sexta-feira, junho 02, 2006

Pra pista!

Na falta de lugar, de ocasião pra tocar, às voltas com trairagens e marasmos afins, só posso mesmo – por enquanto – escrever sobre estas maravilhas que foram feitas para movimentar corpos em transe hipnótico sob luzes coloridas e sub-graves gordos.


Existem aqueles que produzem verdadeiras bombas atômicas para as pistas de dança, sempre sintonizados com o que há de mais atual e apontando o dedo para o futuro. Certo! Só que o Element citado aqui manda pras cucuias qualquer tipo de convenção para manter-se na vanguarda ao mesmo tempo em que praticam um tipo de som tão próprio e personalizado que só nos resta louvar esta nova maravilha que atende pelo nome de “Alteration”. Proveniente da Alemanha, eles chegam ao seu terceiro disco quase três anos após o fantástico “Blue Moon”, e apenas reforçam o estado de arte em que se encontra o seu trance de tons únicos. Os BPMs variam de 130 a 140, mas pouco importa a velocidade em si de cada faixa, e sim para onde esta pode levar o corpo e a mente. Aqui as melodias não são meras rajadas de synth prontas para alucinar mentes lesionadas – as viagens sempre vão para algum lugar, modificando-se ao longo dos minutos, construindo paisagens diferentes a todo momento, provocando êxtase mental e físico, pois tudo é muito dançante e nem um pouco óbvio. Vez ou outra aparece um vocal e/ou uma guitarra que remetem (pasme!) a um Pink Floyd remixado. Vejam bem: não há as guitarras e vocais heavy metal que tanto reforçam os clichês do psy trance, mas sim melodias de verdade – vocais graves e dedilhados de pura finesse. As batidas são minimalistas mas certeiras, sem maiores arroubos percussivo-nervosos. E o rótulo progressive trance até pode abraçar em parte o som do Element. Mas “Alteration” carrega em seu DNA a sabedoria de quem vivencia os ares do país de onde surgiu o trance (o psy só apareceu dez anos depois!) em meio à euforia da queda do Muro de Berlim. É Música Eletrônica com autoridade!


Bomba Atômica mesmo atende pelo nome de “Zero Six After”, mais recente lançamento do projeto sueco Ticon. O negócio aqui é um meio caminho entre o progressive trance e o psy trance, passando por tendências atuais infiltradas em meio a tais petardos dançantes. “Aero” (2003) já apontava, em duas faixas, os rumos de uma excelente fusão com o electro, e contando até mesmo com um legítimo breakbeat em outra faixa. Pois bem, no disco lançado no final do ano passado, o Ticon abraçou descaradamente o electro, criando faixas de altíssimo poder de fogo tanto em pistas de psy/progressive trance, quanto de electro. Há ainda uns dois psy trances um tanto quanto dispensáveis, ainda mais se compararmos com o restante do disco, com excelentes soluções melódicas e riffs de synth que nada têm a ver com o universo psicodélico em si, chegando perto de um rock eletrônico! Satisfação garantida para mentes abertas.


A dance music é um balaio de gatos tão abrangente que fica difícil de categorizar um disco inteiro em um termo específico como techno, trance, house, etc., pois cada um destes rótulos possui tantas sub-divisões (ex: acid house, minimal techno, progressive trance...) que certos álbuns receberam a categoria de electronica - simples assim! Esta categoria, aparentemente simplória, na verdade surgiu para definir discos lançados por produtores que saíram das pistas underground para invadir o mainstream com suas idéias originais. Muita coisa boa vem sendo produzida desde meados da década passada, e gente como Leftfield, Orbital, Future Sound of London, Daft Punk ou mesmo Prodigy e Chemical Brothers desafiam categorizações homogêneas – são os famosos discos de dance que dão pra ouvir em casa, e não somente sob efeito de estimulantes cerebrais diversos. O alemão Timo Maassurgiu da cena original de trance de seu país natal, e aos poucos foi garantindo status de pop star até ao ponto de poder chamar quem quisesse para participar de seus álbuns, fossem eles artistas de rock, pop, soul, rap, etc. A série de discos de electronica de Maas iniciou-se com “Music For The Maases” (2002), chegou à perfeição com “Loud” (2003), e agora atinge a maturidade com “Pictures” (2006). O trance tradicional ainda está lá, como na épica “4 UR Ears”, com participação da cantora Kelis. Porém, é na diversidade das demais faixas que a veia criativa do DJ/produtor alemão se sobressai, assumindo formatos diversos como breakbeat, techno, lounge, e demais variações, que contam com outros ilustres convidados como Brian Molko (do Placebo) e Neneh Cherry. Se dá para ouvir em casa? Não só em casa, mas no trabalho, no carro... e na pista de dança também!

18 comentários:

Anônimo disse...

Element e Ticon marcaram meu ingresso definitivo no universo do progressive trance. E minha saída definitiva do psy-anything. O melhor do progressivo é a ausência do discurso vazio dos "filhos de Shiva", esse negócio de integração com a natureza movida por produtos sintéticos... (???) Eu, heim... muita hipocrisia.

Progressivo é música acima de tudo. O som é o mais importante, e requer alguma sensibilidade de quem ouve, porque não fere os ouvidos, não invade à força, simplesmente está lá.

O engraçado é que muita gente finge gostar de progressivo para tentar mostrar algum grau de erudição... Pelo menos estão ouvindo, né? Um dia a ficha cai.

Kalunga disse...

Turco? É vc mesmo??

Concordo com tuas palavras, mas faço uma ressalva:

tal qual o psy trance incorre num processo de banalização a pleno vapor, nós, amantes de música em geral e bitolados que não somos, também devemos tomar o cuidado de não nos utilizarmos de algum "conhecimento superior" para rebaixar o que nos parece ser vazio. Eu caio nessa várias vezes, e procuro deixar pra tráso que não me agrada. Simplesmente não me encaixo.

Kalunga disse...

E devo ao psy trance a chance deter adentrado neste mundo maravilhoso que é o do progressive trance. Com o psy tão em moda (já estão chamando de "micarave"), se umas poucas cabeças realmente curtirem esta vertente, derem atenção para a música em si (pois “moda” não atrai maiores sentimentos do que a mais rasa superficialidade) há uma luz no fim do túnel, pois para gostar de prog trance, tem de ter paciência para ouvir sons menos óbvios, que não necessitam de picos de euforia constantes para satisfazer mente e corpo. É uma onda mais inteligente e saudável. A "outra onda", para mim, ficou pra trás. Prefiro emoções mais contidas e profundas. É uma questão de opção.

E simplesmente fui expelido do universo psy. Lembro-me de uma frase que foi o ponto final desta história, proferida de uma pessoa (que respeito muito, inclusive - mesmo!) totalmente inserida de corpo e alma naquele universo: “Kalunga, o seu maior erro é gostar e querer botar outros sons além do psy”. Pois é...

caio disse...

Ô sua vaquinha peludinha, nós não marcamos ontem o rock na casa do Mentor? Eu e ele tentamos falar contigo direto e NADA!!! Nem celular (que, aliás, anda uma bosta aqui em Vitória por conta desse maldito bloqueio), nem casa (chamava até cair!!). Porra, rolou o rock lá ontem, Mariquito tb foi.

FOI FODA!

Kalunga disse...

Bom, meu celular esteve ligado direto, fui até correr na Pedra da Cebola c/ ele. De qualquer forma, estive de prontidão para justamente afirmar que eu NÃO iria, pois tive entrevista de trabalho na Glória ontem de manhã, tendo que pegar Transcol cedinho. Pra fazer um rock desses, tinha que ter a amanhã seguinte livre.

E quando o Mentor quiser baixar por aqui, pode ficar na minha casa, caso a volta dele ficar inviável. Só preciso do telefone dele!

caio disse...

3242 3735.

caio disse...

Telefone do Escritório do Rock. Se vc for lá, entenderá a razão.

Anônimo disse...

Sou eu mesmo Kalunga! ;)

Não estou rebaixando nada... só estou constatando a hipocrisia... O som eu até curto, mesmo hj. O que me incomoda são as pessoas.

Ou vc não acha que esse papo de paz, amor e integração com a natureza condicionado às balinhas & cia não é hipócrita? Vc mesmo já pôde comprovar que rola mesmo é muito esquema por debaixo dos panos...

Não precisa ter conhecimento superior nenhum pra constatar isso. Alias, na era da informação totalmente liberada, que conhecimento é superior? Está tudo aí, disponível.

Kalunga disse...

com certeza Turco! às vezes o troço nos incomoda de tal forma que é bom dar uma pausa e refletir se realmente não estamos descontando tudo naquilo que não curtimos mais. O negócio é deixar pra lá, sem se incomodar demais. Essa fase definitivamente passou. Curtição e nada mais!

Anônimo disse...

Rapazzzzzz

PASSEI MAAAAAAAAAAAAAAAAAAAALLLL
COM O TIMO MAAS!!!

Foda!

caio disse...
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caio disse...
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caio disse...
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Kalunga disse...

"Pictures" do Timo Maas é foda mesmo, hehehehehe...

Bendito o dia em que este cara saiu dos guetos dos clubes e resolveu mexer com o mundo pop!

O cara sabe balançar os quadris, possui a visão de quem sabe o que acontece de atual nas pistas, e coloca gente pra cantar. Faz a perfeita ponte entre o que é ritmo bombástico com o que dá p/ ouvi em casa, no carro...

caio disse...

KALUNGA, EU TE AMO, NÃO ME DEIXE SÓ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

caio disse...

NÃO ME ABANDONE!!!!!!!!!!!!!

Kalunga disse...

putamerda, agora um senhor de idade de pala gay pro meu lado. Sai fora!!!

Anônimo disse...

Por que nao:)