sexta-feira, maio 12, 2006

Novidades na Indústria – parte II

Dando continuidade sobre as tranqueiras que fazem a minha cabeça, agora vou escrever sobre lançamentos recentes dos gêneros synthpop, electro e future pop.

Apoptygma Berzerk, Covenant e Icon of Coil formam a tríade maxima do future pop, gênero musical que surgiu para revitalizar os estilos industrial, gothic e EBM na segunda metade da década de 90. Enquanto a EBM, que um dia já reinou nas pistas de dança mais underground – e influenciou toda uma geração da dance music - chafurdava em BPMs lentos e defasados, este trio acelerou a batida, incorporou os trejeitos do techno e do trance (principalmente) e limpou os excessos (leia-se: distorções) do som industrial, ao mesmo tempo em que adotou as melodias vocais e de arranjos das novas gerações de bandas góticas que invadiram o mainstream. Trata-se de um gênero musical novíssimo, onde o futuro (future) aponta para a fusão de gêneros underground em torno de um resultado bem acessível (pop). Dito isso, é com enorme prazer que me deparo com o mais recente trabalho dos holandeses do Covenant, lançado mês passado, e que reafirma sua liderança nesta nova ordem musical.

“Skyshaper” tem uma das capas mais horríveis que já vi, mas o seu conteúdo sonoro é de primeira. O Covenant conseguiu dar um passo adiante naquilo que ajudou a criar. Uma das minhas grandes queixas para com o future pop era justamente o apreço que as bandas deste gênero tinham com melodias bregas e melosas de sintetizador do eurotrance (tipo as faixas mais babas de Tiesto e Paul Van Dynk). Pois bem, o Covenant limou o excesso de sacarose e cometeu um discaço. “Ritual Noise” abre o álbum com o balanço típico do future pop - batida trance e clima gótico. Porém, percebe-se um apuro cuidadoso com as melodias e os arranjos (rola até um vocoder). A faixa seguinte, “Pulse”, surpreende: trata-se de um electro de primeira! A balada “Happy Man” é curta e com clima totalmente synthpop, ao melhor estilo de Gary Numan. “Brave New World” segue na fusão do estilo consagrado com timbres do electro atual, enquanto que “The Men” aposta novamente no pop de sintetizadores 80’s, agora de uma forma bem dançante. “Sweet & Sally”, “Greater Than Sun” e “20 hz” fundem EBM antiga com o future pop de forma magistral, com perfeitas soluções dançantes e melódicas. Os DJs vão gostar de “Spindrift”, com sua batida puramente techno servindo de base para uma melodia tensa. “The World Is Growing Loud” fecha o álbum na forma de uma balada bela e tocante. Ao procurar alternativas para enriquecer o som que os consagrou (e que vem sendo amplamente copiado e desgastado nos últimos anos), o Covenant assumiu a ponta de lança no future pop, aliando o passado com o presente e novamente apontando para o que vem por aí. Ouça sem contra-indicações.


Na primeira metade dos anos 90 houve uma discreta retomada do pop eletrônico que tanto marcou a década anterior – o technopop, ou synthpop para os íntimos – antes do revival avassalador promovido pelo pessoal do electroclash por volta de 2001. Gente como Beborn Beton, Second Decay, Mesh, Wolfsheim e De/Vision mexeram num passado ainda não tão distante e considerado totalmente de mal gosto pela (cri)crítica especializada da época. O mais interessante é que as bandas citadas foram evoluindo em suas investidas musicais, soando provavelmente como gente tipo Ultravox, Human League e Soft Cell estaria se comportando em dias atuais, sem apelar para nostalgias baratas e apontando suas trajetórias sempre em curso evolutivo, como o Depeche Mode sempre fez. O grupo alemão De/Vision lançou seu primeiro álbum na linha synthpop em 1993, remando contra todas as marés possíveis. Produziu um pequeno clássico deste gênero em 1996 (“Fairyland”), e agora está lançando o excelente “Subkutan”. Neste álbum de 2006, a banda investe em batidas modernas estilo breakbeat para soltar bases e linhas melódicas de sintetizadores, todas elas com tibres atuais, deixando a veia oitentista correr nas melodias vocais – acessíveis e um tanto quanto românticas. São baladas e petardos dançantes de uma banda que faz você pensar sobre como o synthpop soaria se tivesse sido criado nos anos 00 e não nos anos 80.

*Extras: Em termos de synthpop atual, nada melhor do que recorrer ao trabalho solo de John Fox, multi-instrumentista e ex-vocalista de um dos maiores ícones do gênero nos anos 80 – o Ultravox. Entre investidas bem cabeçudas na ambient/world music, o cara lançou um discaço para as pistas, de nome de “Crash & Burn” (2003). Ali ele produziu bases retas e de arranjos geniais, mesclando o retrô com o electro atual, tendo como o diferencial seu vocal estiloso e suas melodias perfeitas, que são o sonho de consumo do pessoal da Giogolo Records. A experiência faz a diferença.

Por falar na Gigolo Records, um dos artistas de seu cast, Terence Fixmer, sempre procurou se espelhar no lado mais anárquico e radical da música eletrônica produzida para as pistas de dança dos anos 80 – especialmente o duo britânico Nitzer Ebb. Eis que o tal acabou por chamar metade daquela emblemática banda para participar de seu último álbum, “Between The Devil” (2004). Douglas McArthy, vocalista do NE, registrou seus inconfundíveis vocais – entre o rock and roll/pós-punk e o gótico – nas bases eletrônicas beeem pesadas de Fixmer. O resultado é uma atualização da fase “That Total Age/Belief” (1987/88), do NE, que nada mais era do que uma fusão de electro, punk e EBM, tudo produzido com sintetizadores e drum machines. Em alguns momentos surge um hard techno radical, com sintetizadores rascantes e a voz de McArthy dando um molho rocker na coisa toda. Noutros, parece que o NE voltou à ativa, tamanha a semelhança – ou seria descaramento? - com o som de um dos ícones underground dos 80’s.
*Extras: Particularmente eu gosto mais da fase anos 90 do Nitzer Ebb, quando do lançamento de “Ebbhead” e “Big Hit”. Saíram as bases radicais eletrônicas e os vocais gritando slogans em tom de palavra-de-ordem dos anos 80 (que foi como conheci a banda) e entraram canções fortes e um cuidado extremo nos arranjos.
**Vale lembrar que o Nitzer Ebb voltou à ativa agora em 2006. Tanto revival em torno da banda por conta da geração electroclash atual (com remixes dos bambas de hoje, tributos, etc.) fez a dupla (Bon Harris e Douglas McArthy) esquecer suas diferenças e tomar o que lhes é $eu por direito.

16 comentários:

caio disse...

Vaquinha peluda, poderia eu escrever alguma coisa, mas seria fazer fita e ser farofa com algo que me é distante. Ou seja, seria o equivalente a você comentar um post meu que tratasse do rock de garagem dos anos 70. Não dá pro teu parceiro aqui. Fica pra outro.
Abração.

Kalunga disse...

Tranquilo Caio, jogando limpo é que as coisas são esclarecidas. Inclusive no caso aqui, que vc falou que um pouco maisvelho do que eu para as outras pessoas que lêem este blogg, hahahahaha!!!

Sim, tem uma galera aí que lê isso aqui e não comenta. Cada um é cada um, paciência.

***

Sexta ou sábado estou afim de marcar um motorhead. Vou falar c/ Paulinho e Lemmy p/ verse eles estarão disponíveis, e aí vc desentoca aquele Jack Daniel's...

Kalunga disse...

Sábado!

caio disse...

Sábado fica melhor pra mim, mas paulinho vai trampar. Ou seja, paulinho se fodeu, hahahahahahaha!!!!

Kalunga disse...

cadê o Mentor???? chame o anão!

caio disse...

Vaquinha peluda, disse que AINDA VOU escrever (sobre o Carlito Marrom), mas não agora; tenho algumas prioridades em minha relação de posts a publicar. Quando tiver alguma coisa, te mando por e-mail. Como vc sabe, no vol.4 não escrevo mais.

Abração!

Kalunga disse...

Ok!
***

Sabadão pra mim rola o motorhead. Taylor, Mentor... chame estes vagabundos aí, evaiser na sua casa, hahahahaha!!!

val bonna 665 >> 667 disse...

manda pra meu email tmb caio.

Anônimo disse...

tenho todas essas bandas aí em mp3 da epoca que saí a cata de TUDO synthpop que pudesse achar e achei muita coisa, pra minha surpresa. é meio submundo da musica né? voce nao ouve falar, nao sai muita coisa sobre o povo dos synth em lugar nenhum... :)
abraço!

caio disse...

kalunguinha peludo: assim como nos dois últimos sábados, devo ir nesse próximo pra Guarapari Rock City (deixando Vitória Bossa Nova City pra trás), o que mela esse motorhead. A chance de uma ida minha é de 90%, esquemas não podem ser deixados de lado, hehehehehehe!!! De qualquer modo, sexta-feira já tem rock marcado com Taylor!!!! Vamos lá na casa dele, eu, vc e Paulinho. E aí? Levo a garrafa de uísque pra lá. Valeu!

Kalunga disse...

Caio, sexta pra mim tá fechado! Já tô lá! Valeu!

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Porra Gimmu, enfim alguém que compartilha destas maravilhas obscuras, hehehehehehe!!!

Realmente o synthpop atual é totalmente submundo como vc falou, pois talvez só o Wolfsheim (dos citados no post) é que seja um pouquinho mais conhecido.

Abração!

Kalunga disse...

Synthpop, EBM, esssas coisas aí produzidas tão única e exclusivamente com equipamentos eletrônicos - tudo isso vc tem que correr atrás, pois não há hype algum em cima disso. É realmente um tipo de informação restrita a quem gosta da bagaça.

Kalunga disse...

Comentário de propaganda ou de vírus aqui tá limado!

doggma disse...

Lendo esse post me pergunto que fim levaram Giorgio Moroder, Thomas Dolby, Heaven 17, Japan, Thompson Twins, A Flock Of Seaguls, Visage, Will To Power... o que esses caras andam fazendo hoje? Devem ter virado DJs, ou então analistas de sistema, hehe...

Aliás, vou caçar no Wikipédia o paradeiro dessas figuras e entrar em contato com eles pra armar uma festinha só de anos 80. :D

Kalunga disse...

Caramba Doggma, esta galera aí que vc falou deve estar é particpando de festinhas estilo Bagaceira 80's nos EUA e em UK! hehehehe...

Poucos (e citei alguns) que vieram dos 80's que continuaram com suas carreiras de forma evolutiva e sem apelações nostálgicas.

Anônimo disse...

Your are Nice. And so is your site! Maybe you need some more pictures. Will return in the near future.
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