sexta-feira, março 17, 2006

Mais discos...

Muito trabalho, pouco tempo para desenvolver temas mais profundos. Portanto, mais alguns disquinhos que andam fazendo minha cabeça hoje:

David Gilmour - "On An Island" - Minha época foi outra, e o Pink Floyd para mim, nos anos oitenta (onde começou a “minha época” propriamente dita), era uma banda de velhuscos, e tudo o que fora produzido dos anos setenta para trás me soava chato anacrônico, mofado. O tempo, implacável, vem me ensinando a respeitar alguns senhores de idade. Como é o caso de David Gilmour, o homem das seis cordas mágicas do PF. Eu ainda vou ter todos os discos desta maravilha da civilização moderna em casa, e sei que o disco-solo mais recente de Gilmour não seria a maneira correta de fazê-lo. Será? A Julgar pela qualidade estupenda deste álbum, posso afirmar sem medo de que se trata de um pequeno clássico, muito melhor que os últimos discos do PF, pelo menos. Belíssimas canções, a indescritível classe nos solos e arranjos deste mestre, e participações mais do que especiais (nas fileiras, Rick Wright, tecladista original do PF) dão a sensação de que este senhor fez a melhor coisa do mundo para si mesmo: se livrou da responsabilidade de levar à frente um dinossauro jurássico e lançou mão de sons sem compromisso, que perfazem uma musicalidade absurdamente maravilhosa e inigualável.

Bigod 20 – “Steel Works” - Foi no incrível programa de rádio “Novas Tendências”, transmitido via satélite aqui no ES pela Rádio Cidade há uns dez ou mais anos atrás, que conheci muito som alternativo bom. Sob a batuta do pioneiro DJ José Roberto Mahr, o tal programa tocou uma vez a faixa “The Bog”, do grupo Bigod 20 (nome esquisitinho, hein?), que contava com os vocais de Richard 23, do Front 242 – influência explicita dos caras, aliás. Gravei a dita cuja numa fita K-7 e ouvi até a mesma literalmente gastar. O tempo passou e outro dia fui procurar no SoulSeek este som. “Steelworks” é EBM (electronic body music) clássica, com todos os elementos (ou clichês, se preferir) típicos deste gênero musical: maquinário electro-industrial pesado, rajadas de synths cortantes, vocais graves e, o melhor, uma boa dose de competência em melodias e arranjos – ainda que minimalistas ao extremo. A ironia é que “The Bog” acaba sendo a melhor faixa deste CD. Outro fator curioso é que o grupo participou da trilha do filme “Invasão de Privacidade”, aquele com a Sharon Stone.

Freq Nasty & Skillz - Eu sempre achei que breakbeat e hip-hop dariam um bom caldo juntos. Afinal, a origem de um parte do outro, e as poucas tentativas de se colocar raps em beats quebrados e suingados rederam bons frutos. Mas parece que, se algo está acontecendo nesta mistura, não é tão divulgado. É uma pena, pois sempre fico pensando sobre como seria bom ouvir batidões eletrônicos pesados com MCs cantando em cima – o disco do Freestylers resenhado no post anterior é bem assim, diga-se. Pois bem, o DJ britânico Freq Nasty sempre destacou nesta mistura, e por um acaso desses eu baixei um álbum dele gravado em parceria com o rapper Skillz. Não achei o dito cujo na net para averiguar maiores informações técnicas (tive pouco tempo p/ pesquisar), mas tenho-o em mãos e posso afirmar: é destruidor! Um puta groove, vocais muito bem sacados, e aquela eletrônica produzida da maneira mais certeira possível. Definitivamente não tem nada a ver com gangsta rap e afins!
*A capa aí em cima é de outro disco do cara.

7 comentários:

Anônimo disse...

On an Island é realmente um clássico! Estava ouvindo hj, no mesmo dia em que achei dois discos do PF por R$10,00 cada no Martini... UH! CAGADA! Final Cut é um deles...

Kalunga disse...

Viagem minha: o disco a que me refiro sobre o Krafty Kuts é o mesmo que está aí ilustrado no post: "Trikca Technology" - bom pra caralho!

Kalunga disse...

Só vou ao Martini quando puder gastar dinheiro. Não posso, não vou! Aquilo lá é perdição!

caio disse...

Paulinho vai reproduzier esse disquinho do DG pra mim. Nem preciso dizer que boto toda a fé do mundo em qualquer trabalho desse cara. Se ele mandar uns 3 ou 4 solos no seu melhor nível, já tá valendo a pena.


E o uísque da quarta-feira, porra????

caio disse...

Reproduzir, digo.

Kalunga disse...

Caio,

quarta?? mas vc não dá aula???

Se for mais cedo, rola fácil, mas se for depois das onze eu não poderei. No dia seguinte, cheio de trampo para de manhã, trabalho à tarde, virar à noite na quinta...

Nossa, tô esnobando um Jack Daniel's... vou p/ o inferno depois dessa! Vamos combinar melhor isso.

***

DG sola e canta como nos seus melhores dias (imagino eu) neste disco solo. Sem sacanagem, mas ele deixou o PF no imaginário coletivo e está fazendo (ao menos parece) o que realmente gosta sem o compromisso de milhões de $$$ que tocar no PF lhe cobra.

Foi dica do Lips e do Bonna no Volume 4, Paulinho rolou num motorhead na casa do Turco terça passada, e eu pirei na hora, gravei logo em seguida e ouço todo dia.

Mrlips disse...

Esse disco do Gilmour lembra muito o Division Bell.
Bom pra caramba!