sábado, setembro 17, 2005

Pecado Americano

Demorei, mas fui! As referências eram ótimas, pois quem havia odiado a parada era gente viciada no esquemão, que precisa de ver início, meio e fim contadinhos como se fossem histórias para criança dormir. Fui assistir a Sin City no cinema da Glória, em Vila Velha, um local mal iluminado e fedendo a poeira e com gente esquisita te olhando torto – era o noir me envolvendo antes de presenciar de fato o tal filme. Sin City é legal pra cacete! Não sou cinéfilo, mas também não engulo qualquer coisa. Saí satisfeito e querendo mais. Os climas, as histórias, os exageros, a estética (o que era aquilo?!?), um Mickey Rourke horrendo (e roubando o filme) e muito sangue fluorescente. Há vida inteligente no “cinemão” norte-americano. Mas o choque em si só assusta a quem, repito, precisa de ver tudo mastigadinho e pronto para ser digerido sem contra-indicações.

A tão propagada violência de Sin City, aquela que o gosto-comum dos viciados em blockbusters condenou – muita gente foi para ver “o filme do Bruce Willis”, é estilística, é aquela alegoria toda que Tarantino adora ver espirrar na tela que diverte e faz você pedir mais. Estupro, canibalismo, pedofilia, crimes de toda a sorte. O universo da Cidade do Pecado transposto para a tela do cinema assustou e provocou repulsa no público em geral, mas este – o “público em geral” – não sabe uma fração do que pode ser realmente indigesto. Não vou aqui me meter a crítico de cinema, apenas descrevo o que gosto e o que vejo. E a violência nas telas em si não precisa ser explícita.

Eu gosto do implícito, daquelas situações onde você não daria nada no começo do filme e de repente elas te sufocam na cadeira do cinema até você pedir que dito cujo acabe. Há muita produção aí que não mostra uma gota de sangue e que te faz voltar para casa abalado com tamanha violência. Também seria muito fácil me resvalar no cabecismo intelectualóide gratuito e sair cuspindo na cara das pessoas que filme bom é filme iraniano e tal. O lance é saber separar o trigo do joio – e o cinema americano realmente produz muito pouca coisa que deixe algum tipo de marca em destaque na sua mente. Sin City é genial na sua proposta (eu amo a estética do noir!), mas a verdadeira violência e a crueldade do ser humano passam longe dos cinemas de shopping centers. Ela está lá no gueto das locadoras (“filmes estrangeiros” ou coisa do tipo) e em cinemas periféricos. Uma coisa não precisa eliminar a outra - dá para você tomar uma coca-cola num dia e também beber água natural da fonte no outro. Basta querer.

7 comentários:

caio disse...

"BOB ESPONJA, O FILME" É MUITO MELHOR, MUITO MELHOR MESMO.

caio disse...

E adorei "Pearl Harbor", um clássico do cinema de todos os tempos.

caio disse...

Nostalgia don´t rulez!!!

Kalunga disse...

não vou mais perder meu tempo, deixa pra lá.

caio disse...

Bem, agora falando do flme em questão (mas o Bob Esponja é foda!), confesso a minha chapação total com a prpsta dos caras. Um noir legítimo, absurdamente teatralizado, sem glamour e com cheiro de gasolina. A estética não comanda o filme, apesar de ser essencial pro seu impacto. O clima doente que salta da película torna bastante desconfortável a permanência no cinema. "Sin City" reformula com muitos méritos o gênero policial na telona. Fodaço.


Ahahahahahahah, Kalunga, eu te amo!!!!!

Faça como tenho feito: tome muito chá!

Kalunga disse...

Eu quero mais Sin Cities na telona! O filme é excelente! Uma pena o "cinemão" americano tê-lo condenado. Sobre a violência expressa no filme, ela não está um pingo fora do contexto. Apenas chamei a atenção para as pessoas que não gostaram do filme pelos motivos errados

Kalunga disse...

E eu estou tomando chá de coca!

Aquilo liga, baixa a pressão e faz suar pra caralho, porra!!! Tomar aquino no nível do mal é bad trip certa!