segunda-feira, maio 08, 2006

Novidades na Indústria – parte I

Eis aqui algumas resenhas sobre lançamentos recentes de alguns dos ícones da música industrial/ebm/future pop que curto como um louco.


“The Greater Wrong of Right Live – DVD”, dos gods canadenses do Skinny Puppy, foi um presente de aniversário que tive que dar para mim mesmo! Sou fã desta banda única e maravilhosa há mais de 15 anos, e este lançamento (na verdade, é do final do ano passado) preenche absolutamente todas as expectativas que eu tinha. Trata-se do registro da fase atual da banda, que voltou oito anos depois da morte por overdose de heroína do tecladista/programador Dwayne Goethel, e que provocou seu fim em 1996. “The Greater Wrong of the Right” foi o álbum da volta, um disco à altura da carreira da banda, sem nostalgias baratas e mantendo seu curso evolutivo. Pois bem, vamos à vaca-fria! Este DVD (com luxuosa produção em digipack), como é de praxe nas produções atuais, conta com som e imagem de altíssimo padrão de qualidade, e fico só babando de ver/ouví-lo num home theater. Ao vivo, a dupla original Nivek Ogre (vocais) e Cevin Key (programador/multi-instrumentista) recebe a nobre ajuda de William Morrison (guitarra/baixo, além de ser o editor deste DVD) e Justin Bennet (bateria/percussão), o que acrescenta em muito ao som da banda. O show (gravado em Montreal e Toronto – Canadá) é em si um espetáculo de alta tecnologia sonora, pois Cevin Key se farta em seu vasto equipamento (synths, percussões, theremim digital, lap-tops, etc.), Justin Bennet utiliza-se de todo o poderio de sua bateria/percussão acústica e eletrônica (o cara é um monstro!), William Morrison simplesmente toca baixo e guitarra na mesma música, além de fazer linhas de synth nas quatro cordas e, por fim, Nivek Ogre destila seus vocais com efeitos de distorção e delay idênticos aos de estúdio. Visualmente, metade da banda (Key e Bennet) soa meio nu metal, com roupas modernas e dreadlocks na cabeça, enquanto que Morrison encarna o visual gótico sem a menor cerimônia. Já Ogre... bem, o cara não mudou nada, pois começa o show com um visual pra lá de estranho (com chifres e roupa toda rasgada) e vai se transformando no decorrer da apresentação, terminando totalmente imundo, parecendo ter saído do inferno. Seus vocais (únicos, diga-se) estão muito mais afinados e poderosos do que no registro em vídeo anterior (“Ain’t Dead Yet”), colocando mais melodia e preocupando-se bastante em “dar conta do recado”. O repertório do DVD privilegia o disco mais recente, com nada menos do que quatro faixas no começo, e também mais quatro de “Vivisect VI” (1988). Além de versões magistrais de seus hits underground (“Testure”, “Worlock”, “Deep Down Trauma Hounds”, “Smothered Hope”, etc.), eles supreendem ao tocar faixas pouco usuais ao vivo como “VX Gas Attack”, “Hexonexon” e “Cruscible”. O visual do palco, com iluminação futurista, telão e diversos monitores de TV despejando imagens, é um espetáculo aos olhos vistos. Aos fãs, a satisfação atinge os níveis máximos!
*Extras: Há um segundo disco só com extras, que são:
- “Information Warfare”: a grande mancada deste DVD, pois se os caras do SP são contra a política Bush pai/filho, tudo bem, é o direito deles. Porém, gastar o nobre espaço de mais de 30 minutos num DVD musical com um documentário sobre ex-combatentes da Guerra do Golfo (1991) e suas respectivas visões negativas sobre o episódio é demais! Não há nada neste segmento que haja qualquer referência musical, tornando-o totalmente dispensável!
- “Eurotrauma Tour”: são 35 minutos de filmagens caseiras produzidas pelos próprios membros da banda durante sua passagem pela Europa em 1988. Tem cenas de backstage, maconherismos explícitos (lá pelas tantas, eles visitam uma coffee shop em Amsterdã), trechos de shows e demais encheções de linguiça que só interessam aos fãs mais ardidos. Vale como registro histórico, ainda mais por mostrar a personalidade doce e tranquila de Dwayne Goethel, o que não nos faz acreditar que foi justamente este cara que se matou por overdose de heroína!
- “Too Dark Park” – Archive Footage”: o mel, o filé dos extras! Aqui eles puseram a faixa “Spasmolitic” como pano de fundo para uma colagem de imagens da tour de 1990. O visual do palco é simplesmente fantástico, conseguindo imprimir toda a intensidade sombria de sua música ao vivo. Key (na bateria e nos synths) e Goethel (muitos - uns cinco ou mais – synths) ficam em plataformas elevadas nos cantos do palco, com iluminação azul/verde bem sombria e com galhos de árvores mortas envolvendo-os, enquanto que Ogre sobe numa espécie de perna-de-pau mecânica, e também num troço meio ciborgue com monitores de TV e garras. É um negócio muito louco, esquisito, original!
- “Last Rights – Archive Footage”: no mesmo esquema anterior, desta vez com a faixa “Love in Vain” sonorizando as imagens da tour de 1992. O palco, ainda mais sombrio, parece um açougue futurista do inferno, com luzes deixando tudo na penumbra, um grande telão de fora a fora destilando imagens horríves, e várias carcaças e cabeças deformadas (de silicone, óbvio...) penduradas e dispostas de forma giratória ao bel prazer de Ogre, que veste várias ao longo da apresentação. Sem sacanagem, mas tem banda de black metal metida a satânica por aí que não consegue chegar nem a um décimo do espetáculo de horror que o Skinny Puppy produziu nesta turnê de 1992!

Al Jourgensen não parece dar sinais de cansaço! Num curto espaço de tempo, o pai da fusão de metal+industrial do Ministry lançou um disco (“Houses of The Molé” – excelente!), uma coletânea de 25 anos de carreira (“Ranthology”, com versões ao vivo e alternativas de hits seus), o disco do projeto paralelo Revolting Cocks (“Cooked & Loaded” – imperdível!), e agora mais um disco novo, “Rio Grand Blood” (um torcadilho com o ábum “Rio Grand Mud”, do ZZ Top, que por sinal participou de "Cooked & ..."). Eu já havia feito antes neste blogg a comparação entre Ministry e Motorhead, tanto por causa do ritmo frenético de lançamentos, quanto por conta do peso cada vez maior de sua música, apesar da idade mais avançada. Pois bem, reitero a comparação. “Rio...” é sem dúvida alguma o álbum mais pesado, brutal e heavy metal moderno do Ministry, que parecia ter perdido o entrosamento com as gerações atuais e só produzia música para seus fãs mais ardorosos. A grande novidade aqui fica por conta dos convidados especialíssimos como Tommy Victor (guitarra/vocal do Prong), Paul Raven (baixista do Killing Joke) e Nº 7 (baterista do Slipknot) que, além do velho colaborador Mike Saccia (guitarrista do Mindfunk), imprimem suas marcas pessoais neste monolito - praticamente um dinossaurodo do rock/metal industrial. A faixa-título abre o disco da forma tradicional, com batida veloz, riffs minimalistas e refrão palavra-de-ordem. Já na segunda faixa, “Señor Peligro”, a massa sonora lembra Slayer e Megadeth, com uma quebrada totalmente Sepultura (Chaos AD) e vocais monstro. O ritmo travado e quebrado de “Gangree” nos levam aos momentos mais pesados de “Filth Pig” (1995), tendo como convidado o velho chapa Jello Biafra (ex-Dead Kennedys tendo lançado dois álbuns e dois EPs c/ o Ministry no projeto hadrcore-industrial Lard) destilando sua ironia no começo. “Fear (Is Big Business)” tem riff fantasmagórico e termina totalmente speed metal. “Lies, Lies, Lies!” é a melhor faixa do disco, com uma troca de riffs impressionante, além de um refrão espetacular. A partir daí a porção melódica do Ministry começa a aparecer com mais intensidade e o álbum ganha força com isso. “The Great Satan” é Motorhead puro, com levada de dois bumbos o tempo inteiro e refrão totalmente punk rock. Tommy Victor faz das bases de “Yellow Cake” algo totalmente Prong, enquanto que Jourgensen produz um refrão psicodélico, lembrando até mesmo Jane’s Addiction. “Palestina” também segue na mesma linha Prong, com refrão totalmente melancólico. “Ass Clown” tem climas mântricos (a cargo da vocalista convidada Liz Constantine), bateria tribal e vocais sombrios ao estilo de “Scarecrow” (1991), dando um toque de pesadelo apocalíptico à faixa. O disco termina com uma música escondida, com Jello Biafra aprontando das suas. Ao final, o único porém é a respeito da temática das letras, pois Jourgensen destila pela enésima vez sua raiva e ironia contra George W. Bush, o que denota uma repetição já cansativa desta abordagem - lembrem-se que o disco anterior foi todo dedicado ao presidente norte-americano. Voltando ao som, se este é o álbum mais pesado do Ministry, não restam dúvidas. Tommy Victor mostra suas garras em riffs animalescos, enquanto que o batera do Slipknot imprime velocidade nos bumbos e modernidade nas viradas sem deixar de parecer industrial. E Paul Raven simplesmente co-assina metade das faixas (as melhores, por sinal). Al Jourgensen pode estar ficando velho, mas mostra que ainda sabe das coisas e se fez valer de ótimas parcerias. Um dos discos do ano, com certeza!
*Apesar de ser “o mais pesado” em termos de brutalidade na bateria e nas guitarras, “Rio Grand Blood” não consegue superar o ápice apocalíptico de “Psalm 69” (1991), o melhor ábum do Ministry na minha humilde opinião.

7 comentários:

Alcio disse...

Concordo, os caras do Ministry podiam mudar um pouco o alvo, uma vez que lá no país deles, "alvos" não faltam... MESMO! heheheheheheheheh

Grande abraço!

caio disse...

Vi um trecho dessa maluquice aí chamada SP - uma desgraceira desgracenta maldita bastarda do inferno). Ainda não captei a mensagem, amado mestre, mas estou tentando. Agora, que os caras são bem porra-loucas em seu som, que seus figurinos são sombrios paca e que o cenário todo é resto do set de "Apocalypse Now", nenhuma dúvida. Coisa pra ouvir/ver chapado de maconha, manjas? Ah, sua vaquinha peluda, não se esqueça: aqui em casa esse DVD bombaria, hein? Som aaalllltoooo pracaraaaaiiiii!!! É só marcar, porra! E com direito ao nosso amigo "The Jack", claro, hehehehehe!!!!

Kalunga disse...

Caio, olha que vc só viu o show atual, pois os mais antigos são ainda mais doentios. Agora estou menos "embolado" em termos de tempo e vou dar um jeito de fazermos este motorhead sim.

Kalunga disse...

Álcio, eu que sou fã incondicional (mas não sou cego e burro!) do Ministry, já não aguento mais esta ladainha em cima do Bush, ainda que o discurso não seja politicamente correto, pois o que não falta é ironia e humor negro nas críticas de Mr. Jourgensen. Porém, deu no saco há tempos!

Troca o discurso, porra, porque o som tá excepcional!

Kalunga disse...

Caio, chapado de maconha isso aí vai dar bad trip, hahahahahaha!!! Um Jack Daniel's já tá de excelente tamanho, pois o THC - ao menos comigo - me tira um tanto do meu bom senso para avaliar certos sons.

A propósito, a primeira vez que ouvi o Skinny Puppy me deu uma bad trip das brabas! Demorei para assimilar aquilo ali, viu?

caio disse...

Kalunga, já preparei o uísque, a luz baixa, o carpete, as almofadas... Peraí: acho que vamos ver "Brokeback Mountain", hahahahahahahahahaha!!!!!!!!!!!!!!!

Kalunga disse...

sai fora!