
Enfim alguma banda nova atraiu minha atenção! Bom, na verdade, eu caí a armadilha de ser seduzido pelo
velho embalado no
novo. O duo californiano
She Wants Revenge adora
Joy Division. Mas o
Interpol também adora a banda do finado Ian Curtis, e nos dias atuais de informação à velocidade da conexão de internet que o seu bolso pode bancar, o quarteto de NY já é
veterano, pois conquistou a incrível marca de
dois álbuns lançados! Pois bem, a proposta do She Wants Revenge é mais divertida, vertendo o som do Joy Division paras as batidas digitais das pistas de dança, sem se esquecer de baixo-guitarra bem marcadinhos e uns cacoetes oitentistas (
Human League e
Depeche Mode, basicamente) aqui e acolá. Tudo bem, mais um coelho surge desta cartola exigindo seus direitos, pois o próprio
New Order seguiu sua carreira após o fim do JD justamente apostando na eletrônica. Olha, está difícil falar de alguém que tenha uma idéia original nestes dias atuais... Bom, o que importa é que esta bandinha de nome bacaninha aí é bem divertida e fará a cabeça tanto de góticos cheirando a naftalina quanto de neófitos fãs da
nova-salvação-do-rock-que-baixei-hoje-à-tarde. E a tal da “I Don’t Want to Fall In Love” é o meu hit atual que fará minha glória no comando de uma pista de dança, ha-ha!

Rudy Ratzinger não é parente do Papa Bento XVI, e se tivesse vivido na época da Inquisição, iria pra fogueira sem dó. A verdade é que a mente deste alemão vive povoada dos mais sinistros sentimentos humanos, revestidos na forma de uma espécie de EBM (
electronic body music) com peso e intensidade jamais vistos. Ao contrário de muitos de seus pares nesta vertente do som industrial, o dono do
Wumpscut não apela para guitarras distorcidas nem para os ritmos ultra rápidos e apelativos do
gabba. Em “Cannibal Athem”, seu mais recente lançamento (2006), os sintetizadores e as drum machines continuam com o peso de uma bigorna, mantendo a tradição dos vocais distorcidos e (a partir de “Wreath of Barbs”, 2001) belas intervenções femininas. As letras são
delicados tratados sobre toda a sorte de assassinatos, mutilações e exorcismos. Ouvir Wumpscut é uma experiência marcante – para o bem ou para o mal, dependendo de sua visão de vida.
*Esta espécie de “EBM do Mal” tem como percussor o duo belga
Vomito Negro, e como seguidores – além do próprio Wumpscut – grupos como
Allied Vision e
Velvet Acid Christ.

A palavra “Tributo” no meio musical adqüire sinônimos como “Assassinato”, “Insulto”, “Indulgência” e “Heresia”, tal qual a enorme quantidade das terríveis coleções em
homenagem que assolam nossos ouvidos constantemente. É um verdadeiro desfile de gente sem talento em busca de um lugar ao sol às custas de parasitismo falcatrua que nem vale mais à pena ouvir estes monstrengos, nem mesmo por curiosidade. E o pior de tudo é que a vertente
industrial é pródiga neste tipo de lançamento. O primeiro que ouvi foi o do
Metallica, cujas melhores versões (a saber:
Hellsau,
Apoptygma Berzerk,
Die Krupps e
In Strict Confidence) são aquelas que não têm absolutamente nada a ver com o original, nem mesmo riffs ou melodias – totalmente desnecessárias, então. Depois me aparece um tributo ao
Tool, que até conta com bandas promissoras (
Haujobb, Electric Hellfire Club e
Razed in Black), mas que mesmo estas conseguem provocar náuseas, fazendo valer à pena somente pela correta versão de “Stinkfist” cometida por
Maya Hiena, com vocal feminino e pouca (nenhuma?) mudança em relação ao original. Pior mesmo é o tributo ao
Skinny Puppy, que conta com praticamente a mesma escalação de perdedores e promissores que queimam o filme igualmente, sendo que não há para onde correr, pois bandas de industrial fazendo cover de outra banda de industrial soa sem sentido. Tem também uns dois discos em
homenagem ao
Ministry, sendo que muitas das faixas escolhidas são justamente da fase
technopop da qual Al Jourgensen (o suposto
homenageado) renega até a morte. Pelo menos tem uma versão folk e com vocal feminino de “Scarecrow” que é bem engraçada. No final das contas, “disco-tributo” define uma máxima: a de que todas as bandas participantes não chegam aos pés do
homenageado. E se o
homenageado tiver sua importância questionada ao ponto de realmente merecer um tributo, é porque os envolvidos em tal empreitada não possuem futuro algum na música!
*Tributo por tributo, eu só ouvi um até hoje que me passou algo positivo: o primeiro volume dedicado ao
Black Sabbath. Homenagem com reverência, respeito e (na maioria dos casos) inovação.