digo que discotecagem de rock tem que ser óbvia, falo em termos de "canção", que é o que move a coisa toda, certo? Música eletrônica consegue se basear no ritmo e nos "arranjos" (as "melodias" ou sua "psicodelia") para agitar uma pista, pois sua identificação é mais hipnótica do que de catarse coletiva e cantada. Pista de indie rock obscuro deve agradar a uma massa cinzenta que em número grande banca isso - e só e rola isso em Metrópolis tipo BH, Rio e Sampa.


Navegar no mar de Lama é penoso, e aqui em Vitória o sucesso provém de pequenos grupos, pois quando massifica o negócio fica nojento - e digo isso porque simplesmente não consegui mais conviver no meio rave trance que eu e o Turco participamos desde o começo.

Kalunga disse...

Agora, "a saída é o aeroporto"?

isso vai de cada um, pois trata-se de uma decisão pessoal.

eu saí e voltei. quero fazer do lugar onde piso um terreno um pouco mais fértil, ainda que precise enfiar a mão em muito adubo!

me conformar?

JAMAIS!

Kalunga disse...

Completando a discussão:

na minha festa Dark Street, ainda sofremos p/ desvicilhar a nossa proposta de "som gótico, industrial, synthpop e alternativo" da porcariada que muita gente pede pra tocar dos anos 80.

Sim, tem muita gente daqui que se veste e se maquia de "gótico" igual ao que rola em qualquer grande centros urbanos mundiais, mas peida na farofa ao encher o saco p/ rolar Cindy Lauper, Show da Xuxa e demais lixos dos anos 80. Aquela história, de nostalgia de uma época em que nem eram nascidos e tal.

Mas, pelo menos, dessa galera rola um interesse em saber mais, pelo menos tenho visto isso.

Anônimo disse...

Lá vou eu de novo.
Não acho que o problema seja a galera que curte um bom rock, que pára para pensar.
Eles são a salvação. Mas estão em desvantagem numérica evidente. Sua festa dá certo e torço para que sempre dê, mas não é a base de seu sustento. Os caras do Rio vivem disso, POdem ficar a semana inteira ouvindo música, treinando, enfim, reciclando e melhorando. Aqui, não. Aí chega meia dúzia que diz que toca e é DJ (eu incluído, claro), que não sabe passar de uma música para outra. Que não tem a menor idéia de como fazer um loop, ou como é bom abaixar o grave na hora de fazer uma passagem ou outra.

o que não dá é continuar gostando de fazer as coisas por hobby. Porra, o dinheiro move o mundo. E sem "grana" não dá pra cobrar nada, a começar pelo profissionalismo do DJ. E sem o cara sacar do negócio, não dá para pedir que o público se importe com sua apresentação.
Ciclo de merda. E pronto, nada sai do lugar.

Taylor

PS: A melhor coisa daqui é não ver nem uma palavra escrita como se vê aos montes em outras discussões "inteligentes" de orkut e fotolog.

Acim naum dah p discutir.

Kalunga disse...

Taylor, vc apenas detalhou uma parte deste "círculo vicioso de merda".

DJ tem que formar público. Tendo público, ele tem que se aperfeiçoar. Para ter público, tem que ter local para tocar. Para ter local para tocar, tem que ter público. Para tocar em local com público, tem que ser pago para isso. Sendo pago para isso, tem que comprar equipamento p/ treinar.

Aqui em Vitória, só DJ de baile de formatura, festa de casamento e coisas do tipo consegue viver disso, e são praticamente os mesmos que tocam em boates "da moda". DJ de trance até ganha uma certa graninha, mas p/ comprar equipamento (pelo menos 3 paus de cara) só com a ajuda do papai.

O círculo vicioso se fecha e não gera lucros. Resiste apenas o prazer. E aí, meu caro, tudo é mais difícil partindo somente deste proncípio.

Kalunga disse...

Um exemplo recente: Gazz nas quintas-feiras da Curva da Jurema.

A Intenção: formar público de música eletrônica que nãoseja somente o de psy trance e dar vazão ao meu prazer e ao prazer de outros DJs que tocam sons que não têm vez em outros locais.

Os Meios: como não há abertura em nenhum local cuja entrada possa ser paga, façamos nós mesmos nem que seja de graça. E que seja com o apelo infalível de ser na beira da praia, numa quinta-feira (dia em que nunca ocorrem grandes eventos) e de graça.

O Resultado: não formamos público algum, pois quem vai de graça se acha ainda mais no direito de pedir o que está afim, seja reggae, trance ou axé (é sério). De graça vc não filtra o público, que inclusive pode ir lá p/ te assaltar. A tática de distribuir CDs para "educar" o público não funciona em local aberto, pois fui fazer isso numa semana, e na outra neguinho quase me bateu e ameaçou quebrar tudo se eu nãodesse um CD.

Volta-se à estaca zero.

Para não ficar parado, volto a fazer minha festa gótica/industrial no Simpson. Local menor, contato direto com o público. Porém, ser localizado no Centro da Cidade configura-se num empecilho intransponível para a nossa mentalidade provinciana. Isso me faz valorizar ainda mais o público cada vez mais numeroso que vai à minha festa. Grana mesmo, no máximo uns 40 paus - pelo menos bebo pra caralho e toco tudo o que gosto e escrevo por aqui.

Música eletrônica? Na minha concepção, não existe público de música eletrônica formado aqui que não esteja debaixo docobertor da massa que aderiu ao psy trance. Isso eu já expus num post, "Beco Sem Saída?" - http://theflamejob.blogspot.com/2006_04_01_theflamejob_archive.html


Novas diretrizes: sinceramente, algumas cabeçadas eu não dou mais. Portanto, nesta área, estou ainda analisando as situações e sem ação alguma em vista.

Vitória você tem de fazer as coisas acontecerem. E a maré contra é muito, mas MUITO forte mesmo!

caio disse...

O aeroporto não é saída pra quem desistiu de alguma coisa, é apenas ponto de partida pra quem quer começar algo em outro lugar. Partir não é o "se conformar", partir é meter o peito em outras paradas e ver o que há de bom por lá. E, inegavelmente, a opção de partida é quase irresistível e legítima até os ossos. Pra quem vai e pra quem fica. A luta está em todos os lugares, seja aqui, no Rio ou em Cuiabá.

Taylor, vc tomou uma puta decisão foda!

Vá lá, rapá!

Kalunga disse...

Caio, o que falei sobre "aeroporto" apenas reforça o que vc disse aí em cima. E trata-se de uma decisão, acima de tudo, pessoal. Ficar parado num lugar/situação, reclamando e não fazer nada p/ mudar é coisa de gente conformista, o apelo dos medíocres.

Faço coro contigo:

TAYLOR, VÁ E VENÇA!

E quando voltar, mesmo que seja a passeio, vou arrumar uma festa p/ vc discotecar!

A propósito, se vc for mesmo neste sábado, dia 5, no Simpson, leve os discos de vinil!

Anônimo disse...

kalunga
tentei te ligAR no sabado.
Ia dizer qu tava agarrado fazendo mal e tal, e que o JD era todo seu. Espero que a festa tenha sido foda e que vc tenha se divertido muito com aquela delicia de trigo.
heheheh

abração
Taylor

Kalunga disse...

Foi detonado, hehehehe... bom, vc fez falta. Aliás, SEMPRE fará falta.

Acompanhe o fotolog: http://www.fotolog.com/the_darkstreet

uma hora a garrafa do Jack vai aparecer ali, hehehehe

Abração!

Anônimo disse...

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