quarta-feira, março 29, 2006

Uma tonelada de maracatu atômico


Inexplicavelmente o disco novo da banda não está à venda no Estado. No show, o mesmo estava disponível por R$ 15,00. Material de primeira a preço barato! Quem não comprou lá, só na internet

Cara, esperei dez anos por este show! Chegaram a anunciar na programação do verão da Prefeitura de Vitória em plena Praia de Camburi, com o Chico Science ainda vivo. Pois é, rolou uma patuscada (in)digna de nossa panela de barro provinciana e acabou que não teve é nada. Desde então, só foram boatos e mais shows adiados (um deles foi aquele em que prenderam o cara da organização do show do Planet Hemp, e que desencadeou uma inquisição nacional em cima da banda de D2). Pois é, chega de ressentimentos, pois moramos numa cidade maravilhosa, com tudo perto, acessível e barato. R$ 20 paus para ver Nação Zumbi e Cachorro Grande (dia 24/03/2006) numa casa noturna espaçosa e arejada, na beira do mar e com um sistema de som de primeira?!? Quem reclamou de preço, do local ou da cerveja Schincariol (se bem que dessa a reclamção procede, mas nem tudo pode ser perfeito...), é porque não merecia estar lá.

A Nação Zumbi pós-Chico Science é outra banda. Mais psicodélica, mais introspectiva, menos acessível. Mas ainda genial, inclusive ao vivo. A produção da Birne (que trouxe ao ES gente do porte de Scorpions, Millencolin e Motorhead) provou ser a melhor do Estado para eventos deste tipo, e garantiu uma sonoridade impecável, pesada e nítida para pincelar o psicodelismo “preto no granco” atual da banda pernambucana. Os (sub) graves dos tambores, bateria e do contra-baixo batiam forte no peito e balançavam os órgãos internos. O vocal de Jorge Du Peixe parecia estar imerso em delays lisérgicos, ressonando por todos os canais auditivos dos presentes e mandando sua mensagem de forma clara, grave e flutuante. E a guitarra de Lúcio Maia sobressaía-se na melodia, destilando suíngue a todo momento, pesando quando preciso, alucinando quando lhe dava na cabeça. A platéia, pelo menos a que se postava mais próxima do palco, parecia estar em transe hipnótico. Bêbado igual uma porca, este que vos escreve pulou até não aguentar mais. Mas tive a capcidade de tecer outras considerações menos passionais.

Nitidamente o vocalista Jorge Du Peixe revela uma postura tímida, quase que inexprtessiva no palco. Também, pudera: imagine o tamanho do rojão que deve ter sido substituir a presença (de palco e de cérebro) gigantesca de Chico Science. Aliás, a própria Nação Zumbi teve peito e talento para ressurgir de um baque daqueles para se recriar, e assim tomar forma em sua sonoridade, transformando-a num baluarte de originalidade e personalidade que independe de paradas de sucesso da MTV e congêneres. E o vocal de Jorge Du Peixe tem, sim, grande peso nesta “nova banda” (que já é veterana,, diga-se), casando perfeitamente com sua proposta. Ainda tecendo considerações sobre “performance de palco”, Lúcio Maia provou ser o elo de ligação direta com o público. Agitando a massa e tocando como um demônio, aquela figura quietona das entrevistas solta os bichos no palco. Faz com que a Nação não aposte no apelo fácil de tocar seus hits de “Da Lama ao Caos” e “Afrociberdelia”, e sim acrescentando-os à sua usina sonora junto de faixas que, ora parecem trilha de thriller movie do sertão, ora chapam os ouvintes num dub dos infernos, além de destilar groove e peso thrash metal (o final do show, com “Da Lama ao Caos”, por exemplo) tão característicos de sua música. Ver a Nação Zumbi ao vivo requer entrega total. Entrando em sua viagem, sua satisfação é garantida e inesquecível.

+ Considerações:

• Tamanho apartheid cultural que nós, moradores do Espírito Santo, vivemos, somente valoriza ainda mais momentos tão bons como estes que descrevi acima. Não vou cair no velho papo de detonar o capixabismo e blá blá blá. Vou caçando alternativas, abosrvendo com prazer o que tem de bom por aqui, e apontando defeitos mas procurando por soluções. Dona Aparecida e sua Birne estão de parabéns, e que venham mais eventos do tipo sempre!
• Não resenhei o show do Cachorro Grande pelo simples fato de que, após tanto pular no show da Nação, vomitei tudo o que havia bebido, caí doente de gripe logo depois. Mas quem viu garante que foi muito bom. Também não tirei fotos porque simplesmente não quis levar minha câmera. Tava querendo simplesmente curtir e nada mais!
• Aliás, estou postando somente agora justamente por ter estado de cama até ontem.

9 comentários:

Anônimo disse...

Só rindo, pois eu também morri e só ressuscitei no domingão...
Comprovando minhas expectativas, Lúcio Maia é o demo (no bom sentido). Já vi 2 shows da Nação no Rio e, estando em estado de abstinência, passei os shows inteiros sem conseguir me mover, de cara pro palco, de frente pra ele. ABSOLUTO! MARAVILHOSO! Espero que voltem em breve, da próxima vez não bebo nada, só água.
E amanhã, GAZZ!
Parabéns, gostei de ver, vou ler você lá no Raurl também (é assim que se escreve?)

Kalunga disse...

Fala Kate!!!

Um show daqueles merecia entrga total, hehehehe...

A parada no Rraurl tá rolando mesmo, muito em breve já tem coisa rolando!

Abração!

Anônimo disse...

NÃO PÕE A CULPA NA CACHAÇA NÃO!!!!

O cara enche a pança de xixicariol e põe a culpa na cachacinha...

HUM, HUM... PODE NÃO!!!!

Kalunga disse...

hahahahahaha!!!

Turco, leia direito, eu não perdoei foi a Schin, hehehehe...

rapaz, eu vomitei mesmo foi por causa de uma virose que peguei. Fui no médico e descobri que estive doente por causa disso, vomitei nos dias seguintes também.

Devo ter pego a virose de alguma latinha da Schin...

Anônimo disse...

Oi Kalunga, dei uma passada ontem no GAZZ. Como não gosto de trance e os djs furaram, fui pra outro lugar, mas levei (mais uma vez) seu cd do Minimum Maximum, lembra? Tá gravado desde aquela época, eu sempre levo e esqueço de te entregar... Quando estava saindo o Rike e a Dessa estavam chegando, eu te chamei pra entregar o cd mas vc não ouviu.
Você já tem esse som? Caso não tenha ainda, me avisa que o seu tá aqui guardado...
Ah, posta o link da sua coluna quando rolar, OK?
BJs

Kalunga disse...

Pô Kate, foi mal, mas realmente eu não ouvi nada... é tanta gente que vai pedir som nada a ver, ou falar aobobrinha no meu ouvido, que eu acabou me enclausurando no mundo do meu fone de ouvido para me "proteger" dos péla-sacos de plantão e acabo nem dando atenção a quem merece.

Pô, é lógico que eu quero este disco!

E o lance do Rraulr tá rolando, e eu vou postar sim quando westiver no ar.

Abração!

val bonna 665 >> 667 disse...

pô, perdi a barganha dos 15 conto. nem me toquei.... acabou o show do nação, só fiz uma horinha conversando com uns e outros e vazei. esqueci totalmente.

Kalunga disse...

bebedeiras, hehehehehehe...

Anônimo disse...

... mas que tentou botar a culpa na cachacinha, tentou!!! HAHAHAHAH!!! NÃODEIXONÃODEIXONÃODEIXO!!!

FELIZ ANIVERSÁRIO!!!